Alexandre de Carvalho Borges
e
Diogo Silva de Oliveira

Dezembro de 2007

1. INTRODUÇÃO

O surgimento da tecnologia de gestão do conhecimento acompanhado dos grandes avanços tecnológicos trouxe consigo grandes contribuições para a área de Educação em todas as suas instâncias e tem modificado de forma positiva e construtiva o cenário de educação brasileira.

Segundo pesquisas realizadas pelo Instituto Paulo Freire (IPF), Universidade de São Paulo (USP), Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente e Ministério da Educação (MEC), mais de 20 milhões de brasileiros são analfabetos, onde alheios à participação das questões políticas, aumenta ainda mais o contingente negativo da educação brasileira. Pelo fato da educação a distância (EAD) ser uma área ainda pouco fomentada nos programas de alfabetização, essa educação não-presencial torna-se um alvo sem mira nos programas do governo.

Um destaque tecnológico grandioso que deve ser observado foi o surgimento da internet que contribuiu para a universalização de dados e informações de todos os tipos para quaisquer pessoas que queiram adquiri-las.

Com a junção desses dois valiosos fatores nasceram as ferramentas que vão auxiliar essa gestão do conhecimento. São exemplos de algumas delas: Moodle, ABCEAD, Blackboard, TelEduc, WebCT, Desire2Lear, DeskEaD, Dokeos, etc.

Segundo o Ministério da Educação, a educação escolar indígena é uma modalidade de ensino que vem recebendo um tratamento especial por parte do Governo Brasileiro, alicerçada em um novo paradigma educacional de respeito à interculturalidade, ao multilingüismo e a etnicidade. Diversas medidas foram tomadas para a tentativa de equiparação e adequação de alunos indígenas ao contexto da Educação brasileira. Dentre elas, a formação e capacitação de professores indígenas.

De acordo com os dados da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), existem cerca de 220 povos indígenas distintos com população estimada entre 400 e 500 mil índios em todo território brasileiro vivendo em 628 terras indígenas descontínuas, totalizando 12.54 % do território nacional. Foi em 1999, por meio do Parecer nº. 14 e da Resolução nº. 03, que o Conselho Nacional de Educação (CNE), interpretando dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e da Constituição Federal, instituiu a criação da categoria escola indígena nos sistemas de ensino do país.

Baseado em um levantamento efetuado no setor responsável pela educação indígena da Secretaria de Educação, existem atualmente em funcionamento na Bahia 57 escolas indígenas sendo 50 delas municipais e sete estaduais, totalizando 6127 alunos indígenas matriculados. Todas essas escolas, tanto da rede pública quanto da rede municipal, em sua grande maioria, ficam lotadas distantes da maioria das aldeias.

Com os estudos que foram aplicados em boa parte das aldeias da Bahia, foi verificado que com a ajuda do governo, boa parte dessas aldeias possui uma estrutura de salas de informática patrocinada por projetos de inclusão digital indígena ou aquisição própria. Com toda essa estrutura, percebe-se que a criação de um site de educação a distância voltado especificamente para o índio, poderá trazer uma contribuição significativa para a educação indígena sem tirá-los do seu habitat natural.

1.1 Estrutura do documento

O conteúdo deste projeto está estruturado em quatro capítulos. O capítulo I apresenta as questões metodológicas. O capítulo II apresenta a fundamentação teórica, tratando dos conceitos das tecnologias envolvidas no campo do tema tratado e especialmente as que compõem o Projeto. O capítulo III apresenta toda a estrutura do site de educação a distância criado para este Projeto. Por último, o capítulo IV apresenta as conclusões obtidas da pesquisa e algumas sugestões e propostas para projetos futuros.

2. CAPÍTULO I – QUESTÕES METODOLÓGICAS

As questões propostas e desenvolvidas neste projeto foram feitas de modo a provar, a partir do campo empírico e da demonstração prática, a necessidade de se construir um site de educação a distância a fim de atender comunidades indígenas, com o auxílio da ferramenta Moodle na oferta de cursos a distância para atender as necessidades educacionais elencadas pelos mesmos. Com o levantamento feito em campo e informações em órgãos responsáveis pelas questões de ensino indígena, foi possível criar um projeto de melhoria significativa no seu âmbito educacional.

Esse levantamento focou nas reais necessidades do índio em relação à acessibilidade às informações de ensino tais como, datas de inscrição de vestibulares, cursos gratuitos, cursos profissionalizantes, legislação do índio, etc. A partir da criação dos mesmos, será possível aos próprios professores indígenas fazerem as atualizações e efetuarem manutenções no site.

2.1 Problema e questões da pesquisa

A partir do planejamento de trabalho de investigação, a pesquisa focou-se em um estudo de caso e em algumas entrevistas para levantar dados a respeito da opinião da representante indígena da tribo Tuxá, Rosilene Cruz Tuxá, e de responsáveis pela educação indígena na Secretaria Estadual de Educação da Bahia (SEC), referente às necessidades e demandas relativas ao ensino do povo Tuxá, além de sugestões de melhoria que poderiam ser aplicadas à distância.

Os responsáveis pela educação indígena na SEC atestaram a necessidade da elaboração de um site de educação a distância que disponibilizasse para a Tribo um site que atendesse principalmente a oferta de cursos profissionalizantes elaborados especificamente por professores indígenas, já que os mesmos são os mais preparados para elaboração de ferramentas educacionais pedagógicas indígenas.

Baseado na pesquisa de opinião dos dirigentes indígenas e responsáveis pelos mesmos na SEC foi cogitado a possibilidade dos pontos GESACs, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado, ser a base de suporte que pode manter e expandir o projeto para as demais Unidades Escolares (UE) indígenas. O GESAC ou Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão é um programa do Governo Federal coordenado pelo Ministério das Comunicações e tem como metas a inclusão digital de povos excluídos ou minorias, como os indígenas.

Toda essa ação objetivou suprir as reais necessidades dos Tuxás, tentando assim esclarecer alguns tópicos essenciais para o entendimento do que realmente é educação a distância.

1. O que é educação a distância?
2. O que é Moodle?
3. O que é um gerenciador de cursos?
4. De que forma ele pode atender as necessidades da educação indígena?
5. Qual custo para criar um site de educação a distância?
6. Existe algum projeto do Governo Estadual relacionado a educação a distância para indígenas?
7. Quais áreas da Educação estarão envolvidas nesse projeto?
8. O que deve conter no site indígena com vista a atender às reivindicações da comunidade?
9. Quais as mudanças na estrutura e no funcionamento dos sites direcionados a educação a distância voltados especificamente a indígenas?
10. Qual a evolução qualitativa educacional para a Comunidade Tuxá, após a implantação do projeto?

Todas essas questões têm o objetivo específico de conhecer:

a) O que é EAD e a ferramenta Moodle;
b) O que é um LMS e um CMS;
c) Quais as suas propostas no âmbito técnico e metodológico;
d) Qual o posicionamento atual do Governo frente a inclusão digital do índio;
e) As dificuldades relacionadas a custo e projetos do governo;
f) Quais conteúdos abordados no momento atual e pregresso;
g) Quais as mudanças foram notadas após a aplicação desse projeto na comunidade indígena Tuxá;
h) Qual alcance no âmbito educacional indígena esse projeto pode ter.

2.2 Antecedentes

A proposta do modelo teve por patamar principal a discussão direcionada à comunidade Tuxá por meio dos seus representantes, quanto à democratização e informatização do conhecimento voltado especificamente para indígenas. Além dessas questões, a vontade de se investigar tal tema surgiu da sinalização interna e direta do setor indígena da SEC, onde se pode observar e concluir que não existem projetos do Governo do Estado relacionados à educação a distância focada especificamente ao povo indígena. A partir dessa observação foi efetuada uma busca de idéias que pudessem contribuir com essa necessidade do povo indígena.

