Existem relatórios violentos da ação dos UFOs. Em suas viagens aqui ao Brasil, o cientista da computação e pesquisador franco-americano Jacques Vallée escreveu o livro Confrontos: a pesquisa e o alerta de um cientista sobre contatos alienígenas (Best Seller, 1990), que tem grande parte dedicada à hostilidade do fenômeno UFO.

Ele narra “ataques”, efeitos fisiológicos nas pessoas e até supostas mortes ocasionadas por objetos voadores não identificados. No prólogo do livro, ele narra o caso das “máscaras de chumbo” — que ocasionou morte —, pesquisado in loco por ele.

Ao tratar da questão da hostilidade, o livro se baseia principalmente no fenômeno chupa-chupa, ocorrido no Pará na década de 70. O estado de angústia da população, localizada nessa região, chamou a atenção da Força Aérea Brasileira (FAB), que enviou pessoal técnico para investigar o fenômeno, desencadeando a chamada Operação Prato.

Casos violentos?

Os militares dessa operação alegaram que obtiveram mais de 500 fotografias, além de terem registrado vários rolos de filme e entrevistado várias testemunhas no perímetro das ocorrências. Um relatório de várias páginas foi compilado e tudo foi enviado ao Estado-Maior das Forças Armadas (EMFA), em Brasília.

Segundo relatou o chefe da missão, o então capitão Uyrangê Hollanda — que já faleceu —, eles concluíram que desconheciam a procedência daquelas luzes avistadas, apesar de também não terem conseguido se certificar de que seriam discos voadores oriundos de outro planeta. Para eles, devido à natureza anômala verificada, existia algum tipo de inteligência por detrás do fenômeno.

Como o fenômeno chupa-chupa foi considerado uma onda localizada, ela passou e os acontecimentos inusitados esfriaram. Poderíamos considerar, naquela data, um indício de “ameaça” localizada, devido a tantos relatórios estarem chegando com narrações de “ataques”, gerando pânico na população. Apesar do pandemônio localizado, a onda de temor passou e a rotina voltou ao que era dantes.

Fenômeno Chupa-Chupa: “ataque” localizado e iminente. Foto de uma das “vítimas”

Devemos atentar para as “ameaças” localizadas. Na verdade, quando se compila um livro narrando apenas casos que pensamos ser hostis, nutre-se uma sensação de “ataque em massa, corram todos para suas casas.

Casos como o da represa de Guarapiranga — que envolvia uma suposta morte de um ser humano por ação extraterrestre — foi revisado anos atrás. Desde o início esse caso sempre foi polêmico, mas a revisão apurada classificou-o como um episódio que não havia ligação alguma com seres extraterrestres mutilando pessoas.

Se algumas supostas mutilações de humanos por extraterrestres não puderam ser explicadas em termos mundanos, não implica validar que tenham sido obra de ETs assassinos. A hipótese extraterrestre não ganha validação imediata quando outras hipóteses terrenas falham em oferecer uma explicação satisfatória. Além disso, não se deve misturar mutilação de humanos com apenas injúrias ou ferimentos.

A ufologia não precisa ter em mãos sempre uma explicação ou querer solucionar todos seus casos como obra de ETs; a análise dos fatos deve ser pautada pela prudência e cautela. Explicações prosaicas sempre devem ser primeiramente buscadas, não devendo remeter imediatamente os relatórios para a gaveta extraterrena — especialmente os casos extremos de duvidosas mortes de seres humanos.

Existem casos relatados na ufologia que descrevem UFOs luminosos que queimaram seres humanos e, não suportando as queimaduras, a vítima faleceu. Entretanto, esses supostos ataques de um UFO podem não ter sido intencionais, apesar de o quadro clínico levar o paciente à morte.

Efeitos causados por UFOs nas testemunhas são conhecidos há tempos, como paralisias temporárias, choques elétricos, cicatrizes, queimaduras, e possíveis mortes. Pela medicina atual esses casos de efeitos nas pessoas são intrinsecamente difíceis de comprovar como sendo oriundos da ação de seres extraterrestres.

Outro livro sobre supostos ataques extraterrestres a humanos foi escrito pelo pesquisador estadunidense Bob Pratt, chamado de Perigo alienígena no Brasil: perseguições, terror e morte no Nordeste (CBPDV, 2003), e possui uma coletânea de ocorrências inusitadas e raras. Os casos foram pesquisados em primeira mão — o que é fundamental — e revisados em primeira mão novamente, em anos posteriores, pelo próprio Pratt.

