(Crédito: Depositphotos)

Por Ronaldo Dantas Lins Filgueira

 

Reproduzido neste site com a permissão do autor

Trabalho apresentado no IV Encontro PSI, realizado de 10 a 13 julho de 2008, em Curitiba – Paraná, promovido pelas Faculdades Integradas Espírita, através do Curso Livre de Parapsicologia, Centro Integrado de Parapsicologia Experimental (CIPE) e Instituto Nacional de Pesquisas Psicobiofísicas (INPP).

Resumo

O objetivo deste trabalho é identificar o conjunto de fenômenos que podem simular vozes paranormais reversas e, em particular, elaborar um catálogo de palavras cujo reverso seja também outra palavra de nosso código linguístico, o português, demonstrando, assim, a possibilidade do surgimento de pseudovozes paranormais reversas quando as gravações de vozes forem ouvidas ao contrário. Além disto, descreve as metodologias e normas utilizadas para a elaboração deste catálogo.

Não se discute, aqui, as causas, a natureza, das vozes paranormais mais se busca obter uma série de medidas que diminua o risco de tomarmos como sendo vozes paranormais reversas, autênticos eventos aleatórios decorrentes da combinação de fonemas. Os catálogos apresentados não estão acabados, mas em constante processo de elaboração.

1. VOZES PARANORMAIS

1.1. CONCEITO

Para compreendermos o conceito de vozes paranormais, é necessário definirmos fenômeno paranormal. Denominamos de psi ou paranormal a todo o fenômeno que, tendo o homem como elemento deflagrador, apresenta as seguintes características:

a) uma modalidade de conhecimento que uma pessoa demonstra de fatos físicos e/ou psíquicos, relativos ao passado, presente ou futuro, sem a utilização (aparente) dos sentidos e da razão, assim como de habilidades que não resultem de prévio aprendizado.

b) uma ação física que uma pessoa exerce sobre seres vivos e a matéria em geral, sem a utilização de qualquer extensão ou instrumento de natureza material. (BORGES & CARUSO, 1986, p. 257)

Por sua vez, transcomunicação é uma palavra formada por “trans”, de origem latina, que significa “através de”, “para além de”, e pela palavra “comunicação”; derivada do latim “communicatione”, significando o ato ou efeito de emitir, transmitir ou receber mensagens. Portanto, etimologicamente, transcomunicação significa a transmissão de uma mensagem para além dos meios convencionais.

O acréscimo do termo instrumental significa que este ato é feito através de um elemento intermediário, um instrumento; em particular, este instrumento é um aparelho eletrônico. Desta forma, tecnicamente, transcomunicação instrumental é a recepção, transmissão ou emissão de mensagens de natureza psi através de aparelhagem eletrônica. O físico e engenheiro alemão Ernst Senkowski foi o criador deste termo, na década de 80. (RINALDI, 2000, p. 7)

Na transcomunicação instrumental podem ser transmitidas imagens (transimagens) ou sons (transons). Estes sons comumente são de vozes humanas, podendo seu registro se dá por gravadores, computadores, ou outro meio eletrônico, sendo denominados de vozes paranormais. (NUNES, 1998, p. 41)

1.2. CLASSIFICAÇÃO     

As vozes paranormais podem apresentar variantes conforme o modo, a consistência e a forma de expressão, que possibilitam uma grande riqueza do material investigado.

Há dois modos de gravação:

a) Normal – quando o áudio é gravado no sentido normal, da esquerda para a direita.

b) Reverso – quando o áudio é gravado no sentido reverso, da direita para a esquerda.

Ademais, há alguns elementos que dão consistência ou não a comunicação, fazendo com que a voz seja:

Quanto à compreensão do conteúdo:

a) Nítida – Quando há unanimidade, por parte dos ouvintes, no que se refere ao conteúdo da gravação.

b) Dúbia – Quando não há unanimidade, por parte dos ouvintes, no que se refere ao conteúdo da gravação.

Quanto à extensão da mensagem:

a) Curta – Quando a mensagem é constituída de, no máximo, cinco palavras.
b) Longa – Quando a mensagem é constituída de, no mínimo, seis palavras.

Quanto à coerência ao contexto do experimento:

a) Coerente.

a.1) Interativa – Quando o conteúdo da mensagem correlaciona-se ao conteúdo das colocações ou perguntas do interlocutor.

a.2) Não interativa – Quando, apesar da coerência ao ambiente ou aos participantes do experimento, não houver nenhuma provocação verbal por parte dos experimentadores.

b) Incoerente – Quando o conteúdo da mensagem não se correlaciona ao conteúdo das colocações ou perguntas do interlocutor.

Quanto à identidade:

a) Matematicamente idêntica ao de uma pessoa:

i) viva.
ii) falecida.

b) Sem identificação matemática do emissor.

Além disto, as vozes eletrônicas paranormais podem apresentar as seguintes formas de expressão:

Quanto ao gênero:

a) Masculina.
b) Feminina.

Quanto à musicalidade:

a) Melodiosa.
b) Não melodiosa.

Isto posto, elaboramos um quadro de tipologia das vozes eletrônicas paranormais que permite matizar sua qualidade, qual seja:

Vozes tipo A1: Nítida, interativa, reversa, longa.
Vozes tipo A2: Nítida, interativa, reversa, curta.

Vozes tipo B1: Nítida, interativa, normal, longa.
Vozes tipo B2: Nítida, interativa, normal, curta.

Vozes tipo C1: Nítida, Coerente não interativa, reversa, longa.
Vozes tipo C2: Nítida, Coerente não interativa, reversa, curta.

Vozes tipo D1: Nítida, Coerente não interativa, normal, longa.
Vozes tipo D2: Nítida, Coerente não interativa, normal, curta.

Vozes tipo E1: Nítida, incoerente, reversa, longa.
Vozes tipo E2: Nítida, incoerente, reversa, curta.