Dessa forma, o projeto foi idealizado e construído com o apoio do setor de coordenação de educação indígena e do campo lotado na Secretaria de Educação do Estado da Bahia. O motivo dessa escolha foi devido ao fato dessa Secretaria atualmente ser o órgão mantenedor das políticas e recursos relacionados à educação indígena no Estado da Bahia, salvo em determinadas situações que envolvem uma esfera maior, tornando assim, responsabilidade da FUNAI.

Com a idéia bem definida no sentido do que seria feito, seguiu-se um processo intenso de estudo sobre o assunto com vistas a uma elaboração da base de conhecimento. A pesquisa bibliográfica trouxe importância fundamental como base de conhecimento do projeto, através da leitura de livros sobre o assunto, artigos disponibilizados na Internet e reportagens com opiniões de especialistas. Todo este processo acrescentou sugestões que tivesse de alguma forma uma relação e visão construtiva sobre o projeto, tendo por objetivo maior o de aprofundar a idéia do estudo proposto.

A absorção de todo esse conhecimento teórico, a priori, possibilitou o surgimento de idéias, conceitos e definições sobre o que realmente se caracteriza as plataformas tecnológicas construídas para educação a distância e como o seu uso, em específico utilizando a ferramenta de gerenciamento de cursos Moodle, pode ajudar no maior problema brasileiro que é o acesso a educação de qualidade a uma parte da população brasileira excluída.

Finalizando a etapa de formação da base, surgiram as análises de todos os dados que estavam sendo coletados (entrevistas, opiniões, sugestões, etc.) para o entendimento de como se configuraria em etapas à frente, a interface, a acessibilidade e o conteúdo disponibilizados do site de educação a distância. De posse destes dados foi possível guiar o processo de desenvolvimento de forma produtiva em paralelo com a base teórica de informações já coletadas. Essas informações e dados obtidos puderam dessa forma ser cruzados, representando assim resultados positivos para uma análise da realidade do problema de forma ampla. Esse entendimento ampliou uma visão macro no que seria:

a) Traçado o perfil da comunidade investigada, em relação aos seus costumes, necessidades relativas à educação, nível de conhecimento quanto ao uso da tecnologia de educação a distância;

b) O nível de envolvimento da Secretaria de Educação e do Governo Federal como gestor e executor referente às implantações dos GESACs e prosseguimento de projetos de educação a distância.

2.3 Caracterização do Campo Empírico

Para o reconhecimento do campo de pesquisa foi realizado como etapa inicial o levantamento de aldeias indígenas que possuíam GESAC já implantados e em funcionamento. A busca e peneiramento indicaram a Tribo Tuxá, localizada nas divisas da cidade de Paulo Afonso na Bahia, com uma população de mais ou menos de índios Tuxás.

O campo de pesquisa foi estruturado como fruto de dados coletados por meio de entrevistas com funcionários da SEC ligados a área de tecnologia. O intuito visava levantar o panorama das condições tecnológicas das aldeias, no que tange ao quantitativo de postos GESACs nas aldeias indígenas baianas.

Em posse de tais informações, foi escolhida a aldeia Tuxá como projeto piloto por possuir esses recursos tecnológicos e a maioria dos índios dessa aldeia possuir conhecimentos básicos de informática, noções de Internet e uma cultura tecnológica por toda a aldeia em sólida ascensão. Tais constatações de caráter técnico e de recursos humanos — com índios já inseridos em um processo de inclusão digital — além da evidente localização geográfica que facilitaria a busca de dados, definiram como parâmetros viáveis a realização de tal projeto.

Assim sendo, a disponibilidade e facilidade do acesso a informações referentes à Tribo Tuxá no setor indígena da SEC foi um aspecto definitivo para escolha do mesmo como campo empírico. Outro aspecto importante foi o interesse dos próprios Túxas em sugerir idéias e pontos a serem introduzidos no site que irão ser de grande valia no cotidiano educacional dos mesmos.

O objetivo da pesquisa prosseguiu para levantar as reais carências da comunidade envolvida, atender na medida do possível as idéias e sugestões citadas pelos entrevistados com vistas a uma boa aceitação as novas mudanças, e avaliar de forma quantitativa e qualitativa o impacto que esse projeto pode alcançar na vida educacional desses indivíduos.

2.4 Instrumentos

Os esforços envidados para obtenção dos dados foram desenvolvidos baseados em uma análise das necessidades da tribo, aplicação de questionários e entrevistas com representantes da Tribo na SEC. Esses instrumentos utilizados para obtenção dos dados e informações visavam o desenvolvimento e elaboração do projeto piloto com foco nos alunos e professores da tribo Tuxá. Das informações que foram trabalhadas foi abordada a forma de aprendizagem tradicional, sem o uso de ferramentas tecnológicas, especialmente sobre ferramentas para gerenciamento de cursos a distância e foram registradas as dificuldades encontradas.

O resultado da coleta dos dados através desses procedimentos e analisando o pensamento dos entrevistados, apontou para necessidades de mudanças e melhoramentos referente a questão do auxílio da tecnologia no processo de ensino e aprendizagem da Tribo Tuxá. A partir disso, delineou-se as necessidades emergentes de mudanças e futuras adaptações que possam acontecer e as conseqüências práticas que essas aplicações implantadas possam trazer para a tribo.

A análise cruzou os dados obtidos comparativamente com informações de recursos tecnológicos, principalmente sobre os pontos GESAC e suas aplicações práticas em populações excluídas em vários estados brasileiros. Deste resultado, confirmou-se assim a importância e a necessidade de se desenvolver um site de educação a distância, utilizando a ferramenta de gerenciamento de cursos a distância, em especial a ferramenta Moodle.

2.5 Implementação

A fase inicial trabalhada neste projeto foi a pesquisa bibliográfica e o aprofundamento e posição do tema frente aos órgãos competentes ao assunto. Este procedimento estabeleceu o embasamento teórico necessário e permitiu o conhecimento e estado atual das aplicações da tecnologia de educação a distância e suas ferramentas auxiliares.

Na fase seguinte, foi realizada uma pesquisa junto a representantes dos índios Tuxás frente ao que era primordial e básico para aplicação de tais mudanças tecnológicas no seu cotidiano educacional. Nessa etapa seguiram-se diversos encontros com dirigentes e representantes da tribo, conhecedores das questões de educação indígena e de educação a distância. O objetivo era alavancar uma base inicial para produção de uma ferramenta tecnológica que contribuísse com o processo de educação indígena. Para que esta etapa pudesse absorver a maior quantidade de informações e dados, foram elaborados questionários e realizadas entrevistas com foco a compor um quadro de visualização geral que pudesse guiar do início ao fim as necessidades dos índios Tuxás a serem atendidas.

A partir dos dados obtidos, a etapa seguinte pautou no tratamento e análise destes dados. Os relatos de conhecedores do assunto, as idéias e sugestões dos representantes indígenas, as informações coletadas dos questionários sofreram uma triagem e posteriormente foram analisadas visando o aprendizado da idéia investigada.

A fase final culminou com o desenvolvimento do site de educação a distância. O site tem o foco principal no oferecimento de cursos que podem ser realizados à distância. Os cursos foram categorizados em profissionalizantes, pré-vestibulares, de Aceleração e de Informática. Do ponto de vista do tutor ou professor, o site é um gerenciador de cursos, onde ele terá inúmeras ferramentas para gestão e oferecimento de cursos como foco principal.

