Os últimos anos passaram muito rápido para a cosmologia. Com o anúncio recente de que o telescópio espacial Kepler descobriu 715 novos planetas extrasolares, não podemos deixar de destacar os avanços expressivos que estão sendo realizados, graças ao progresso da tecnologia espacial.

As descobertas do telescópio espacial Kepler

Ao todo, o telescópio Kepler já descobriu mais de 3.600 candidatos a planeta, e confirmou 961 deles. A pergunta que salta de imediato à nossa mente é a velha indagação que ainda continua sem uma resposta definitiva: há alguém aí?

Dessa coletânea de planetas extrasolares recentemente descobertos, apenas alguns estão na “zona habitável” e são candidatos potenciais a florescer vida — seja em escala simples como uma bactéria ou vida complexa como seres pensantes que constroem civilizações e as destroem.

Descoberta de exoplanetas, desde 1995 até fevereiro de 2014
Descoberta de exoplanetas, desde 1995 até fevereiro de 2014

Se existe vida inteligente baseada no carbono em algum desses planetas é possível especular que essas civilizações possam também já ter construído seus telescópios espaciais e já terem nos visualizado em suas lentes. Para eles, nós poderíamos ser apenas mais um planeta com condições propícias à existência de vida. Porém, com as distâncias avassaladoras entre eles e nós, ainda não pudemos nos cumprimentar e nem trocar um simples “olá!”.

Sozinhos no Universo? As esperanças de vida no nosso Sistema Solar

Por mais admirável que seja este anúncio de novos mundos, a certeza que temos é de que não há até hoje nem um ínfimo vestígio científico comprovado de que exista ou existiu vida além da nossa no Universo. E nem comprovação de que fomos visitados um dia. O Paradoxo de Fermi ainda reina incólume.

O astrofísico inglês John Gribbin chegou a escrever o livro Alone in the Universe: why our planet is unique (Sozinhos no Universo: por que nosso planeta é único) para defender que é improvável a existência de vida inteligente fora dos limites terrestres. Pelo menos sua ousada afirmação se ateve à nossa galáxia, a Via Láctea. Fora dela tudo seria uma incógnita ainda longe do nosso alcance.

Porém, nem tudo é um balde de água fria na caça por vida no Universo. Até o fim desta década ainda há esperança de que possamos encontrar vida aqui no Sistema Solar, bem ao nosso lado. O planeta Marte é um forte candidato a ser residência de bactérias resistentes que possam estar sobrevivendo em regiões da subsuperfície e que não são atingidas pela letal radiação ultravioleta que assola a superfície.

Livro do astrofísico John Gribbin: “Sozinhos no Universo”
Livro do astrofísico John Gribbin: “Sozinhos no Universo”.

Enviada para explorar o Planeta Vermelho no final desta década, a missão ExoMars da Agência Espacial Europeia (ESA) levará um rover equipado com uma broca que perfurará a superfície em uma profundidade de cerca de dois metros.

A amostra recolhida desta escavação será analisada pelos instrumentos do próprio rover. O resultado poderá ser o preâmbulo de uma revolução na Astronomia ou apenas uma estrondosa decepção. Porém, os cientistas estão otimistas e esperam que essa expedição possa finalmente revelar se há vida em Marte na atualidade.

E há mais expedições espaciais promissoras para o futuro. O administrador da agência espacial americana (NASA), Charles Bolden, anunciou recentemente que enviará em 2020 uma missão a Europa, uma das luas de Júpiter. Este mundo também é um forte aspirante a existir vida na atualidade, porém nada semelhante a seres mastodônticos como os dinossauros e nem muito menos inteligências que constroem habitações.

O OVNIs que continuam sendo OVNIs

O que verdadeiramente sabemos é que até a presente data não há ninguém por perto — ou, se há, não quiseram se manifestar de forma aberta. O que existe por aí são relatos questionáveis e duvidosos da ufologia que descrevem casos de supostas presenças de alienígenas super avançados tecnologicamente.