Vozes tipo F1: Nítida, incoerente, normal, longa.
Vozes tipo F2: Nítida, incoerente, normal, curta.

Vozes tipo G: Dúbia

Neste trabalho, não estaremos interessados nas vozes tipo G, passíveis de inúmeras interpretações, nem as do tipo B, D e F, por serem no modo normal, ou seja, trataremos, apenas, das vozes tipo A, C e E. 

2. VOZES PARANORMAIS REVERSAS

2.1. Conceito

São vozes paranormais que surgem ao se ouvir uma reprodução em sentido contrário ao que foi efetuada a gravação. O primeiro transcomunicador a observar a existência das vozes reversas foi Jürgenson. Fazer a reversão com gravador é muito trabalhoso. Se a TCI é feita com gravadores de rolos, é suficiente inverter os rolos. Porém, se a gravação é feita em fita cassete, teremos que abrir a caixa da fita e fazer inversão manualmente. Atualmente, está bastante disseminada a gravação pelo computador, através do uso de programas de voz, que promovem a reversão com um simples clicar do comando “Reverse”.

2.2. Tipos

Há, basicamente, dois tipos de vozes reversas:

a) Aquelas em que há uma voz humana no sentido normal e uma voz paranormal no reverso;
b) Aquelas em que há uma voz paranormal tanto no sentido normal como no reverso.

Como subtipo deste, temos a voz reversa sequencial, que complementa a voz paranormal gravada em sentido normal. O seguinte exemplo transliteramos da professora Sônia Rinaldi:

“O caso desse transcontato ocorreu durante uma gravação, quando, numa reunião de associados, eu estava com um sino na mão para brincar e reunir o pessoal. No momento em que toquei o sininho, uma voz infantil modulou o som desse sino dizendo:

– AQUI É GUSTAVO.

O mais impressionante é que, no sentido reverso, vem à sequência da mensagem. Diz:

SEJA FORTE, MÃE.

Há que se notar que, para tal fenômeno ocorrer, a voz do mesmo menino gravou duas mensagens diferentes simultaneamente, sem que uma interfira na outra.” (RINALDI, 2000, pp. 92-93).

Também é relatado pela professora Sônia o seguinte caso de voz reversa sequencial:

“Foi com surpresa que recebi uma gravação da transcomunicadora Deires Hoffman, de Amparo-SP, com a seguinte gravação:

– É o Lão, estou falando!

Fiquei chocada, porque “Lão” era o apelido do Fernando que somente eu e ele conhecíamos, nem mesmo familiares. E mais surpreendente ainda, no reverso se ouve:

– Sônia, com amor!.

Assim, é um áudio sequencial, que completo fica:

– É o Lão, estou falando, (pra) Sônia, com amor!” (RINALDI, 2005, p. 169).

2.3. Exemplos Práticos

Vamos citar, aqui, dois casos de vozes reversas. O primeiro caso nos é fornecido pela transcomunicadora Sônia Rinaldi. Ela relata que em janeiro de 1998 recebeu a visita de um cientista que foi ajustar os equipamentos de captação de imagens, tendo realizado a gravação de sua conversa enquanto o Dr. Augusto fornecia explicações sobre Física.

Pode-se identificar a presença de vozes paranormais tanto no sentido normal como no reverso. Em uma das gravações, o Dr. Augusto diz:-“(…) até a esse ponto eu consigo, realmente, entender o que está sendo dito… essas são as transformações (..)”. Ao se reverter essa frase, parte dela fica indecifrável, mas aparece duas vozes que modulam sobre a voz do Dr. Augusto e dizem: “Eu sou José” e “Que moça bonita”. É bom observar que não se conhece até hoje nenhuma tecnologia que possa produzir, no sentido inverso, gravações inteligíveis. Esse e os demais casos foram enviados para análise, por especialistas da USP, que concluiu pela não existência de evidência de que todas as locuções tenham sido pronunciadas pelo mesmo locutor, visto que os valores normalizados não se encontram perto o suficiente. (RINALDI, 1999, pp. 69-72).

O outro caso foi obtido em Pernambuco, no Grupo de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental Ivo Cyro Caruso, em sessão experimental de 24 de setembro de 2005. Em conversas anteriores ao início da gravação, Ronaldo Dantas lembrou a necessidade de, paralelamente a prática dos experimentos de TCI, formarmos, também, um grupo de estudos sobre o tema, para que pudéssemos aprofundar e aprimorar nossos conhecimentos e técnicas.

A certa altura do experimento, quando o transcomunicador Fernando Pereira estava falando do filme sobre TCI, que estava passando no cinema, no reverso de sua voz, modulando-a, quando dizia “… o título no Brasil é Vozes do Além.”, surge a gravação “claro… é preciso organizar o grupo de estudo”.

Esta modalidade de voz paranormal (a reversa) é mais comum do que se imagina, conforme defende o transcomunicador Hildegard Schäfer, ao asseverar que “… É provável que tais resultados possam ser contatados em todas as comunicações recebidas, caso fossem examinadas deste ponto de vista… Ao passar minha fita Beispiele paranormaler Tonbandstimmen [Exemplos de Vozes Paranormais], (Editora Hermann Bauer, Friburgo, podemos observar que, em quase todas as setenta gravações, resultam, na reprodução invertida, mensagens diferentes mas também perfeitamente inteligíveis”. (SCHÄFER, 1997, p.60)

2.4. Mecanismo de Gravação

O professor Salvatore de Salvo faz algumas recomendações para obtermos com mais sucesso as vozes paranormais, que devem ser objeto de observações acuradas, quais sejam: obtêm-se melhores resultados quando se grava à noite, possivelmente em tempo claro; temporais dificultam, quando não impedem, a recepção; a lua crescente atua positivamente. (SALVO, 1992, p. 230)

No caso específico das vozes reversas, o Ph.D. Augusto Beresawskas, da Universidade de São Paulo, propôs um modelo para descrever o processo de produção de vozes reversas que consiste basicamente em supor a existência de “uma flutuação temporal entre a nossa Realidade e outras Realidades, que pode ser expressa por uma hilicóide”.