Agarrado a uma árvore para não ser levado pelos ETs

Em seu livro, Bob Pratt descreve que um senhor de Santa Cruz, no Rio Grande do Norte, passou por uma experiência inusitada no ano de 1979. A testemunha afirma que um uma nave espacial pairou sobre ela, e uma porta se abriu, permitindo-o visualizar humanoides dentro da suposta nave extraterrestre. A testemunha relata que a suposta nave queria raptá-lo. Pra fugir e se refugiar, ele se escondeu debaixo de uma árvore, agarrando em seu tronco.

De acordo com seu depoimento, enquanto ele estava debaixo da árvore os tais misteriosos humanoides não teriam conseguido capturá-lo e, não obtendo êxito, jogaram um líquido quente nele. Caso semelhante foi relatado em Currais Novos, igualmente no Rio Grande do Norte, em 1993.

Testemunha demonstra como se agarrou numa árvore para não ser raptada por supostos ETs

O ufólogo Pratt interpreta que o líquido era “óleo”. Ele informa que quando os tais humanoides “viram que não conseguiriam tirá-lo de debaixo da árvore, jogaram um óleo quente nele”. Na verdade, não há condições concretas em afirmar ser o tal líquido um óleo.

Pratt apenas ouve a testemunha, que opina ser um líquido parecido com óleo. Informar que, de fato, foi óleo é impossível, pois não foi realizada nenhuma análise química laboratorial neste material. Aliás, devemos notar que esta afirmação acaba descambando para uma cilada de interpretação.

Vamos adotar por um momento que este episódio seja realmente a presença de seres espaciais tentando sequestrar um ser humano. Como saber que os supostos extraterrestres atiçaram o líquido na testemunha com o objetivo de que ela se soltasse da árvore? Não se pode afiançar que a causa do derramamento do tal líquido tenha o objetivo da testemunha ser rendida.

Pode-se sugestionar que o derramamento do líquido não tinha o objetivo de fazê-lo se desgarrar da árvore, e sim de apenas estudar seu comportamento a reações extremas. Na verdade, aqui entramos na seara do sexo dos anjos: esses episódios são tão inusitados e alicerçados apenas no depoimento testemunhal, que somente nos permite trabalhar no reino da hipótese e da especulação, e jamais na afirmação categórica.

Outros casos narrados no livro ilustram que as vítimas foram paralisadas e levitadas por UFOs, mesmo elas se debatendo e agarrando em arbustos. Baseado nestes relatos — e sem validá-los aqui como real —, sugestionamos que quando os tais supostos extraterrestres tinham por objetivo raptar as vítimas, o intento foi obtido com total êxito e com completo domínio sobre essas testemunhas.

Jogo de “gato e rato” entre caças e UFOs

O capitão americano Edward James Ruppelt (1923–1960), chefe do projeto Blue Book da Força Aérea dos Estados Unidos (USAF), escreveu o livro Discos voadores: relatório sobre os objetos aéreos não identificados (Difusão Europeia do Livro, 1959), que narra muitos casos de “gato e rato” nos céus com jatos militares no encalço dos UFOs.

Os militares nunca conseguiam ficar a páreo com os UFOs. Os pilotos os viam, tentavam se aproximar, mas não conseguiam ficar a páreo, apesar do radar de terra e de bordo captarem a existência de algo no céu. Os militares voltavam com tanques quase vazios da inútil “caça”, e contavam espantados que parecia existir uma “barreira delimitativa” de aproximação.

A história era a mesma: quando os pilotos tentavam se aproximar um pouco mais, os UFOs aceleravam, e quando o piloto desacelerava sua aeronave, os UFOs também diminuíam sua velocidade.

Muitos relatórios narram essa “manobrabilidade” incrível dos UFOs, aparentando demonstrar algo de superior em tecnologia de voo. Há casos contra essa regra, como o episódio do piloto civil Haroldo Westendorff, que afirma ter aproximado sua aeronave de um gigantesco UFO em formato triangular.

Na ufologia há relatórios de quase colisão e manobras-padrão de evasão feitas por pilotos para evitar o que eles pensavam ser uma iminente colisão com os UFOs. A aviação é uma área realmente perigosa, pois nos episódios de voos comerciais há o envolvimento das vidas de muitas pessoas. Entretanto, esses casos esporádicos não têm nos indicado que os UFOs sejam uma ameaça para a aviação, e nem que sejam uma questão de segurança nacional.

Hawking: “se ETs tivessem vindo aqui, deveria ter sido óbvio: mais como no filme ‘Independence Day’ do que em ‘E.T.'”.

Abduzido em pleno voo?

