Os agroglifos em plantações são ocorrências que ainda não dispõem de uma evidência que o liguem diretamente a uma fabricação executada por alienígenas. Qualquer afirmação que associe os círculos nas plantações com ETs, e que eles estão transmitindo mensagens a nós, é mera especulação.

Os círculos nas plantações e o modelo da ciência

O filme “Sinais”, lançado em 2002, chamou a atenção novamente da mídia para os agroglifos, apesar de até hoje não existir provas de sua natureza extraterrena. A despeito da ausência de comprovação científica, estas formações nas plantações têm por característica uma grande distância em relação a outros “fenômenos inexplicados” que existem por aí, pois:

a) É repetível. Aparece todo ano, apesar de não temos controle da repetição;
b) É delimitado geograficamente. A maioria das formações que surgem no mundo ocorre em regiões específicas de plantações na Inglaterra;
c) Existe. Ainda se discute se discos voadores existem ou não, ou se espíritos existem ou não. Com os agroglifos não acontece este questionamento. Eles simplesmente existem.

Ufólogos defendem que os círculos nas plantações são feitas por alienígenas. Não há provas que sustentem esta afirmação
Ufólogos defendem que os círculos nas plantações são feitos por alienígenas. Não há provas que sustentem esta afirmação

Homens da ciência, como o meteorologista inglês Dr. Terence Meaden, estiveram envolvidos no início das pesquisas do surgimento dos primeiros círculos nas plantações da Inglaterra. Sua hipótese para explicá-los defendia que essas formações eram causadas por vórtices de plasmas.

Porém, quando começaram a aparecer as figuras mais complexas nas plantações, ele não conseguiu encaixá-los nesta hipótese, restando-lhe descartá-los como oriundos de fraudes.

Na verdade, os círculos nas plantações não são estritamente ufologia. O campo de pesquisas da ufologia é o estudo dos fenômenos aéreos não identificados. Se tais desenhos nas plantações têm alguma relação com alienígenas — que estão enviando mensagens para elevar a consciência da humanidade — é uma questão meramente especulativa e carente de provas.

A associação equivocada

A ligação do fenômeno UFO com os círculos ingleses nasceu de uma associação que mais tarde demonstrou ser equivocada, apesar de já ter ganhado força inicial. Mesmo sem nenhuma evidência concreta a favor, ela continua até hoje.

Antes dos primeiros círculos nas plantações começarem a surgir, já existiam os chamados “ninhos de discos voadores”, que apareciam em diversas partes do globo e tinha como aspecto físico comum seu formato circular. Os pesquisadores defendiam que estes “ninhos” que surgiam no solo eram o resultado do pouso de naves extraterrestres.

Jornal apresenta Doug e Dave, os homens que criaram os primeiros círculos nas plantações
Jornal Today apresenta Doug e Dave, os homens que criaram os primeiros círculos nas plantações e enganaram o mundo

Quando apareceram os primeiros círculos na Inglaterra (círculos mesmo), os pesquisadores pensaram: “Bem, isso deve ser os velhos ninhos de discos voadores. As naves alienígenas vêm e pousam, deixando suas marcas na plantação“.

Nas ocasiões em que apareciam muitos círculos juntos, os pesquisadores começaram a falar em pouso de “frotas de naves alienígenas”, na qual as naves deixavam marcas circulares no solo. Pronto, estava estabelecida a associação entre naves alienígenas e os círculos nas plantações. Pesquisadores começam a propagar que tais marcas eram legítimos locais de pouso de naves extraterrestres.

A partir do momento que os círculos nas plantações começaram a ficar intricados e amealhados de complexidade, a ideia de pouso se tornou frágil e a teoria teve que se estender.

Agora, os alienígenas eram arquitetos e projetistas que realizavam os desenhos, ou seja, as marcas nas plantações não eram mais o resultado de um contato imediato de 2º grau (evidência física do contato de suas naves com o solo), e sim alienígenas que criavam os desenhos para nos transmitir mensagens.

O nascimento de um mito

E assim nasceu o mito dos círculos nas plantações. O que os pesquisadores ainda não sabiam era que os primeiros círculos eram apenas obras de dois senhores britânicos, de nomes Doug Bower e Dave Chorley. A correlação entre círculos nas plantações e as naves alienígenas nasceu nesse período.

Doug Bower e Dave Chorley. Os criadores do mito dos círculos nas plantações
Doug Bower e Dave Chorley. Os criadores do mito dos círculos nas plantações

Se inicialmente surgissem os intricados agroglifos que vemos hoje, ao invés dos toscos círculos de outrora, possivelmente a associação entre discos voadores e os círculos nas plantações estaria bem enfraquecida hoje.