Se efetuarmos um corte numa posição dessa helicóide e fixarmos um determinado tempo, teremos que o Tempo estará se deslocando num sentido por uma alça e em sentido contrário por outra. Esta helicóide seria uma projeção bidimensional de um Tempo n-dimensional, possibilitando a captação de mensagens inteligíveis nos dois sentidos.

Temos, assim, janelas periódicas, de segmentos constantes ao mesmo tempo nas várias Realidades, provindas de um colapso de uma Realidade Temporal maior para uma menor. Desta forma, o tempo pode ser entendido como a sucessão de eventos em Realidades Múltiplas, que, quando observada a partir da nossa Realidade, as outras Realidades todas são colapsadas naquilo que você observa aqui. (RINALDI, 2000, pp. 94-97)

3. PSEUDOVOZES PARANORMAIS REVERSAS

3.1. Conceito

Ao escutarmos uma reprodução sonora em sentido contrário ao que foi gravada, em raras ocasiões é possível identificar palavras de nosso ou de outro idioma, fazendo-se necessário o reconhecimento e identificação deste fenômeno para não confundirmos com as autênticas vozes paranormais reversas. Com este intuito, discutiremos, aqui, as ocasiões em que tais eventos ocorrem que são basicamente dois: Como variável psicológica o fenômeno projetivo e como variável técnica os anagramas fonéticos.

3.2. O Fenômeno Projetivo

O prof.º Wellington Zangari e a prof.ª Fátima Regina Machado, no trabalho “Recomendações Metodológicas aos Transcomunicadores”, no site www.portalpsi.com.br, estabelece critérios para a implementação de um método científico na investigação das transcomunicações instrumentais, dos quais destacamos o fenômeno projetivo que transliteramos a seguir:

“Nosso objetivo é apresentar algumas das prováveis hipóteses alternativas acompanhadas de sugestões de soluções metodológicas que poderiam controlá-las de maneira efetiva. A seguir, faremos a apresentação sucinta das variáveis que sempre deveriam ser controladas e dos controles que poderiam ser empregados nas pesquisas de TCI…

… Dá-se o nome de fenômeno projetivo ao fato de um indivíduo reconhecer padrões em um evento caótico. O fenômeno de atribuição da causalidade, por seu turno, pode ser definido como o sentido ou interpretação emprestada a um evento qualquer. O indivíduo, por assim dizer, projeta seus conteúdos psicológicos, expectativas, crenças, em um evento qualquer, ainda que sua natureza seja caótica, sem sentido.

Estes fenômenos psicológicos, já investigados há mais de um século pela Psiquiatria, pela Psicologia (sobretudo pela Psicanálise e pela Psicologia Social), têm sido utilizados, inclusive, com finalidades diagnósticas. Os testes projetivos, por exemplo, formam uma família de testes em que este princípio é aplicado. O mais conhecido destes testes, o Rorscharch, emprega cartões com manchas de tinta, semelhantes às manchas simétricas obtidas a partir da colocação de tinta em uma folha e que é, então, dobrada uma vez e desdobrada. Cada observador vislumbra alguma imagem nas manchas de maneira semelhante às figuras vistas ao se observar as nuvens.

No caso específico da pesquisa em TCI, o observador poderia, em alguns casos, não ver ou ouvir alguma manifestação “paranormal”, mas interpretá-la como tal mediante o mecanismo da projeção e da atribuição da causalidade. Um ruído qualquer oriundo, por exemplo, do mecanismo do próprio gravador, poderia ser interpretado, posteriormente, como uma resposta ou comentário de fonte “espiritual”. Evidentemente, tal hipótese apenas seria válida para sons e imagens nada nítidas ou pouco nítidas, em que haveria que se fazer certo “esforço” para se reconhecer algum padrão organizado no evento.

Para que a projeção e a atribuição da causalidade venham a ser controladas, recomendamos que os investigadores em TCI ou aceitem apenas os sons e imagens perfeitamente nítidas, em que todos os observadores reconheçam o mesmo efeito ou, ao aceitarem efeitos pouco nítidos, realizem um processo de análise grupal e “cego”. Nesta última hipótese, seriam chamados, pelo menos, mais quatro transcomunicadores treinados para ouvirem (ou verem) o som (ou imagem) obtido. Sem ter acesso à interpretação de seus colegas, cada transcomunicador oferece sua interpretação por escrito. Após os 5 palpites, abrem-se as folhas de registro de interpretação.

Apenas no caso de haver concordância em pelo menos três dos cinco palpites é que se considerará o efeito como digno de investigação posterior. É comum verificarmos em seções de apresentação de gravações ou imagens o seguinte expediente: o transcomunicador revela sua interpretação do evento (som ou imagem) e, apenas posteriormente, apresenta a gravação ou imagem registrada. Este procedimento não é aconselhável, já que pode haver uma indução da percepção dos assistentes.

Em alguns casos, no entanto, mesmo a utilização deste expediente, não parece suficiente para garantir concordância perceptual entre a captação supostamente paranormal e a interpretação. Algumas vezes, verificamos que a interpretação do pesquisador que registrou certo efeito é contestada pelos assistentes. Isto mostra a necessidade de maior objetividade na avaliação dos efeitos registrados…”. (ZANGARI & FÁTIMA, 2007)

3.3. Fita Torcida

 O fenômeno projetivo pode ocorrer, também, no sentido normal de gravação, por ocasião do surgimento de fitas torcidas, que seria uma variável de natureza técnica acoplada a fenômeno projetivo.

