O termo “UFO” foi criado por militares da Força Aérea dos EUA (USAF) por volta do ano de 1949. A ufologia nasceu nas forças armadas, entre oficiais especializados em aerodinâmica, meteorologia, aerobalística e aeronáutica. Vários países já estudaram os UFOs e o vem tratando de forma objetiva durante anos, como é o caso do Uruguai, da França e do Chile.

No Uruguai existe uma entidade governamental que estuda os UFOs dentro da Força Aérea Uruguaia, desde 1979, chamada de CRIDOVNI (Comisión Receptora e Investigadora de Denuncias de Objetos Voladores No Identificados).

A França tem o seu GEPAN (Groupe d’Étude des Phénomènes Aérospatiaux Non-identifiés); o Chile tem o seu CEFAA (Comité de Estudios de Fenómenos Aéreos Anómalos) dentro da Força Aérea Chilena. O Brasil criou em 1969, dentro do 4º COMAR — Comando Aéreo Regional — o primeiro órgão nacional e oficial para a pesquisa de UFOs, o SIOANI (Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados).

A Força Aérea Brasileira (FAB) pesquisou UFOs no Pará na década de 70, na chamada Operação Prato, e o capitão da missão afirmou ter capturado diversas fotos e rolos de filmes dos fenômenos ocorridos por lá.

Noite oficial dos OVNIs
Noite oficial dos OVNIs

Militares trataram o assunto de forma séria, como afirmou publicamente o ex-ministro da Aeronáutica Octávio Moreira Lima, na conhecida “Noite Oficial do OVNIs”, em 1986, no Brasil.

Nesta oportunidade, caças da FAB perseguiram supostos objetos voadores não identificados e não conseguiram alcançá-los, pois estes fizeram manobras e se afastaram, demonstrando o que os militares acreditaram ser uma inteligência por detrás daqueles “objetos” — que também haviam sido radarizados. Entretanto, a origem e natureza desses “objetos” não foram identificadas até hoje.

Os militares detêm a solução do fenômeno UFO?

Os militares ou qualquer autoridade na face da Terra não dispõem de recurso logístico para ocultar a existência do fenômeno UFO. Entretanto, seus esforços não implicam afirmar que não existiu e não exista hoje tentativas de ocultá-lo. Sua tentativa de escondê-los do público não implica concluir que o fenômeno não exista.

Como o fenômeno não aparece somente aos olhos dos governos — assim como o Sol também não —, a sua tentativa de ocultação de nada adianta para carimbar a inexistência do fenômeno em si. Quem precisa de algum papel assinado pelas Forças Armadas do Brasil para confirmar se o fenômeno existe ou não?

Militares brasileiros certamente não tem a solução do fenômeno UFO

Governos e militares de algumas nações do mundo possuem dados sobre o fenômeno UFO, tais como radarizações, filmes, fotos e relatos. Os militares brasileiros devem ter em seus arquivos alguns dados bons sobre o fenômeno, assim como também dados ruins.

No entanto, um amontoado de fotos, de imagens e de depoimentos, os ufólogos civis também já possuem em seus arquivos. O acúmulo de dados não necessariamente significa que foi possível extrair conhecimento deles. É claro que queremos o maior número possível de documentação sobre este fenômeno, mas dados e conhecimento estão em compartimentos diferentes.

É verdade que todo cidadão tem o direito ao conhecimento desses dados ocultos, e o trabalho dos ufólogos em trazer essas informações ocultas aos civis é fundamental. O liberado pela Força Aérea Brasileira vai servir pra mostrar que os militares brasileiros certamente não detêm a solução do fenômeno UFO, ao contrário do que muitos ufólogos acreditam.

A questão chave nesta história é estar ciente de que a ocultação governamental está fadada ao fracasso, quando existe uma rede mundial de pessoas pesquisando e descobrindo essas informações ufológicas. 

O mito dos militares 

Casos investigados por altas patentes militares não necessariamente permite-nos afirmar que suas conclusões sobre o fenômeno UFO estão corretas. Não devemos desconsiderar que há também opinião pessoal e crença sobre a existência de extraterrestres e discos voadores nos meios governamentais e militares.

Na ufologia há uma excessiva visão mítica em relação aos militares, tais como o de que eles possuem uma super logística, o de que não fazem seus julgamentos baseados em superstições, e o de que são melhores profissionais em ciências do que os civis. Esta falácia da autoridade é muito comum na ufologia, sendo exaustivamente proferida por ufólogos.

Capa de um dos boletins SIOANI, produzido por militares brasileiros
Capa de um dos boletins SIOANI, produzido por militares brasileiros para investigar UFOs

Militar é um rótulo, pois muitos deles são engenheiros, meteorologistas, físicos, químicos e técnicos em geral. Devemos relativizar a conclusão de um caso de natureza ufológica somente pela sua “oficialidade”.

Os militares também erram em suas avaliações, e podemos citar aqui o exemplo clássico das análises das fotos do “disco voador” do caso Barra da Tijuca, acontecido em 1952. Os militares que analisam as fotos as validaram como autênticas, apesar delas serem falsas.

As estratégias de desinformação

Na tese da desinformação pregada pelos ufólogos, casos em que ocorreram avistamentos de “UFOs” podem ter sido plantados pelos militares como parte das suas estratégias de desinformação.

Militares que queiram testar novas armas e aeronaves secretas poderiam usar dessa estratégia para se manter ocultos, jogando todos os relatos de avistamentos de “UFOs” na causa dos extraterrestres, provocando assim desinformação e embaralhando os pesquisadores.

Como dizia o ufólogo Húlvio Brandt Aleixo em um artigo de 1993, existe a autocensura (do pesquisador), a censura oficial (governamental) e a própria censura dos UFOs. Ele considerava que os UFOs eram naves vindas do espaço exterior, e, dessa forma, essa última desinformação seria perpetrada pelos próprios tripulantes dos UFOs. Na sua concepção, esta censura seria a pior, porque drenaria o avanço da pesquisa.

Apesar da tese de uma desinformação plantada por militares ser apreciável, uma correlação pode se feita aqui com os estudos sobre a existência de uma vida após a morte. Nesta área não há praticamente nenhuma história de ocultação de provas governamentais e militares sobre a existência de espíritos ou de um “mundo espiritual”.

Há muito mito em relação aos militares, como o da super logística

No entanto, por que a ciência ainda não aceita a vida após a morte? Será porque os cientistas não querem reconhecer que existem provas de um mundo invisível a nós? Ou será porque tudo o que foi apresentado até hoje ainda não suplanta a barreira do questionável?

A ciência ainda não aceita a vida após a morte como fato comprovado porque no momento atual não há provas científicas conclusivas de sua existência. O mesmo se diga do fenômeno UFO.

Referências

[1] ALEIXO, Húlvio Brandt. Estudos ufológicos: discos voadores, comunicação e censura. UFO, Campo Grande, n. 22, maio 1993. 

[2] Aviões da FAB caçam OVNIs e acabam caçados. Correio Braziliense, Brasília, p. 9, 22 maio 1986.

[3] BORGES, Alexandre de Carvalho. Esconderam os UFOs nas gavetas do governo. Além da Ciência, 2004. Disponível em <https://www.alemdaciencia.com/esconderam-os-ufos-nas-gavetas-do-governo>.

[4] BOURDAIS, Gildas. From GEPAN to SEPRA: official UFO studies in France. International UFO Review, winter 2000-2001.

[5] MARTINS, João; KEFFEL, Ed. Extra! Discos voadores na Barra da Tijuca. O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 17 maio 1952.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário do Norte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

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