Se o surgimento de desenhos nas plantações começasse com figuras complexas e fosse regredindo para as mais simples, possivelmente a ligação direta com UFOs não seria cogitada, ou o paralelo seria menos popular.

Os senhores Bower e Chorley deixaram seu legado a outros fabricadores de círculos, que continuaram ano após ano criando desenhos em plantações de trigo. O Circlemakers é o nome de um destes grupos modernos.

Os Circlemakers são a versão moderna de Doug e Dave. Acima, um círculo criado pelo grupo
Os Circlemakers são a versão moderna de Doug e Dave. Acima, um círculo criado pelo grupo

Vídeo da fabricação dos círculos nas plantações

Neste vídeo abaixo, transmitido em 1991, os senhores Doug Bower e Dave Chorley revelam como criavam os círculos nas plantações. A fabricação é demonstrada por eles.

Referências

[1] BROUGH, Graham. Men who conned the world. Today, UK, 09 Sept. 1991.

[2] IRVING, Robert; LUNDBERG, John; PILKINGTON, Mark (Editor). The field guide: the art, history & philosophy of Crop Circle making. London: Strange Attractor Press, 2006.

[3] MEADEN, Terence. The circles effect and its mysteries. Bradford-on-Avon, Wiltshire: Artetech Publishing, 1989.

[4] NOYES, Ralph. O enigma dos Círculos. São Paulo: Mercuryo, 1992.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

7 COMENTÁRIOS

    • Sim, são os autores de alguns deles, e eles mostraram como faziam. Posteriormente, outras pessoas e grupos, como o Circlemakers, continuaram o trabalho. Se informe melhor, mas não se limite a ouvir os ufólogos que tem interesse comercial em perpetuar este mito, seja pra vender revista, bonés, camisas, livros ou promover palestras.

  1. A apreciação contida neste texto é irresponsável e inconseqüente. Nunca houve uma regressão na qualidade dos agroglifos; dos Agroglifos de fato, claro. E mesmo passadas muitas décadas de brincadeira de alguns “jovens” e má intenção de alguns setores que têm a mentira e o logro como ferramenta retardatória; mesmo com a ação desses dois, ainda assim nunca um agroglifeiro conseguiu reproduzir o que se observa no fenômeno real, tal como seja a dobradura geral de milhões de plantas sem vulnerá-las e sem prejudicar a colheita; e mais, em grande parte dos casos, em reduzidíssimo período de tempo. É infantil a colocação deste texto, intitulado “como os ag. começaram a ser associados a alienígenas”. Se o autor for atrás, ficará sabendo que nem todos os estudiosos atribuem o fenômeno a extraterrestres. Vale a pena se informar bem, para depois criticar de forma apropriada e com fundamento. O autor é mais uma das vítimas da operação “Bower & Chorley” do governo inglês. Entretanto, na Grã-Bretanha já foi oferecido prêmio milionário a quem fizesse um “corp circle” verdadeiro; nunca apareceu alguém. Os agroglifeiros fazem, quando muito, uma ação de jardinagem na qual as plantas pisadas são alijadas do conjunto, e, mesmo assim, sem deixar os traços observados, inclusive de natureza magnética, e, finalmente, uma espécie de xilogravura no solo após a colheita total e limpeza do terreno. Vá atrás, valente pesquisador, você pode! Só vai precisar de um pouco de tempo, não muito para esta finalidade. Veja diferentes fontes. Grande abraço.

    • Com certeza você não leu o mesmo artigo que escrevi, pois descrevo o oposto do que afirma: o crescente aumento de complexidade dos desenhos nas plantações. Eu descrevo justamente que a associação com ETs nasceu quando estes tais desenhos eram apenas simples círculos, pois os ufólogos pensavam que eles eram locais de pousos de suas naves. O que você sustenta sobre as alterações nas plantas são estudos suspeitos, como os de Levengood. Aliás, pesquisadores que dizem reconhecer um alegado agroglifo “genuíno” de um falso já se equivocaram em distingui-los, como Colin Andrews.

      É verdade que todos pesquisadores não defendem que os desenhos nas plantações são feitos por alienígenas, porém esta é a ideia mais popular. Outros defendem que são feitos pela própria terra, numa espécie de energia ainda não descoberta, etc. Enfim, todos aqueles que não defendem que eles foram feitos por humanos, acabam defendendo uma ideia sobrenatural para sua origem. Sugiro que dê uma olhada nos agrogriflos criados pelo grupo Circlemakers, e irá se surpreender sobre essa história de que os agroglifos “não podem ser replicados” é insustentável.

      Voltando ao tópico da complexidade, se você comparar os agroglifos ingleses com os brasileiros – que vem surgindo nos últimos anos -, vai constatar que os brasileiros são inferiores aos ingleses. O padrão dos desenhos tupiniquins dão todo o sinal de que são feitos por humanos.

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