Conforme a prof.ª Sônia Rinaldi, pelo menos uns três casos já chegaram a Associação Nacional dos Transcomunicadores – ANT, hoje denominado de Instituto de Pesquisas Avançadas em Transcomunicação Instrumental – IPATI, para análise, porque a pessoa encontrou gravações que pareciam gravadas “em idiomas desconhecidos”, e logo deduziam que eram paranormais. Em 95% dos casos, essas ocorrências devem-se, apenas, a fita torcida, por simples descuido, não se tratando de fenômeno paranormal. Transliteramos, a seguir, o relato da professora Sônia Rinaldi:

“Um exemplo foi o caso trazido por uma associada, que enviou-nos uma fita com uns cinco minutos de nhumbtijlbh, nhfyb, hnmjgppk; etc. Língua desconhecida? Voz reversa? Que fenômeno seria aquele?

A profª Sônia Rinaldi enviou a fita ao associado da ANT, Engº. Valdir Cunha, que, cuidadosamente, fez a inversão manualmente, com árduo trabalho (já que, naquele período, ele não usava computador ainda para tratamento de áudio). Copiou inicialmente da fita para um gravador de rolo e, por fim, se deu ao trabalho de anotar todas as frases.

A conclusão foi que se tratava de uma poesia de fundo espiritualista.  O resultado foi levado para a associada que o forneceu, para que pudesse apreciar o caso. Ao que ela ouviu, disse de imediato:

-“Mas essa é gravação do médium “x”, feita em Uberaba, no término de um encontro no qual eu estava… e é a voz dele também”.

Oras, se não era falecido, e, se a mensagem era tal e qual a gravação original, só poderia ter ocorrido algo muito simples, que por fim, foi confirmado. Ao fazer uma cópia, acidentalmente, a fita enroscou no cabeçote do aparelho. Depois de arrumado, não se deu conta de que a fita amassou e torceu. Ou seja, a partir daquele ponto o áudio seria registrado no verso da fita. Essa fita foi guardada e ninguém mais se lembrava dela. Tempos depois, desejando reaproveitá-la, colocou para gravar. E aí teve a surpresa da “língua estrangeira desconhecida”. Foi fácil verificar: pegamos a fita original e a rolamos manualmente até que, záz, lá estava o retorcido causador do “falso fenômeno”. “ (RINALDI, 2000, pp 88-89).

Em Pernambuco também tivemos um caso semelhante a este, conforme relato do professor Valter da Rosa Borges, descrito a seguir:

”Em outubro de 1973, fui convidado a ir ao gabinete do Presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, Desembargador João Baptista Guerra Barreto, que desejava falar-me a respeito de um estranho fenômeno que ocorrera naquele Tribunal.

Contou-me que, em sessão de uma das Câmaras Cíveis, o voto do Desembargador Pedro Malta, depois de gravado e taquigrafado, foi levado para ser conferido e datilografado. Qual não foi a surpresa da datilógrafa, quando ao conferir as notas taquigrafadas com a gravação da fita cassete, ouviu, após alguns minutos da fala de Pedro Malta, uma voz estranha dizendo coisas incompreensíveis. Aquele fato causou perplexidade entre funcionários, juízes e desembargadores e, de logo, se pensou tratar-se de um fenômeno sobrenatural.

Guerra Barreto, hoje falecido, com a sua costumeira serenidade, mandou investigar a fita por poliglotas que ele conhecia, a fim de descobrir se se tratava realmente de algum idioma. Como não obteve êxito nessa tentativa, resolveu pedir a minha ajuda para investigar o fenômeno, e disse-me que, para isso, providenciaria uma cópia da gravação originou. Solicitei-lhe que me fornecesse a gravação original, o que ele o fez sem qualquer objeção.

Levei a fita cassete para a minha residência e, de logo, telefonei para João Alves de Andrade, técnico em eletrônica e funcionário da TV Universitária Canal 11. Depois de relatar-lhe o acontecido, Andrade asseverou-me que sabia do que se tratava e, horas depois, chegava ao meu apartamento para examinar a fita. Antes, porém, explicou-me que, seguramente, a fita, por ocasião da gravação, havia dobrado dentro do cassete. Abriu, então, o cassete e, de imediato, encontrou o local onde a fita havia dobrado.

Colocamos o cassete no gravador e ouvimos a gravação até o fim. A fala de Pedro Malta reapareceu na sua integridade e a voz misteriosa, falando um idioma desconhecido, não mais se reproduziu. Devolvi o cassete a Guerra Barreto e expliquei-lhe a causa do fenômeno, esclarecendo que, se ele tivesse me fornecido a cópia da gravação e não o original, aquele “mistério” jamais seria resolvido”. (BORGES, 2000, p. 52).

Esse fenômeno, embora não se relacionando diretamente com vozes reversas, mas com pseudovozes paranormais de uma forma geral, servem para ilustrar o cuidado que devemos ter ao lidar com estes fenômenos, para não fazermos interpretações precipitadas e termos o cuidado de olhar o evento sobre várias perspectivas.

3.4. Anagramas fonéticos

3.4.1. Conceito

Entende-se por anagrama de uma palavra a sua expressão em que suas unidades gráficas ou fonéticas situam-se em uma nova ordem, encontrando-se, portanto, transladadas, isto é, temos uma permutação da ordem anterior.

Seja A = (a1, a2, a3, …, ai, …, an) uma sequência de letras ou fonemas e A’ = (an, …, ai, …, a3, a2, a1) a permutação de A em que cada termo é dado pela expressão a1 = an+1-i, ou seja, a soma das novas posições com as posições anteriores de cada letra ou fonema será n + 1, o que significa que estas posições estarão totalmente invertidas (a última será a primeira, a penúltima será a segunda e assim por diante).

Neste caso diremos que a permutação é a inversa de A, ou seja, teremos um anagrama inverso. Se A = A’, o anagrama inverso se denomina um palíndromo e neste caso ambos serão escritos e/ou pronunciados da mesma forma. Como exemplos temos a palavra RADAR como um palíndromo gráfico, mas não fonético, e ARARA como um palíndromo gráfico e fonético.