2.6 Itens levantados

Alguns itens foram levantados decorrentes das entrevistas e questionários aplicados. Com os dados obtidos, pôde-se traçar um panorama referente às melhorias que um ambiente de educação a distância através de um site pode trazer para a comunidade indígena Tuxá em comparação ao ambiente tradicional de ensino e educação, conforme a tab. 1.

Tabela  1 – Ambiente Tradicional x Ambiente EAD

AMBIENTE TRADICIONAL

AMBIENTE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

1.

Maior número de desistência aos cursos.

Menor número de desistência aos cursos.

2.

Indígenas perdiam datas relevantes de eventos, tais como data de vestibulares.

Indígenas estão mais informados e têm acesso mais facilmente a datas relevantes.

3.

Retira o indígena de seu habitat natural.

Permanece o indígena em seu habitat natural.

4.

Pouco acesso à informação sobre novas medidas do governo referentes a educação indígena.

Informação mais acessível sobre novas medidas do governo referentes a educação indígena.

5.

Escassa ou nenhuma interação com indígenas de outras tribos que freqüentam o mesmo curso.

Total interação com indígenas de outras tribos que freqüentam o mesmo curso.

6.

Pouca variedade de cursos ofertados.

Grande variedade de cursos ofertados.

7.

Pouca variedade de atividades de suporte à aprendizagem

Grande variedade de atividades de suporte à aprendizagem

8.

Permanência das verbas atuais destinadas a educação indígena.

Redução das verbas atuais destinadas a educação indígena, principalmente por se utilizar de software livre.

9.

Dificuldade de acesso aos cursos.

Facilidade de acesso aos cursos.

3. CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Um Sistema de Gestão de Aprendizagem (Learning Management Systems, LMS) é um sistema ou plataforma de software desenvolvido para gerenciar e oferecer serviços de aprendizagem. Foram projetados para funcionarem como salas de aula virtuais e facilitam a integração dos professores ou tutores com os alunos em um ambiente que propicia a troca de informações e conhecimentos mútuos.

Grande parte deles são sistemas baseados na Web, hospedados em sites da Internet, proporcionando uma grande ferramenta para cursos de ensino a distância. Por essa característica, são vistos como facilitadores na visão de poderem ser utilizados para ministrar cursos de aprendizagem “a qualquer hora”, “em qualquer lugar” e “no ritmo desejado”.

3.1 Características dos Sistemas de Gestão de Aprendizagem

Kaplan-Leiserson (2005), editora associada do magazine online Learning Circuits, define que os Sistemas de Gestão de Aprendizagem são um software que automatiza a administração do treinamento. Eles têm funções como o registro de usuários, a possibilidade de localizar cursos em um catálogo, e manter o tutor sempre atualizado sobre o desempenho e estado atual no curso do aluno cadastrado. O tutor obtém essas informações de desempenho através de relatórios que o sistema expede.

Um LMS para Kaplan-Leiserson é um software projetado tipicamente para lidar com cursos de múltiplos editores e fornecedores. Geralmente não incluí capacidades próprias em termos de ferramentas de autor. O sistema está focalizado na gestão de cursos criados por uma variedade de outras fontes. Os tutores e administradores têm a livre liberdade pra criar novos cursos e modificar cursos que já estão em andamento.

Já para Hall (2000), define os Sistemas de Gestão de Aprendizagem como um “software que automatiza a administração de eventos formativos. Todos os Sistemas de Gestão de Aprendizagem gerem o log-on dos usuários registrados, gerem catálogos de cursos, registram dados dos alunos e fornecem relatórios à gestão. O termo Sistema de Gestão de Aprendizagem é presentemente utilizado para descrever um vasto leque de aplicações destinadas a acompanhar a formação do estudante […]”.

3.1.1 Aspectos técnicos de um LMS

Os Sistemas de Gestão de Aprendizagem estão classificados tanto em plataforma proprietária (soluções comerciais), onde é necessário o pagamento de licença para uso e há restrição de acesso ao seu código-fonte, quanto a plataformas abertas, livres de licença, gratuitas e com permissões de modificações em seu código-fonte. Algumas das características técnicas disponíveis nos Sistemas de Gestão de Aprendizagem são:

· Calendário e plano de estudos para os cursos;
· Quadro de notícias atualizado sobre informações dos cursos disponibilizados, em andamento ou futuros;
· Disponibilização de material de estudo para os alunos;
· Administração de usuários, instrutores e cursos;
· Gestão de salas de aula;
· Gestão de competências;
· Gestão de conhecimento;
· Personalização;
· Geração de relatórios de desempenho dos alunos;
· Troca de comunicação entre alunos e instrutores por Grupos de discussão, fóruns, chats, painéis de debate e e-mails;
· Diferenças de acesso ao sistema por parte dos instrutores e dos alunos;
· Processos para avaliação formal e auto-avaliação dos alunos com geração de scores;
· Exibição de scores dos alunos;
· Certificação da formação;
· Ferramentas de autoração para os instrutores (ferramentas de autor);
· Recursos adicionais, como material extra para leitura e indicação de links para outras fontes de pesquisa na Internet.

3.1.2 Aspectos metodológicos de um LMS

O relatório publicado pelo grupo Dot.Com (2006) apresenta alguns aspectos metodológicos que um Sistema de Gestão de Aprendizagem deve apresentar, além das características técnicas proporcionadas acima. São características de cunho conceitual que também podem ser definidas para estes sistemas.

Uma das características é a usabilidade. A usabilidade destes sistemas foi projetada para serem de fácil uso pelos seus usuários. Alguns indicadores podem definir o grau de usabilidade destes sistemas para mais ou para menos, como por exemplo, a sua interface sendo amigável ou não, e a sua estrutura de navegação e orientação pelo sistema ser intuitiva.

A acessibilidade é outra característica que vai impactar diretamente em facilidade ou dificuldade para o usuário quando estiver usando estes sistemas. O sistema deve ser capaz de ser flexível e permitir que o usuário possa utilizá-lo em situações diferentes e em diferentes contextos, utilizando-se de equipamentos diversos.

Outras características são a adaptabilidade e personalização. São dois aspectos que estão intrinsecamente unidos. A adaptabilidade implica em facilidades que o usuário administrador ou instrutor poderá personalizar seu sistema de acordo com suas necessidades ou as necessidades que sua instituição, se for o caso, pretende alcançar. A personalização adquire aqui um tom mais pessoal porque é uma característica que oferece a liberdade ao usuário para modificação e alteração da plataforma de acordo com seus interesses e objetivos. Essa característica terá maior acentuação para plataformas que operam e são desenvolvidas com software livre.

Outra característica é a extensibilidade. Ela permite que o sistema tenha capacidade de ser ampliado em suas funcionalidades e que isto não ocasione conseqüências negativas ou incorretas na estrutura restante da plataforma. Já a adaptabilidade é outra característica que permitirá que seja utilizado qualquer tipo de recurso automático pelo usuário quando este desejar alterar o sistema de acordo com suas necessidades.

A característica da interoperabilidade define a capacidade em que múltiplos sistemas trocarem e reutilizarem informação. Estarão sendo utilizados padrões abertos para a comunicação dos sistemas e essa comunicação deve ser efetuada de forma transparente.

3.2 Padrões de Desenvolvimento

Os Sistemas de Gestão de Aprendizagem são utilizados para projetos de e-learning desde os idos de 1995 e a partir de então houve a necessidade de se padronizar as soluções disponíveis no mercado para melhor atendê-lo. Assim, houve a necessidade de criação de padrões de desenvolvimento de soluções com o intuito de integrar qualquer tipo de conteúdo e Objetos de Aprendizagem (Learning Objects, LO’s) com os LMS’s disponíveis no mercado. Os Objetos de Aprendizagem são unidades de ensino que podem ser reutilizáveis e também podem ser usados em diferentes ambientes virtuais de aprendizagem e em diferentes contextos. No ano de 2000 surgiu, então, o padrão SCORM ou Modelo de Referência de Objetos Repartidos do Curso (Sharable Courseware Object Reference Model).