Os alegados “alienígenas” descritos pela ufologia estão sobrevoando nossos céus com suas naves fugidias, apesar de não terem demonstrado interesse em pousar suas máquinas voadoras em público e nem quiseram conversar com nossos líderes. Nós ainda não recebemos deles as últimas novidades da galáxia.

O que é suspeito nessas histórias mirabolantes da ufologia é que, apesar dos variados relatos afiançarem que tais seres sejam oriundos de múltiplas procedências do cosmos, todas essas declaradas civilizações alienígenas aparentam ter exatamente a mesma conduta comportamental e psicológica no que se refere ao contato aberto com humanos.

Onde estão os piratas espaciais?
Onde estão os piratas espaciais?

Ou seja, estes seres são refratários em se apresentarem abertamente e são inacessíveis em apertar nossas mãos em público. É claro, nós estamos tratando aqui de uma manifestação ostensiva, na qual suas naves pousem em nossas cidades e sejam filmadas em HD — evidência bem antagônica aos filmes e fotografias toscas de “naves alienígenas” longínquas e borradas que brotam por aí aos borbotões.

Onde estão os piratas espaciais?

Se especularmos que exista uma espécie de “ONU galáctica” no Universo, local onde são criadas “leis” que regulamentem e orientem expressamente a civilizações mais avançadas não efetuarem contato físico abertamente com outras civilizações menos avançadas, soa estranho que nessas histórias da ufologia não existam algo análogo a piratas espaciais.

Analisando teoricamente dentro do paradoxo de Fermi, tais hipotéticas inteligências alienígenas seriam “transgressores do sistema”, seres que não concordam com as regras da “ONU galáctica”, e as desejem violar. Este tipo de civilização estaria interessada em nos contatar amigavelmente ou mesmo nos colonizar destrutivamente.

Os alienígenas das Esferas de Dyson

Se existe vida inteligente no Universo, é possível elucubrar que algumas civilizações estejam atualmente passando por sérias dificuldades e estejam à beira da destruição. Hipotéticas civilizações avançadas que estejam com problemas energéticos podem tentar sobreviver construindo megaestruturas para captar energia da estrela que orbitam.

Essas hipotéticas construções englobariam completamente a estrela e captariam sua energia. Tais estruturas tecnológicas ficaram conhecidas como Esfera de Dyson, por ter sido propostas pelo físico e matemático inglês Freeman Dyson como uma possível solução da necessidade crescente de energia de uma civilização.

Esfera de Dyson: hipotética estrutura construído por uma civilização avançada para capturar energia de uma estrela
Esfera de Dyson: hipotética estrutura construída por uma civilização avançada para captar energia de uma estrela

Se existem tais civilizações no Universo, elas poderiam estar procurando ajudar outras civilizações de sua autodestruição. Os relatos da ufologia não parecem apontar que alguém esteja vindo de uma Esfera de Dyson. Por hora, nós sabemos que casos questionáveis como Roswell e Varginha nunca foram e continuam não sendo prova científica de que estamos sendo visitados por inteligências alienígenas.

Referências

[1] DYSON, Freeman J. Search for artificial stellar sources of infra-red radiation. Science 131, p. 1667-1668, 1960.

[2] GRIBBIN, John. Alone in the Universe: why our planet is unique. Hoboken, NJ: John Wiley & Sons, 2011.

[3] JOHNSON, Michele; HARRINGTON, J. D. NASA’s Kepler mission announces a planet bonanza, 715 new worlds. NASA, 26 Feb. 2014. Disponível em: <http://www.nasa.gov/ames/kepler/nasas-kepler-mission-announces-a-planet-bonanza>.

[4] WESSON, Paul. Cosmology, extraterrestrial intelligence, and a resolution of the Fermi-Hart paradox. Royal Astronomical Society, Quarterly Journal 31, June 1992.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário do Norte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

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