É evidente que só nos preocuparemos com os anagramas inversos que tenham significado, isto é, que seja uma palavra de um idioma, são os anagramas inversos significativos. Como estamos lidando com vozes, nossa preocupação será com os anagramas fonéticos significativos. Em suma, o anagrama poderá não ter nem um significado, sendo um mero arranjo de letras e/ou fonemas, sem correspondência em um código linguístico, denominando-se anagrama não significativo e, em caso contrário, anagrama significativo, que é o que nos interessa.

Finalmente, temos que fazer a diferença entre anagrama inverso e especular. Sob o aspecto gráfico temos que se as letras se encontram transladadas, na forma que foi definida anteriormente, teremos um anagrama inverso; porém, se posta diante de um espelho faz-se necessário um esforço de percepção para entender a palavra visto que o espelho também rotacional as letras em torno de seu eixo médio vertical.

Assim, a palavra AMAR se tornará яАМA, onde o símbolo я não tem significado. Para uma leitura correta teríamos que rotacionar todas as letras conforme descrito, obtendo яАМA, que diante do espelho ficará RAMA, agora com sentido. Dizemos que яАМA é o anagrama especular de AMAR, que é um caso particular do anagrama inverso.

Esta diferenciação é encontrada na psicografia, que é uma forma de fenômeno telepático, em que é dita invertida, se a mensagem for escrita invertendo a ordem das letras, como, por exemplo, RAMA, em vez de AMAR e denomina-se especular, se além de invertidas as letras forem rotacionadas, de tal maneira que só podem ser lidas em oposição a um espelho, como em яАМA. (BORGES, 1976, p.56).

Em termos fonéticos, teremos que no anagrama fonético inverso temos a inversão da ordem dos fonemas, conforme descrito anteriormente, porém não obrigatoriamente estes são pronunciados invertidos; se assim ocorrer, teremos, de forma análoga, o anagrama fonético especular ou reverso. Assim, MARIAS é o anagrama fonético especular significativo de SAÍRAM, embora SAIRAM não seja o anagrama fonético especular de MARIAS, visto que este é SIAIRAM.

3.4.2. Classificação dos anagramas especulares significativos

Quanto à forma de expressão, o anagrama especular significativo pode ser:

a) Gráfico – Quando a palavra escrita ao contrário produzir outra palavra, não se considerando a acentuação prosódica, nasalações ou outros sinais e acentos. Como exemplo, temos a palavra “socorram” cuja antípoda gráfica é “Marrocos”. Estes são os conhecidos palíndromos alfabéticos, ou simplesmente palíndromos.

b) Fonético – Quando a palavra, falada ao contrário, produzir outra palavra, devendo considerar-se sempre, neste caso, a acentuação prosódica, nasalações ou outras variantes sonoras dos fonemas. Como exemplo temos a palavra “missa” cuja antípoda é “assim”. Neste exemplo, o anagrama fonético também é anagrama gráfico, porém, nem sempre é desta maneira. A palavra “cidade”, tem como anagrama fonético “idades”, mas não é um anagrama gráfico e a palavra “socorram” é anagrama gráfico de “Marrocos”, mas não é um anagrama fonético.

Quanto ao código linguístico a que pertencem, os anagramas especulares significativos podem ser:

a) Não híbridos: Se pertencem ao mesmo código linguístico (idioma) da palavra que a originou como é o caso dos anagramas citados até agora, que pertencem todos ao português.

b) Híbridos: Se pertence a um código linguístico (idioma) distinto ao da palavra que o originou como é o caso do anagrama fonético “He”, ele em inglês, originada de “ir”, verbo da terceira conjugação do idioma português.

3.5. Pseudoanagramas Fonéticos Especulares – Efeito McGurck

Este efeito foi descoberto, na década de 70, pelos pesquisadores Harry McGurk e John MacDonald, sendo descrito em seu trabalho humoristicamente “Hearing Lips and Seeing Voices” [Ouvindo Lábios e Vendo Vozes], publicado em 1976 na Nature.  Quando recebe uma mensagem truncada, notadamente visual ou auditiva, a mente tende a percebê-la como um todo, aproximando-a o mais possível de um termo conhecido. Esta ilusão, gráfica ou fonética, mostra a integração que nosso cérebro faz, inconscientemente, de diversos estímulos.

3.5.1. Gráfico (escrito)

No efeito McGurk escrito, as palavras do texto podem manter a primeira e a última letra, enquanto as letras intermediárias podem ficar embaralhadas que, mesmo assim, conseguimos, por um processo de gestalte, as ler. Como exemplo temos o texto a seguir:

“De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesridae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e a útmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma ttaol bçguana que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo”. Com isto podemos perceber uma palavra onde temos um mero arranjo de letras, sem significação. (BRASIL, 2003)

3.5.2. Sonoro (fonético)

Imagine um vídeo em que uma pessoa pronuncia a sílaba /ga/ e ao mesmo tempo seja acionado um áudio em que é pronunciada a sílaba /ba/. Ao vermos o vídeo e escutarmos o áudio ao mesmo tempo, percebemos a sílaba /da/. Se ouvirmos apenas o som, escutaremos /ba/.

Ao correlacionar os dois estímulos, o som /ba/ e a imagem /ga/, o cérebro faz o melhor que pode para a integração dos estímulos e percebemos um /da/ (isto é, ba+ga=da).

Esta ilusão permanece mesmo depois que a conhecemos, ou seja, mesmo sabendo que o som é /ba/, ao ver o vídeo continuamos percebendo um /da/. Isto parece ocorrer porque ba, da e ga são sons parecidos, e nós integrarmos pistas visuais em nossa percepção dos sons. O efeito McGurk ocorre também com outras sílabas semelhantes.

Ademais, analogamente ao efeito McGurck gráfico, é possível que um conjunto de fonemas, sem significado, possa ser entendido como uma palavra do código linguístico em questão.