O SCORM foi criado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos (DOD) e serviu como um conjunto de normas ou padrões para serem aplicadas aos Sistemas de Gestão de Aprendizagem. Com ele era possível o compartilhamento e a reutilização de Objetos de Aprendizagem entre vários dos sistemas de e-learning disponíveis no mercado. Os Objetos de Aprendizagem podiam dessa forma ser aplicados em diversos cursos e aulas. Eles podiam ser incorporados em diversos contextos e ter várias utilizações. Isso permitiu a integração amigável com outras plataformas de e-learning de diferentes fornecedores e países.

Os elementos que compõem o SCORM podiam ser combinados com outros elementos de outras plataformas e a compatibilidade favorecia a reutilização de materiais de ensino. Isso naturalmente serviu para agregar a possibilidade da portabilidade e migração, onde Objetos de Aprendizagem podiam ser transportados entre diferentes ambientes de e-learning sem causar incompatibilidades.

Antes do surgimento do padrão SCORM, houve também a iniciativa para a criação do padrão AICC ou Comitê de Treinamento Baseado em Computador da Indústria de Aviação (Aviation Industry Computer-Based Training Committee). Esse padrão se tornou muito utilizado também no mercado e serviu de inspiração para o surgimento futuro de padrões melhores e mais flexíveis. Para Lucena (2003), a criação desses padrões de desenvolvimento vieram a impactar diretamente no Designer do projeto. Justamente pelo uso dos Objetos de Aprendizagem, a navegação pelos cursos feita pelo usuário será com o acesso a esses pedaços dos Objetos, ao invés do conteúdo por inteiro.  

3.3 Objetos de Aprendizagem

Os Objetos de Aprendizagem são também conhecidos na literatura por diversos nomes, tais como “componentes de software educacional”, “conteúdos de objetos compartilháveis”, “objetos de conhecimento” e “objetos educacionais”. Entretanto, a terminologia mais usada e a adotada pelo Learning Technology Standards Committee (LTSC) do Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) é a de “Objetos de Aprendizagem”.

O conceito de Objetos de Aprendizagem faz lembrar alguns conceitos de Orientação a Objetos da programação computacional. A intenção principal é segmentar o conteúdo educacional em pedaços. Esses pedaços podem ser utilizados e reutilizados em diferentes Sistemas de Gestão de Aprendizagem e em diferentes contextos educacionais. Sendo assim, a reusabilidade se torna a principal característica dos Objetos de Aprendizagem. Para que possa ocorrer o reuso desses Objetos é necessário que eles sejam armazenados em um repositório e possam ser devidamente indexados através do preenchimento de metadados.

Segundo Muzio (2001), define os Objetos de Aprendizagem como “Elementos de um novo tipo de instrução baseada em computador construído sobre um novo paradigma da ciência da computação. Eles permitem aos designers instrucionais a construção de pequenos (relativo ao tamanho do curso em questão) componentes instrucionais os quais podem ser reutilizados inúmeras vezes em diferentes contextos de aprendizagem. Eles são geralmente entendidos como entidades digitais derivados da internet, e que podem ser acessados e utilizados por qualquer número de pessoas simultaneamente.”

Os Objetos de Aprendizagem possuem algumas características particulares. Longmire (2001) elencou algumas dessas características que visam solucionar problemas referentes ao armazenamento e distribuição de informações digitais. As características são:

· Flexibilidade: Os Objetos de Aprendizagem podem ser reutilizados em diferentes contextos e não necessitam de manutenção pra isso;

· Facilidade para atualização: A atualização dos Objetos em tempo real é mais simples, devido a eles já serem utilizados em diversos momentos;

· Customização: Devido a característica da flexibilidade para os Objetos, a independência deles é total e, portanto, podem ser customizados para serem utilizados em diferentes cursos e servirem para diferentes necessidades dos clientes;

· Interoperabilidade: Capacidade de um sistema de se comunicar com outro sistema de forma transparente. Como os objetos trabalham com padrões, eles podem ser reutilizados em outras plataformas de ensino e também em todo o mundo;

· Aumento do valor de um conhecimento: Devido a possibilidade dos Objetos serem reutilizados, eles serão melhorados e aperfeiçoados ao longo do tempo;

· Indexação e Procura: Visa a criação de um banco de Objetos e facilita a procura e o achado de Objetos de mesmas características em um banco.

De acordo com Singh (2001), os Objetos de Aprendizagem são divididos em três partes, os Objetivos, o Conteúdo Instrucional e a Prática e Feedback, conforme a Fig. 1 abaixo:

Figura 1 – Divisão de um Objeto de Aprendizagem. (Fonte: Singh, 2001)

· Objetivos: Visa demonstrar ao usuário o que ele pode aprender no curso com o estudo desse Objeto;

· Conteúdo Instrucional: Visa apresentar todo o conteúdo didático ao aluno;

· Prática e Feedback: Visa ao usuário verificar seu desempenho e desejar, caso não obtenha o desempenho necessário, retroceder e utilizar-se do Objeto quantas vezes for suficiente.

3.4 Plataforma Moodle

O Moodle é o acrônimo para Modular Object-Oriented Dynamic Learning (Ambiente de Aprendizagem Dinâmico Orientado a Objeto Modular). Ele é um software de e-Learning, ou seja, o resultado da fusão entre o ensino com o apoio da tecnologia e a educação a distância. O Moodle é considerado um Sistema de Gestão de Aprendizagem porque ele é de fato um ambiente de gestão de ensino e aprendizagem virtual através da Internet. Esses sistemas são também conhecidos em diversas literaturas como Sistema de Gestão de Cursos (Course Management System, CMS) ou Sistema de Aprendizagem Virtual (Virtual Learning Environment, VLE).

Esses sistemas também são algumas vezes chamados por outros nomes, tendo o diferencial que apresentam algumas características e funcionalidades diferentes ou mesmo similares dos acima citados. Alguns exemplos são o Sistema de Suporte à Aprendizagem (Learning Support System, LSS), a Plataforma de Aprendizagem (Learning Platform, LP), o Sistema para Gestão do Conteúdo de Aprendizagem (Learning Content Management System, LCMS) e a Gerência de Ambiente de Aprendizagem (Managed Learning Environment, MLE).

De acordo com França (2005), um Sistema para Gestão do Conteúdo de Aprendizagem (LCMS) tem a diferença de um Sistema de Gestão de Aprendizagem (LMS), porque aquele combina os recursos de administração e gerenciamento de um clássico LMS, adicionadas com as funcionalidades de criação e poder de customização de conteúdos que um Sistema de Gestão de Cursos (CMS) oferece.

O Moodle foi criado em 1999 pelo australiano Martin Dougiamas, doutor em Ciência da Computação e Educação. Esse ambiente virtual foi projetado para ser um sistema de aprendizagem livre e dinâmico, onde sua forte flexibilidade como característica principal permite o intercâmbio de experiências de aprendizagem on-line. As diversas ferramentas que o Moodle dispõe permitem que o usuário utilize bate-papos, downloads de materiais de aula, apresentações, realização de provas on-line, etc. O ambiente ajuda também aos educadores a criar cursos on-line com grande poder de interação.

Segundo a documentação que consta no site oficial do Moodle, defini-o como “[…] um verbo que descreve o processo de navegar despretensiosamente por algo, enquanto se faz outras coisas ao mesmo tempo, num desenvolvimento agradável e conduzido freqüentemente pela perspicácia e pela criatividade. Assim, o nome Moodle aplica-se tanto à forma como foi feito, como a uma sugestiva maneira pela qual um estudante ou um professor poderia integrar-se estudando ou ensinando num curso on-line.” 