Ao fazermos uma associação dos relatos de supostas abduções por extraterrestres com estes episódios da aviação, enxergamos aspectos curiosos: por que pilotos de aeronaves (ou seus passageiros) nunca foram abduzidos em pleno voo?

Desconhecemos um relatório ufológico que tenha descrito a experiência de missing time em pleno voo. É verdade que há relatos de abduções ocorridos dentro de residências, em automóveis e em campos abertos, mas dentro de aeronaves em voo não há menção a tais relatos testemunhais.

A abdução de um motorista numa estrada aparenta não causar perigo ao trânsito circundante, já que muitos relatórios de UFOs desta categoria descrevem prioritariamente apenas um efeito eletromagnético no motor do carro, fazendo-o parar. Alguns relatos duvidosos dizem que o abduzido é conduzido ao UFO e, posteriormente, devolvido ao automóvel.

Por que não há relatos de um piloto (ou copiloto) que ter sido abduzido da aeronave, em pleno voo, e levado a um disco voador, deixando a aeronave voando sozinha? Por que não há relatos de passageiros abduzidos de aeronaves e que, posteriormente, retornem a ela? Comicamente e ironicamente, constatamos que não vemos nenhum risco das alegadas abduções para a aviação.

Ação destrutiva dos hipotéticos extraterrestres

Se os UFOs são ETs e se eles estão visitando o planeta Terra, não se tem apresentado que eles se comportem no estilo destrutivo, como mostrado no filme Independence Day. Conclusões do Projeto Blue Book não indicam ameaça dos UFOs à segurança nacional, apesar de existir casos narrados de possíveis indícios de ameaças.

Um exemplo de indícios de ameaças são os acontecimentos já citados aqui, do fenômeno chupa-chupa, ocorridos na década de 70, que colocaram em pânico as populações nativas. Apesar de este episódio inusitado ter tido um potencial perigo, a onda de “ataques” passou, e não houve realmente nenhuma explosão e matanças em massa, como visto no filme.

De acordo com o físico britânico Stephen Hawking, “se ETs tivessem vindo aqui, deveria ter sido óbvio: mais como no filme ‘Independence Day’ do que em ‘E.T.’”. Hawking expõe que uma raça extraterrestre mais evoluída do que nós dificilmente seria benevolente com uma raça inferior.

O físico monta uma analogia de como nós não nos importamos quando, ao caminhar, esmagamos insetos com os pés. Seguindo a analogia de Hawking, entidades extraterrestres poderiam nos tratar como cobaias ou como seres desprezíveis. Para entender a analogia exemplificada por Hawking, podemos observar uma pequena sociedade de formigas.

As formigas formam uma sociedade organizada, onde vários indivíduos trabalham continuamente. Nessa pequena comunidade existe uma organização estrutural. Como nos inter-relacionamos com as formigas? Ao caminhar por um jardim, pedimos permissão para pisar e destruir suas habitações de areia?

A realidade é que nem notamos que uma formiga foi morta, quanto mais respeitar a sua habitação e sua organização. Não respeitamos a integridade da sociedade das formigas e invadimos e eliminamos suas vidas sem o mínimo de ressentimento e respeito, apesar de sermos considerados mais evoluídos e inteligentes.

Referências

[1] COVO, Claudeir; COVO Lucherini, Paola; CUNHA, Tânia da. Novas informações esclarecem o macabro Caso Guarapiranga. UFO, Campo Grande, n. 80, jul. 2002.

[2] HAWKING, Stephen. O Universo numa casca de noz. Tradução de Ivo Korytowski. São Paulo: Mandarim, 2001.

[3] PRATT, Bob. Perigo alienígena no Brasil: perseguições, terror e morte no Nordeste. Campo Grande: CBPDV, 2003.

[4] Relatório da Operação Prato. Ministério da Aeronáutica, Primeiro Comando Aéreo Regional, 1977-1978.

[5] RUPPELT, Edward J. Discos voadores: relatório sobre os objetos aéreos não identificados. Tradução de J. Escobar Faria e Auriphebo Berrance Simões. São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1959.

[6] VALLEE, Jacques. Confrontos: a pesquisa e o alerta de um cientista sobre contatos alienígenas. Tradução de Celso Nogueira. São Paulo: Best Seller, 1990.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

1 COMENTÁRIO

  1. A ufologia e a espiritualidade fazem parte do mesmo contexto.nao se pode seguir um e desprezar o outro.a ufologia demonstrada em todos os níveis de intensidade é uma realidade.acreditar ou não faz parte da consciência de cada um.

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