4. CATÁLOGO IPPP DOS ANAGRAMAS FONÉTICOS ESPECULARES SIGNIFICATIVAS (CIAFES)

4.1. Considerações Gerais – O Catálogo de Objetos Messier

De 1754 a 1783, o astrônomo francês Charles Messier elaborou um catálogo de objetos astronômicos que poderiam ser confundidos, na época, com cometas, mas que eram aglomerados de estrelas, nebulosas planetárias e difusas, e galáxias. Estes objetos celestes são vistos como manchas na abóbada celeste, assemelhando-se a cometas quando ainda se encontram distantes do Sol. Ao todo, contém o catálogo 109 objetos enumerados, tendo esses um “M” maiúsculo na frente do algarismo. Por exemplo, M 31 é a designação da galáxia de Andrômeda.

De forma semelhante, estamos propondo a elaboração de um catálogo de sons, cujas antípodas resultem em outros sons, com significado no sistema linguístico português. Este catálogo inicial foi elaborado no Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP, como resultado de elaboração teórica e das sessões de experimentações em Transcomunicação Instrumental – TCI, do Grupo de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental, que integra a Associação Pernambucana de Transcomunicadores (APT), que se reúne na sede do IPPP.

Doravante, denominaremos o resultado deste trabalho de Catálogo IPPP de Anagramas Fonéticos Especulares Significativos (CIAFES). A finalidade deste catálogo é evitar que estes sons sejam confundidos com vozes paranormais no reverso das gravações de TCI, refinando, desta forma, a metodologia utilizada nestes experimentos.

4.2. Metodologia utilizada na elaboração do CIAFES

A elaboração do catálogo passou por quatro etapas sucessivas e complementares, descriminadas a seguir, em consequência da busca de meios que possibilitassem sua construção de forma mais rápida e eficaz.

O primeiro procedimento utilizado foi o método empírico no qual, à medida que os anagramas fonéticos especulares significativos (AFES) fossem surgindo ao longo dos experimentos de TCI, estes seriam catalogados.

Além de muito moroso, este procedimento dependia do acaso, da sorte de surgir, ao longo das conversações dos experimentos de TCI, palavras ou frases cujas reversas resultassem em outras palavras ou frases de nosso vernáculo. Ademais, faltava-nos uma visão geral do quanto avançamos em termos de finalização do catálogo, por não termos ideia da quantidade de sons significativos possíveis em nosso idioma.

Objetivando superar estas dificuldades, passamos a utilizar o método sistemático dicionarístico, em que buscávamos gravar todos os verbetes do dicionário, com suas respectivas flexões em número e grau e em seguida ouvíamos a gravação inversa e anotávamos as observações importantes. Num segundo momento deste método, repetíamos o mesmo procedimento para as flexões verbais, quanto ao modo, tempo, pessoa e número.

Este método tem a vantagem de ser ordenado, não dependendo do puro acaso, e permitir uma varredura significativa dos verbetes linguísticos, apesar de não ser completa, pois os dicionários sempre apresentam palavras ausentes, como os termos técnicos e os neologismos recentes, por exemplo.

Sua desvantagem é o grande número de palavras que teria de ser gravada e analisada, consumindo muito tempo e esforço. Ademais, as palavras produzidas por junções de outras não seriam detectadas, já que trabalhávamos com as palavras isoladas. Assim, os dois métodos passaram a ser usados concomitantemente, de forma complementar.

Visando minimizar as dificuldades inerentes aos métodos anteriores, passamos a utilizar o método sistemático fonético. Inicialmente, procuramos identificar os fonemas da língua portuguesa e identificar aqueles cujo inverso também são fonemas.

Verificamos que este procedimento não é o mais adequado porque alguns fonemas não têm expressão sonora isoladamente, necessitando da junção de outros fonemas, bem como, o inverso de certos fonemas é idêntico ao inverso de outros fonemas. Ademais, o problema do surgimento de associações de fonemas que resultassem em palavras com sentido, nos reportava ao método anterior.

Finalmente, chegamos ao método de varredura axiomático, na qual procuramos identificar princípios pelos quais são produzidos os AFES e daí obtermos estas palavras, permitindo resultados mais céleres e eficazes. Verificamos, assim, que os mais fortes candidatos AFES são os anagramas gráficos.

4.3. Normas dos Anagramas Fonéticos Especulares       

Ao analisarmos vários AFES, observamos certos indícios que nos permitirão prever quais palavras são fortes candidatas a terem AFES; são as chamadas normas dos anagramas fonéticos.

1ª Norma – Muitos anagramas especulares gráficos são anagramas especulares fonéticos, logo são fortes candidatos a serem AFES.

2ª Norma – Se uma palavra se inicia por uma das seguintes consoantes: B, C com som de K, D, G gutural, H, P, Q, T ou V, então, no reverso, elas são praticamente inaudíveis.

São pronunciáveis: C sibilante, F, G não gutural, J, M, N, R, S, X e Z.

3ª Norma – O EM ou EN final, no reverso, produzem IE.

4ª Norma – O AFES preserva sempre a acentuação prosódica da palavra original.

5ª Norma – Os sons sibilantes (S, SS, SC, C sibilante, Ç) pronunciam-se, no reverso, como SS.

Os sons S entre vogais, Z não final, pronunciam-se, no reverso, como Z.

Os sons Ch, X, pronunciam-se, no reverso, como Xi.

Os sons S e Z final pronunciam-se, no reverso, como Si.

6ª Norma – O R vibrante, no reverso, pronuncia-se como tal e o R gutural ou dois erres pronunciam-se, no reverso, como RR.

7ª Norma – O L final tem, no reverso, som de u.