3.4.1 Ferramentas da plataforma Moodle

A plataforma Moodle possui muitas ferramentas. Algumas das ferramentas que permitem que o aluno ou aprendiz interaja com o curso são:

· Quizzes;
· Votação (com resultados disponíveis aos tutores e aos alunos);
· Jornal ou Diário;
· Lições;
· Tarefas (que podem ser disponibilizadas para serem examinadas tanto por tutores como por alunos);
· Blog;
· Questões com opção de escolha única.

Dentro da plataforma Moodle o aluno poderá também interagir com os outros alunos matriculados nos respectivos cursos. Dessa forma o aluno tem a sua disposição um ambiente de troca e compartilhamento de conhecimentos e também de aprendizagem. Algumas das ferramentas disponíveis na plataforma Moodle que possibilitam este ambiente social de interação entre os alunos são:

· Chat em tempo real;
· Fórum;
· Glossário;
· Wiki;
· Workshop.

Como o Moodle é desenvolvido em colaboração com diferentes desenvolvedores ao redor do mundo e que estão sempre agregando novas funcionalidades, ele é dito que é composto por estruturas modulares. Ou seja, ele é composto por unidades que podem se juntar de diversas formas diferentes. O Moodle é extensível e pode ser adicionado novos módulos ou plugins à sua estrutura para atender a alguma funcionalidade especifica. Alguns tipos de plugins são:

· Atividades;
· Tipos de campos de dados para atividades da base de dados;
· Tipos de recursos;
· Temas gráficos;
· Métodos de autenticação;
· Tipos de questões;
· Métodos de registros;
· Filtro de conteúdo. 

3.4.2 A base filosófica do Moodle

Para Muzinatti (2005) o Moodle tem uma proposta bastante diferenciada que é “aprender em colaboração” no ambiente on-line, baseando-se na pedagogia social construcionista. Rice IV (2006) também opina sobre essa questão e afirma que cada sistema de gerência de aprendizagem tem um paradigma ou aproximação que dá forma à experiência ao usuário e incentiva um determinado tipo de uso. O Moodle foi projetado para suportar um estilo de aprendizagem social, a pedagogia social construcionista. Esse estilo de aprendizagem tem um caráter social.

A pedagogia social construcionista e o construtivismo são a base filosófica do Moodle. Para Cole (2005), essa base filosófica em que o Moodle foi construído é uma das características que o torna uma plataforma educacional tão especial. Essas filosofias sustentam que os usuários ou aprendizes do Moodle são agentes que constroem novos conhecimentos à medida que interagem com o ambiente.

Os usuários aprendem melhor quando estão envolvidos em um processo social de construção do conhecimento. São pessoas construindo algo para outras pessoas. Dessa forma haverá uma cultura da colaboração onde o algo construído será compartilhado para todos. Cole afirma que “a aprendizagem é algo que fazemos em grupos. Deste ponto de vista, a aprendizagem é um processo de negociação no sentido de uma cultura de partilha de objetos e símbolos”.

O Moodle aplica essa filosofia em toda sua estrutura. As ferramentas disponíveis neste sistema tornam o aprendizado uma das tarefas centrais. Dessa forma, por exemplo, é possível organizar os cursos por semana, por assunto tratado ou por arranjo social. Como é um sistema dinâmico e não apenas um sistema onde o instrutor faz upload de conteúdo e o manipula de forma estática, o Moodle trabalha com o foco na partilha de idéias e na participação de todos da construção do conhecimento. Sendo assim, ele não é apenas um sistema de entrega de informações de forma estática, como acontece com muitas outras plataformas educacionais.

De qualquer forma, é possível utilizar o Moodle sem necessariamente se utilizar dos conceitos da pedagogia social construcionista. É possível utilizá-lo de forma estática onde os usuários terão acesso aos cursos apenas de forma estática e sem interação. Rice IV elenca cinco formas que operam nessas características:

· Uma página de texto;
· Uma página web;
· Um link para algo na Internet (incluindo o material do próprio site do curso);
· Uma visão dentro de um dos diretórios do curso;
· Um rótulo que exibe qualquer texto ou imagem. 

3.4.3 Moodle como Software Livre

O Moodle é um software livre (Open Source), e como tal não há a necessidade de pagamento de licença para instalá-lo em computadores e nem o impedimento legal de realizar livres alterações e modificações em sua estrutura de acordo com a necessidade do usuário. De fato, pela sua natureza de ser um software livre e pela flexibilidade inerente ao Moodle, uma das grandes vantagens dele é justamente a possibilidade de criação e a adesão de novas funcionalidades, novos módulos e operações.

O não pagamento de licenças para uso em computadores é uma grande vantagem. Seus usuários também se tornam seus “construtores”, pois, enquanto os usuários o utilizam, contribuem também para seu constante aperfeiçoamento.  O Moodle está sendo melhorado em uma escala crescente e é sempre possível receber novos módulos com funções que atendam ainda mais os diversos tipos de usuários. Há possibilidades de aplicação em diversas práticas pedagógicas.

Antes os Sistemas de Gestão de Aprendizagem eram pesados fardos financeiros para as instituições de ensino. Agora, com a cada vez maior popularização de sistemas com código aberto, disponibilizados gratuitamente, o cenário internacional de e-learning vem mudando.

O Moodle, apesar de possuir copyright, é distribuído pela Licença Pública GNU (GNU Public License) que permite realizar alterações em seu código-fonte e autoriza desenvolver novas funcionalidades para incorporá-las à sua plataforma original. Estas características abrem caminho para que o ambiente Moodle esteja em constante desenvolvimento, permitindo um trabalho colaborativo da comunidade. Algumas das regras desta licença determinam:

· Disponibilizar o código-fonte a terceiros;
· Não modificar ou retirar a licença original e os direitos de autor;
· Aplicar o mesmo licenciamento a qualquer trabalho derivado deste.

Segundo a Becta (2005), a Agência do Departamento de Educação do Reino Unido, que é responsável por fiscalizar e adquirir todos os equipamentos de tecnologia para a área de educação e também executa planejamentos de e-learning para escolas, realizou um estudo do custo total de softwares Open Source usado nas escolas inglesas e verificou significativa economia quando comparado a softwares comerciais similares. Portanto, há uma tendência em muitos ambientes educacionais a utilização, quando possível, de usar softwares livres para redução de custos no pagamento de licenças.

O ambiente de desenvolvimento do Moodle é colaborativo, ou seja, diversos desenvolvedores ao redor do mundo podem criar novos módulos, fazer alterações em sua plataforma e posteriormente a submeterem à comunidade para avaliação. Dessa forma, o projeto ficaria limitado ou mesmo inviabilizado em determinados aspectos se fosse utilizado uma plataforma proprietária, onde por questões legais não seria possível realizar alterações em sua estrutura ou criação de novos módulos, mesmo para fins educacionais.

3.4.4 Estatísticas de utilização do Moodle

O Moodle também possui uma base sólida de usuários ao redor do mundo. Segundo as informações estatísticas do site oficial do Moodle (2007), computadas até 19 de setembro de 2007, existiam 32.141 sites registrados usando Moodle, conforme Graf. 1 abaixo, 13.503.948 usuários desta plataforma e 1.339.520 cursos on-line disponibilizados. Além disso, esta plataforma tem suporte a 75 línguas estando em mais de 175 países.

Gráfico 1 – Total de sites registrados usando Moodle. (Fonte: moodle.org, 2007)

Esses números expressam a ampla aceitação dessa plataforma como um ambiente ideal para gestão de cursos online. Qualifica-a também como tendo um histórico de experiência comercial de muitos anos. Por isso é utilizando atualmente por grandes organizações, como a Universidade Aberta do Reino Unido, com mais de 180.000 mil alunos. Ela iniciou um projeto que disponibiliza cursos gratuitos para qualquer indivíduo ao redor do mundo, chamado de OpenLearn.

Algumas universidades preferem utilizar a plataforma Moodle não apenas como um aprendizado do aluno de forma totalmente virtual, mas também como apoio ao aprendizado presencial, como um reforço paralelo ou a disponibilização de recursos extras. Por outro lado, não somente o Moodle é utilizado por universidades ou por centros ligados a área da educação. O Moodle também atinge outras áreas, como por exemplo, Organizações não governamentais (ONGs), empresas privadas e setores administrativos.

3.5 Avaliação de Plataformas de Gestão de Cursos

O Moodle, apesar de não ser o único Sistema de Gestão de Cursos disponível no mercado e nem o único a ser gratuito e de código aberto, foi considerado o melhor sistema. Uma pesquisa foi encomendada e financiada pelo Ministério Federal da Áustria para a Educação, Ciência e Cultura e o Fundo Europeu Social (ESF) para avaliar plataformas de e-Learning Open Source. A pesquisa foi conduzida por Sabine Graf e Beate List (2005) da Universidade de Viena.

Segundo seus resultados obtidos depois de avaliar nove plataformas de Gestão de Cursos, todas elas gratuitas e de código aberto, chegaram ao resultado que o Moodle foi considerado a plataforma de melhor qualidade e a que apresentou a melhor classificação na categoria de Adaptação, entre outras categorias avaliadas e também dentre as outras plataformas testadas. Algumas categorias testadas foram a usabilidade, administração, aspectos técnicos e ferramentas de comunicação, conforme pode ser visto na Fig. 2 abaixo:

Figura 2 – Moodle elegida melhor plataforma. (Fonte: Graf S., List B., 2005)

A plataforma Moodle foi criada utilizando-se da linguagem de programação PHP, rodando geralmente em servidor Web Apache e em banco de dados MySQL.

3.6 A linguagem PHP

A linguagem PHP surgiu em meados de 1994 como script de Perl, onde seu criador se chamava Rasmus Lerdorg  e deu o nome a esse subconjunto de scripts de Personal Home Page Tools (Ferramentas para Página Pessoal). Três anos depois fora lançado um novo pacote da linguagem com o nome de PHP/FI, que trouxe consigo um interpretador de comandos SQL. A linguagem PHP possui excelente desempenho e confiabilidade, além de não exigir um hardware poderoso para que possa ser executada e tem também a grande vantagem de ser totalmente gratuita.

De 1994 até os dias atuais surgiram novas versões do PHP, cada uma delas com novidades e pequenos problemas:

PHP 3 – Surgiu com o primeiro recurso de Orientação à Objetos (OO), que disponibilizava o poder de alcançar alguns pacotes, herança, e aos desenvolvedores a disponibilidade de implementar métodos e propriedades.

PHP 4 – Surgiu com disponibilização de poder a máquina da linguagem e mais recursos de orientação a objetos. Um grande problema nessa versão foi a criação de cópias de objetos, pois diferente da linguagem JAVA, não se trabalhava com handlers ou apontadores.

PHP 5 – Com o surgimento dessa versão, o problema da versão anterior fora resolvido, pois agora já se trabalhava com handlers, onde se copiando um objeto, copiar-se-á um apontamento. Caso ocorra uma mudança no objeto, todos os outros sofrerão alterações.

O PHP tornou-se uma linguagem bastante modularizada, o que a tornou ideal para instalação e uso em servidores web. Ela possui uma diversidade de módulos que são criados no repositório de extensões PECL e possui suporte a numerosas bases de dados: SQLite, MSSQL, Firebird, Oracle, Sybase, PostgreSQL, InterBase entre outras. PHP também tem suporte aos protocolos: SNMP, NNTP, POP3, HTTP, IMAPLDAP, XML-RPC e SOAP.

O foco principal dessa linguagem é a de implementar soluções web velozes, simples e eficientes. E tem como características notáveis e principais, como velocidade e robustez, estruturada e Orientada a Objeto, portabilidade — independência de plataforma — “write once run anywhere” (escreva uma vez, rode em qualquer lugar); Tipagem fraca; sintaxe similar a Linguagem C/C++ e o PERL.

A última estatística divulgada pela Securityspace, uma empresa de auditoria de segurança, mostra que o PHP está sendo usado por mais de 5,5 milhões de domínios, conforme mostrado no Graf. 2 abaixo. Tem demonstrado uma taxa de uso cada vez mais crescente ao longo dos anos. Mesmo assim, ele ainda está longe de ser meramente o módulo mais popular do Apache. O Apache atualmente registra uso em cerca de 60% dos servidores de internet do mercado, enquanto que servidores Internet Information Services (IIS), que nativamente suportam ASP, estão presentes em menos de 30% dos computadores.

Gráfico 2 – Número de domínios e endereços IP que utilizam PHP. (Fonte: Securityspace, 2006)

 3.7 O servidor Web Apache

O Apache é um software utilizado como servidor Web. Ele foi criado em 1995 por Rob McCool, um funcionário do National Center for Supercomputing Applications (NCSA) e desde então sua tecnologia vem se desenvolvendo. O princípio de seu funcionamento consiste basicamente em receber as requisições dos clientes via uso de um browser, interpretando-as e devolvendo os resultados para os clientes. O servidor possui suporte ao protocolo padrão da Internet, o HTTP, ao protocolo com camada de segurança, o HTTPS, ao protocolo de transferência de arquivos, o FTP, entre outros. Esse suporte a criptografia via SSL e a certificados digitais permitiu ao Apache ganhar confiabilidade por parte de seus usuários, estando presente em mais da metade dos servidores ativos no mundo. Uma grande vantagem para a adesão desse grande número de usuários para o servidor Apache é que ele é um software de código aberto.

3.8 O Banco de Dados MySQL

O MySQL é um gerenciador de banco de dados relacional que utiliza a Linguagem de Consulta Estruturada (SQL) em suas operações. Ele foi desenvolvido pela empresa sueca TCX, sendo um Software Livre. É um banco confiável, extremamente flexível, multitarefa e multiusuário. Algumas de suas características mais marcantes incluem o seu excelente desempenho e estabilidade, a sua pouca exigência quanto a recursos de hardware do computador, a sua facilidade de uso, o seu suporte a variados tipos de tabelas, a sua compatibilidade de drivers, e a sua portabilidade (que suporta uma grande gama das plataformas atuais, tais como Windows, Linux, Solaris, SunOS, FreeBSD, Mac OS X, etc.).

4. CAPÍTULO III – APORTE DE PESQUISA 

Para o desenvolvimento deste Projeto foi elaborado um site destinado a educação a distância para as comunidades indígenas, tomando como projeto piloto a comunidade indígena Tuxá, localizada no estado da Bahia. O site visa disponibilizar um ambiente de aprendizagem a distância, tendo como foco central o oferecimento de cursos em variadas categorias. O site foi construído utilizando-se como base o sistema de gerenciamento de cursos Moodle.

Os professores ou tutores previamente cadastrados no site terão as ferramentas necessárias através dele para gerir seus cursos, tornando o site um ambiente virtual de interação entre eles e os alunos. O site proporcionará também uma interação mais ampla, facilitando a comunicação entre as diferentes comunidades indígenas assim que os alunos de variadas comunidades estiverem matriculados nos mesmos cursos oferecidos. O desenvolvimento desses cursos a distância através da Internet proporcionará uma cada vez maior inclusão digital para as comunidades indígenas.