4.4. Catálogo de Palavras e Frases Que São Anagramas Fonéticos Especulares Significativos.

Antes de apresentarmos o catálogo, faz-se necessário alguns esclarecimentos:

a) Existem algumas palavras cujos anagramas fonéticos especulares apenas se parecem com outras palavras, não são AFES autênticos, sendo pseudoananagramas fonéticos especulares significativos.

b) Temos que considerar, ainda, as AFES parciais ou segmentares, em que apenas uma parte da palavra original produz, no reverso, uma palavra do código linguístico, como “patrocínio”, em que a parte em negrito, no reverso, é “início”.

c) O conjunto de palavras que são AFES, isoladamente, não esgota todas as possibilidades de obtermos AFES, posto que, o final de uma palavra em conjunto com o começo de outra, podem vir a formar um AFES, aumentando, enormemente, as possibilidades de obtermos novos AFES, são os AFES acopladas.

d) Algumas palavras formam AFES, porém, estes, não obrigatoriamente produzem a palavra que lhe deu origem. Neste caso grafamos normalmente, e naquele grafamos em negrito. Como exemplo, temos: Zorra produz Arroz, mais o reverso de arroz não é zorra.

CATÁLOGO IPPP DE ANAGRAMAS FONÉTICOS ESPECULARES SIGNIFICATIVOS EM PORTUGUÊS

Normal Inverso Normal Inverso Normal Inverso
Acata Ataca Ator Rota (ô) Raça Assar
Ala Alá Ávaro Orava Rata Atar
Alá Ala Aviva Aviva Reviver Reviver
Alô Ola (ô) Avó Ova Ri Ir
Aluna Anula Azul Lusa Rir Rir
Ana Anã Cidade Idades Rodo (ô) Odor
Anã Ana Idades Cidade Roma amor
Anilina Anilina Idade Idade Rota (ô) Ator
Anula Aluna Ir Ri Sabá Abas
Ara Ará Ira Ari Saída Adias
Ará Ara Lusa Azul Saíram Marias
Arar Rara Mala Alan Saíssem Messias
Arara Arara Mela Além Satrapa Apartas
Ari Ira Melar Ralem Ser Reis
Arreta Aterra Missa Assim Sina Anis
Assar Raça Odor Rodo (ô) Siri Íris
Assim Missa Ola (ô) Alô Somos Sumos
Ataca Acata Orar Raro Sumos Somos
Atar Rata Orava Avaro Zorra Arroz
Aterra Arreta Ova Avó

Obs: As palavras em negrito são anagramas fonéticos no sentido da direita para esquerda e da esquerda para a direita. As palavras que não estão em negrito são anagramas apenas no sentido indicado no catálogo.

CATÁLOGO IPPP DE ANAGRAMAS FONÉTICOS ESPECULARES SIGNIFICATIVOS ACOPLADOS EM PORTUGUÊS

Normal Inverso Normal Inverso Normal Inverso
Idade simples Simplicidade Desaba A base A taba Abata
Simplicidade Idade simples Otário Oi rato Abata A taba
A terra Arreta(1) Oi rato Otário A Viva Aviva
A reta; arreta A terra Lata A tal A caca A caca
No ar Raul A tal Lata A baba A baba
Com esse Seu Lítio Oi til A Lila A Lila
A mim nem Menina Oi til Lítio O galo O lago
O burro Urubu A Xuxa A Xuxa O lago O galo
Ani é rica Aqui reina A paca A capa O teto O teto
A tora A rota A capa A paca A cobaia vai à boca A cobaia vai à boca
Reto o avião Valter O galo O lago Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos
A roda adora A cuca A cuca Rir é ferir Rir é ferir
A tropa A porta A taxa A chata, achata O vôo do ovo O vôo do ovo
A dor Roda A coca A coca Zé de Lima A mil e dez
A droga (ó) A gorda (ô) A toa A outra    
Amarga A grama A dama Amanda    
Carro Urrar Urca A cru    
O dado O dado A cru Urca    
O dedo O dedo A tropa A porta

(1) A terra = A reta

CATÁLOGO IPPP DE ANAGRAMAS FONÉTICOS ESPECULARES SIGNIFICATIVOS SEGMENTARES EM PORTUGUÊS

 

Normal Inverso Normal Inverso Normal Inverso Normal Inverso
Viva Ave Tirocínio Início Luciana Anã
Diva Ave Coluna Anulo Fama, Dama, Gama, Rama, Lama Ama
Patrocínio Início Pedroca Acorde
Latrocínio Início Raciocínio Início

5. CONCLUSÃO 

Faz-se mister notar que o tema aqui discutido é da mais alta relevância não apenas em termos científicos como também filosófico. Se a mente é capaz de interagir com aparelhos eletrônicos e impregnar suas estruturas com imagens e sons, que se diria da sua relação com os organismos vivos e as sérias repercussões que isto pode trazer para a nossa cosmovisão.

Entretanto, é necessário ficar claro que não se discute a causa última da transcomunicação instrumental; trata-se, sim, de uma análise de um conjunto de fatos, até agora observados, e da busca de elementos que permitam estabelecer um padrão sobre o qual poderemos nos basear para diferenciarmos quando estivermos diante de um fenômeno autêntico de vozes paranormais reversas ou de outro fenômeno que a simule.

Alguns aspectos devem ser enfatizados:

1 – Durante gravações em fita cassete, computador etc, surgem vozes que não são registradas pelas formas conhecidas.

2 – Muitas vezes estas vozes aparecem quando a gravação se processa no sentido contrário, são as vozes reversas.

3 – Não é bem verdade que no reverso nenhuma palavra com significado aparece, visto que, palavras ou frases podem surgir do emaranhado aleatório de sons, são os anagramas fonéticos especulares significativos (AFES).

4 – A identificação e o reconhecimento destes AFES é fundamental para que não os tomemos como autênticas vozes reversas.

5 – Para isto faz-se necessário a elaboração de um catálogo de palavras ou até mesmo frases que seja AFES, nos moldes do catálogo Messier.