4.1 A escolha da plataforma Moodle

A razão por ter-se utilizado da plataforma Moodle para o desenvolvimento deste projeto deve-se a alguns pontos. O primeiro ponto, e o principal deles, é que o Moodle é um software livre e com isso não há o impedimento legal de realizar livres alterações e modificações em sua estrutura de acordo com a necessidade do usuário. O projeto para este projeto necessitava realizar modificações, alterações e novas inclusões de módulos no ambiente, para atingir o objetivo proposto inicialmente.

O segundo ponto determinante para a escolha do Moodle como plataforma para gestão de cursos é a junção de alguns fatores, como o fato de ele possuir a maior quantidade de material de referência dentre os outros sistemas de gestão de cursos e de ter uma base sólida de usuários ao redor do mundo. Justamente por este último fator — a de que existe uma base maior de experimentadores da plataforma — é que a torna ao longo do tempo um ambiente seguro, sólido e maduro.

O terceiro ponto determinante é que o Moodle, apesar de não ser o único Sistema de Gestão de Cursos que é utilizado hoje ao redor do mundo, ele foi considerado o melhor dentre os outros existentes hoje. Diversas características e funcionalidades dele são superiores aos outros sistemas concorrentes e mesmo dentre os outros sistemas de código aberto e gratuitos. Portanto, estes foram os três fatores determinantes para escolher a plataforma Moodle que compõe este projeto. Abaixo a apresentação do projeto piloto, conforme Fig. 3.

Figura 3 – Tela de apresentação do site de educação a distância

4.2 Implementação

Esta seção irá descrever as etapas utilizadas para a implementação do Projeto do site de educação a distância para indígenas. 

4.2.1 Ferramentas utilizadas

A versão do Moodle utilizada para este projeto foi a 1.8.2, utilizando a linguagem PHP 5.2.0 e suportado pelo servidor Apache 2.2.3. O banco de dados utilizado foi o MySQL 5.0.27. Todas estas ferramentas são software livre e, portanto, compõem todo o projeto baseado em ferramentas gratuitas. O sistema operacional onde foi instalado o Moodle foi o Microsoft Windows XP SP2. Apesar de se ter utilizado dessas configurações para realização deste projeto, o Moodle também suporta outros bancos de dados, como o Oracle, Access, Interbase, MySQL, PostgreSQL, ou ODBC.

O sistema operacional também poderia ser outro ao invés do Windows, como o Linux, o Unix, o Mac OS X, o Netware ou qualquer outro que suporte a linguagem PHP. De qualquer forma, para o usuário final só é necessário ter um browser de Internet, como por exemplo, o Microsoft Internet Explorer ou o Mozilla Firefox. Os fatores de desempenho que estão envolvidos para que o Moodle execute corretamente no computador são basicamente os mesmos para qualquer um desses sistemas que suportam PHP e banco de dados.

4.2.2 Divisão das categorias de usuários

O sistema ficou dividido em seis categorias de usuários, sob o ponto de vista de acesso e permissões. Eles são os Administradores, os Autores de Cursos, os Tutores, os Moderadores, os Estudantes e os Visitantes. O acesso para todos eles será por uma tela onde o usuário fará seu login através de nome de usuário e senha. Conforme pode ser vista na Fig. 4.

Figura 4 – Tela de Login do site

A partir daí ele estará autenticado e se enquadrará em algumas das categorias listadas acima, com diferentes níveis de permissões para cada uma. A única exceção são os Visitantes que antes de poderem se logar no site, terão que realizar um prévio cadastramento. 

4.2.3 Cadastramento de novos usuários

Nesta seção o usuário preenche com seus dados cadastrais para ter acesso ao site pela primeira vez. Como o site visa apenas o público das comunidades indígenas, esse primeiro cadastro não habilita inicialmente o acesso aos cursos e outros módulos do site. Para isto é necessário que o professor ou administrador — de posse prévia dos dados do aluno interessado — possa validar o cadastramento do novo aluno e permita seu acesso ao site.

4.2.4 Usuário Visitante

O usuário Visitante pode ser de antemão um aluno ou professor que ainda não esteja logado ao sistema. Ao logar ele deixa de ser visitante. Por outro lado, ele pode ser também um usuário que ainda não esteja cadastrado no sistema e, portanto, estando como visitante, seu nível de permissões é limitado. Ele terá privilégios mínimos, não podendo, por exemplo, participar dos cursos oferecidos, publicar textos, votar nas enquetes propostas ou participar dos fóruns de debates. De uma forma geral ele não poderá publicar qualquer conteúdo no site. Apesar disso, ele terá acesso para visualizar os cursos oferecidos, ler o quadro de notícias, observar as perguntas das enquetes, etc.

4.2.5 Usuário Estudante

O usuário Estudante é o aluno já cadastrado no site e tendo acesso a diversos módulos dele. Essas permissões são setadas pelo administrador ou outros usuários de hierarquia maiores que a sua. Normalmente ele tem menos privilégios da parte administrativa do site.

4.2.6 Usuário Moderador

Moderadores podem interagir e avaliar, mas não podem modificar as atividades. Sua função está mais atrelada como um auxiliar do Administrador. Ele poderá, por exemplo, gerir o fórum de debates e organizar para que as discussões estejam dentro do foco proposto para cada curso ou então gerir os alunos participantes de um determinado curso.

4.2.7 Usuário Tutor

Os Tutores podem fazer tudo em um curso, alterar atividades e avaliar os alunos inscritos. Poderão também nomear outros tutores para os cursos. O usuário Tutor é o professor que lecionará determinado(s) curso(s). Ele tem permissão para editar páginas que lhe foram atribuídas.

4.2.8 Usuário Autor de Cursos

Os Autores de Cursos podem criar novos cursos e agir como professores. Estando em um nível hierárquico acima dos Tutores, ele acumula todas as funções do professor e, além disso, como o próprio nome já diz, poderão criar novos cursos e disponibilizá-los na página central do site.

4.2.9 Usuário Administrador

Os Administradores podem fazer tudo em todos os cursos. Ele tem acesso a todo o site. De forma geral, ele é o encarregado de gerenciar todas as informações disponíveis no site. Ele tem total controle sobre as configurações gerais, como inclusão de novos módulos, desabilitar opções, designar permissões para diferentes usuários, aprovar criação de cursos, validar material disponibilizado pelos alunos, mudança do layout, entre outros, conforme Fig. 5.

Figura 5 – Tela de Gerenciamento do site

 4.3 Cursos

Os cursos foram disponibilizados de acordo com as necessidades a serem atendidas pela comunidade indígena, em especial ao que se refere ao Projeto Piloto deste trabalho, a comunidade indígena Tuxá. O levantamento das necessidades sobre os cursos foi obtido em entrevistas com a coordenadora de educação indígena, Rosilene Cruz Tuxá, lotada na Coordenação de Educação Indígena da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC). Dessa forma, os cursos foram categorizados em profissionalizantes, pré-vestibulares, de Aceleração e de Informática.  

4.3.1 Conteúdo dos Cursos

A criação do conteúdo propriamente dito dos cursos foge ao escopo deste Projeto. Naturalmente o conteúdo dos cursos deverá ser elaborado dentro das práticas pedagógicas que estejam de acordo com o contexto sociocultural das comunidades indígenas atingidas. O objetivo deste Projeto é disponibilizar a estrutura de base através do site no intuito de que ele possa ser de fácil administração pelos criadores dos cursos ou pelos tutores quando assim desejem inserir e disponibilizar seus cursos. 