6 – No reverso também pode surgir palavras de outros idiomas, são os AFES híbridos, sendo importante, também, no futuro, a elaboração de um catálogo para estes anagramas, relacionando vários idiomas entre si.

7 – É necessário que se diga que este catálogo não está acabado, mas se encontra permanentemente em elaboração, sendo acrescido a cada dia com um ou mais AFES novos. O importante é que a ideia foi lançada e precisa ser continuamente estendida e aperfeiçoada.

8 – Esperamos que em breve sejam elaborados também catálogos com AFES híbridos bem como catálogos de palavras e AFES em outros idiomas.

9 – A identificação destes AFES que podem ser erroneamente interpretados como vozes paranormais não invalida a existência de fenômenos de vozes reversas autênticas, muito pelo contrário, fornece mais um elemento para se evitar erro de interpretação e fortalece a autenticidade do fenômeno da voz reversa quando esta é encontrada e não corresponder a um termo da lista.

O caminho que deveremos seguir no emaranhado destas variáveis, só o futuro o dirá. Cabe a cada um de nós refletirmos sobre o tema, em busca de respostas e, nesta procura, é certo, surgirão inúmeras perguntas.

Esperamos que esta e outras listas possam ser criadas e ampliadas, baseadas nas idéias aqui expostas, fornecendo subsídios para que possamos criar experimentos parapsicológicos cada vez mais eficazes e seguros.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Hernani Guimarães. A Transcomunicação Através dos Tempos. Editora Jornalística Fé. São Paulo – SP. 1997. pp. 301.

BORGES, Valter da Rosa. Introdução ao Paranormal. Recife: IPPP, 1976. pp. 191.

BORGES, Valter da Rosa & CARUSO, Ivo Cyro. Parapsicologia: Um Novo Modelo (e outras teses).  Recife: FASA, 1986.

BORGES, Valter da Rosa. A Parapsicologia em Pernambuco. Recife: IPPP, 2000. pp. 216.

BRUNE, François & CHAUVIN, Rèmy. Linha Direta do Além: Transcomunicação Instrumental – Realidade ou Utopia?  1ª. Edição. Editora Cultural Espírita – EDICEL. Sobradinho – DF. 1994.  pp.368.

BRUNE, François. Os Mortos nos Falam. 2ª. Edição.  Editora Cultural Espírita – EDICEL. Sobradinho – DF. 1994. pp. 289.

BANDER, Peter. Os Espíritos Comunicam-se por Gravadores. 4ª. Edição.  Editora Cultural Espírita – EDICEL. São Paulo – SP. Pp. 190 [953]. 1985.

GOLDSTEIN, Karl W. Transcomunicação Instrumental. Editora FE. São Paulo – SP. 1992. pp. 184.

LOCHER, Theo & HARSCH, Maggy. Transcomunicação – A Comunicação com o Além por Meios Técnicos. 10 ª edição. Editora Pensamento. São Paulo – SP. 1997. pp. 204.

NUNES, Clóvis S. Transcomunicação – Comunicações Tecnológicas com o Mundo dos “Mortos”. 4ª edição. Sobradinho: EDICEL, 1998. pp. 276.

RINALDI, Sônia. Contatos Interdimensionais. São Paulo: Pensamento, 1999. pp. 237.

RINALDI, Sônia. Transcomunicação Instrumental – Espiritismo e Ciência.   São Paulo: DPL, 2000. pp. 134.

RINALDI, Sônia. Espírito: O Desafio da Comprovação. São Paulo: Elevação, 2000. pp. 178

RINALDI, Sônia. Gravando Vozes do Além – Transcomunicação Instrumental na Prática. São Paulo: IMAG&AÇÃO OFICINA DE IDÉIAS, 2005. pp. 170.

SALVO, Salvatore de. Sinfonia da Energética. São Paulo: SCHIMIDIT, 1992. pp 405.

SCHÄFER, Hildegard. Ponte Entre o Aqui e o Além – Teoria e Prática da Transcomunicação. São Paulo: Pensamento, 1992. pp. 282.

WEIL, Piere, KRIPPNER, Stanley et al. Transcomunicação – O Fenômeno Magenta. Editora Pensamento. São Paulo – SP. 2002. pp. 208.

ZANGARI, Wellington & MACHADO, Fátima Regina. Recomendações Metodológicas aos Transcomunicadores. http://www.portalpsi.com.br. [19/05/2007].

http://www.ceticismoaberto.com/news/?p=170 [13/04/2008]

BRASIL. http://www.strbrasil.com/ca/ilusaomcgurck.htm[19/09/2003]

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Ronaldo Dantas Lins Filgueira é parapsicólogo, hipnólogo, médico, bacharel em matemática e bacharel em Direito.

FILIAÇÕES INSTITUCIONAIS: 

. Diretor Conselheiro do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas – IPPP

. Membro Pleno da Parapsychological Association (EUA).

. Membro Fundador da Associação Pernambucana de Transcomunicadores – APT

. Membro do Grupo Ivo Cyro Caruso de Estudos e Pesquisas em Transcomunicação Instrumental

. Diretor de Pesquisas da Sociedade Internacional de Transcendentologia

. Membro da Associação Ibero-Americana de Parapsicologia – AIPA

. Membro da Associação Brasileira de Parapsicologia

. Membro da Associação Pernambucana dos Parapsicólogos – ASPEP

. Membro da Academia Pernambucana de Ciências

. Membro da Sociedade Pernambucana de Hipnose Médica 

PUBLICAÇÕES

Curas Por Meios Paranormais: Realidade ou Fantasia? – IPPP. 1995.

Teoria Parapsicológica Geral (e outros ensaios). IPPP. 2000.

Escola de Parapsicologia de Pernambuco (em co-autoria com Valter da Rosa Borges e Ivo Cyro Caruso) – IPPP. 2004.

Trabalhos no Anuário Brasileiro de Parapsicologia desde 1996.

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