4.4 Atividades de suporte a aprendizagem

Como recursos no auxílio da aprendizagem e das necessidades avaliadas para um ambiente de educação a distância destinado à comunidade indígena Tuxá, foram inseridas algumas atividades auxiliares no site. Além do foco principal do site ser a disponibilização de cursos a distância, outras atividades relacionadas oferecem como vantagem uma maior interação entre os próprios alunos em seus respectivos cursos, favorecem fortemente a interação entre os professores de cada curso com seus alunos e o maior interesse por parte deles. O objetivo principal dessas atividades é que elas estão destinadas principalmente como recursos no auxílio pedagógico para a comunidade indígena Tuxá.

Essas atividades são ferramentas de comunicação e discussão, tais como o Fórum e o Chat; ferramentas de instruções e avaliações, tais como as Lições e as Tarefas e as ferramentas de pesquisa de opinião, tais como as Enquetes e Questionários. O site está configurado para permitir que o tutor ou administrador geral realizem outras inclusões ou mesmo exclusões de módulos que achar necessárias quando do andamento dos cursos. 

4.4.1 Tarefa

O módulo Tarefa foi inserido para permitir que o aluno de um determinado curso possa enviar sua tarefa para o tutor. O módulo foi configurado para o envio de um arquivo único. Assim, isso permite que o aluno envie sua tarefa através de um arquivo, tal como uma planilha ou um arquivo de texto. A partir daí o tutor poderá realizar a avaliação atribuindo uma nota e posteriormente pode escrever uma mensagem de reposta ao aluno. As tarefas também podem ser marcadas para uma data de entrega e o tutor pode estabelecer uma nota máxima.

4.4.2 Lição

O módulo Lição visa oferecer um modo de avaliação dos conhecimentos do aluno. As Lições consistem de algumas páginas com questões onde o aluno terá espaço para suas respostas e aonde estas respostas o conduzirão para outras questões. Ao tutor terá a liberdade de escolher se essa Lição terá valor com pontuação ou apenas se caracteriza como uma prática de avaliação não pontuada.  

4.4.3 Fórum

No módulo de Fórum os estudantes podem participar de debates e discussões sobre um determinado tópico dos cursos ou mesmo discussões de âmbito geral. Serve como um espaço para comunicação entre os estudantes e entre eles e os tutores dos cursos. O Fórum foi configurado para que todos que se inscrevam nos cursos, automaticamente passem a inicialmente receber as mensagens circuladas nele. Essa medida visa a estimular a interação entre os alunos, sem que eles necessitem tomar a iniciativa espontaneamente. De qualquer forma, a opção do aluno em não participar do Fórum de debates está sempre à disposição.

4.4.4 Chat

O módulo de Chat foi criado para estabelecer uma comunicação síncrona em tempo real. Diferente do Fórum, onde não é imprescindível que os estudantes estejam logados ao mesmo tempo para que a comunicação possa se estabelecer, no Chat é necessário que todos envolvidos estejam logados ao mesmo tempo na mesma sala para que possa haver a comunicação. Essa ferramenta foi disponibilizada como mais uma opção tendendo a aproximar a comunicação e visa também de servir como espaço para esclarecimento de dúvidas. Para maior produtividade em cursos de ensino a distância, foi configurado para que o tutor possa agendar data e horário do Chat.

4.4.5 Enquete

O módulo de Enquetes consiste numa consulta de opinião aos alunos. A enquete foi oferecida para se obter um feedback dos alunos sobre determinada questão que o tutor gostaria de saber, seja pertinente ao seu curso em particular ou de âmbito geral. A enquete foi configurada para publicar o seu resultado somente após o aluno tiver dado a sua resposta. Dessa forma, evita-se a influência da sua escolha por parte do resultado parcial. O resultado também é oferecido de forma anônima, sem mostrar o nome do aluno.

4.4.6 Novidades

O módulo Novidades visa trazer as últimas notícias relacionadas a área da educação indígena. Essa seção visa suprir uma necessidade que foi levantada pelas entrevistas realizadas. Como exemplo, os indígenas muitas vezes não estavam informados e perdiam com freqüência datas importantes, como datas para inscrição de vestibulares. Além disso, essa seção proporciona informações atualizadas sobre os projetos do governo relacionadas ao mundo da educação indígena e como estes projetos afetarão suas vidas.

4.4.7 Questionário

O módulo Questionário foi criado para que o tutor possa elaborar um banco de questões que serão aplicadas aos alunos. O tutor tem a liberdade de elaborar suas questões para modalidades de respostas baseadas em múltipla escolha, em verdadeiro ou falso, ou em respostas rápidas. Foi configurado, também, para que o aluno tenha o feedback imediato ao responder às questões, sendo também possível que ele seja respondido diversas vezes como modo de fixação do conteúdo transmitido.

4.5 Implantação do site

O site está apto a ser implantado nos telecentros GESAC já disponíveis em aldeias indígenas. O GESAC (Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão) é um programa do Governo Federal coordenado pelo Ministério das Comunicações e tem como objetivo a inclusão digital em todos estados brasileiros. O projeto visa promover a inclusão digital de comunidades excluídas em todo Brasil, inclusive comunidades indígenas. O programa habilita acesso à Internet fornecida via satélite e serviços ligados à inclusão digital. 

5. CAPÍTULO IV – CONCLUSÕES E SUGESTÕES

O principal foco desse projeto foi proporcionar a comunidade indígena uma ferramenta que pudesse auxiliar de forma simples e qualitativa o processo de educação indígena, otimizando suas interfaces de maneira que o resultado fosse positivo e em menor tempo do que a educação presencial. Para tal, foi utilizada a ferramenta Moodle, que atua no gerenciamento dos cursos a serem implantados, sendo de fácil manuseio e possui baixo investimento financeiro por se tratar de um software livre.

O compartilhamento de experiências ao longo do projeto foi de suma importância para o entendimento do contato indígena junto à tecnologia já presente na tribo. Apesar da diversidade cultural, o uso da tecnologia por parte dos indígenas apresenta muita similaridade a um usuário normal do nosso dia a dia. Com isso desejou-se explanar que os mesmos foram tratados dentro de um contexto tecnológico conhecido, apenas tendo a preocupação na criação do projeto no sentido de que a interface do site, seus cursos, conteúdos e os demais requisitos, fossem sugeridos e validados pelos índios no momento da implantação deste projeto piloto.

A pesquisa demonstrou que as dificuldades de acesso dos índios aos cursos por eles propostos podem ser resolvidas com a implantação de um site de educação a distância auxiliada pela ferramenta Moodle, tornando assim o seu aprendizado mais ágil e fácil.

O grande desafio desse projeto foi navegar no mundo indígena frente a adversidade cultural, compreendendo as diferenças étnicas e contextualizando todo esse universo de informações no foco principal que era o projeto de elaboração de uma ferramenta que auxiliasse o processo de educação indígena. Com isso, foi concluído que deve haver uma conscientização dos órgãos governamentais voltados não só para educação indígena, mas como um todo, em vista de um direcionamento maior de políticas de ensino que fossem voltadas a educação a distância.

5.1 Propostas para trabalhos futuros 

Sugerimos como propostas para trabalhos futuros:

· Implementação de um módulo usando XML Voice ou ferramenta similar que auxilie os índios com necessidades especiais usando seu dialeto ou língua local;
· Desenvolvimento de um módulo que utilize vídeo conferência no auxílio às aulas;
· Desenvolvimento de um módulo que utilize a Tele-Aula via IP;
· Integração desses sites com os sistemas de validação de educação a distância do governo a fim de certificar os cursos neles existentes.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

4 COMENTÁRIOS

    • O projeto foi encerrado por nós, de acordo com as metas que traçamos, que foram atendidas e alcançadas por nós. Fica a cargo de futuros interessados continuá-lo e expandi-lo. Obrigado.

      Alexandre Borges

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