Em debates nos meios ufológicos ou em publicações nos diversos veículos de divulgação sobre a temática dos UFOs, extraterrestres e correlatos, é comum assistir a um festival de falácias sendo proferidas — sem qualquer cerimônia —, com o único objetivo da autoafirmação das crenças de quem as profere.

Elas são vistas aos montes, transitando de cá para lá, nos debates acalorados que constantemente surgem sobre determinado tema polêmico da ufologia. A própria ufologia é um campo de completa polêmica, palco de inúmeros embates, de discussões estéreis e provocações infinitas.

Frequentemente a conclusão que se chega nessas disputas é de que nenhuma das partes envolvidas consegue atingir um consenso comum, e cada qual prossegue com seus valores e conceitos em mente. Bem, é isto o que acontece em boa parte das vezes nesses debates, e entendemos como algo natural para um campo insólito como é a ufologia.

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A falácia da autoridade

Em específico, iremos descrever a falácia da autoridade — muita articulada nesses debates e que é constantemente usada. De frequente uso, já virou lenda viva e permanece eternizada. Ela é um “prato cheio” para deleite das organizações céticas, quando decidem investir suas energias no intuito de minar e derrubar os pilares já bambos da ufologia.

Nos exemplos ilustrativos que daremos, iremos utilizar o argumento usado por muitos ufólogos quando tentam argumentar que existem naves extraterrestres sobrevoando o planeta Terra.

Essa falácia, chamada de Argumentum Ad Verecundiam, apela para uso de autoridades na área ou para aquelas autoridades que são, pelo menos, consideradas por ampla maioria. Ela é muito usada nos debates, em adição a descrição de títulos que a autoridade possui ou a hierarquia e patentes que ocupam em determinado órgão.

Por exemplo, títulos de doutorado e patentes de militares são muito usados. Muitos ufólogos a usam para tentar dar credibilidade máxima a uma ocorrência ufológica, e são especialmente utilizadas em algumas ocasiões quando já estão “perdendo terreno” nos debates. Um exemplo seria: “Os militares concluíram que o caso Barra da Tijuca é real, portanto quem somos nós para duvidar deles? Eles são militares”.

Boa parcela dos ufólogos deposita uma áurea de superioridade em torno dos militares, elevando-os a categoria de superiores em conhecimento ufológico quando comparados aos pesquisadores civis.

Geralmente, quando citam um caso investigado por militares, tentam atribuir que os eventos ocorridos são automaticamente reais e as conclusões emitidas pelos militares são irrevogáveis e acima de qualquer suspeita. Outro exemplo histórico de uso de autoridade — usado para firmar uma posição — é o caso da Ilha da Trindade, ocorrido em 1958.

A falsa titulação das testemunhas

É também comum os ufólogos atribuírem títulos de “doutor” em indivíduos que não possuem qualquer doutorado. Esta estratégia é muito usada para aumentar o peso de credibilidade da testemunha de um caso ufológico, ou mesmo para tentar valorizar o depoimento dela. O único objetivo aqui é de endossar um caso.

Essa testemunha pode até ser uma especialista em sua área, mas o uso da titulação de doutor pretende “empurrar” e convencer aos outros de que seu relato ou caso ufológico é fidedigno e acima de quaisquer suspeitas.

Neste caso, por exemplo, muitos físicos ou químicos que possuem apenas o título de bacharéis acabam ganhando o título de “doutor”, no intuito de aparentar que são sujeitos sérios, responsáveis, honestas personalidades e acima de quaisquer suspeitas.

Os defensores querem verdadeiramente passar a imagem de que os casos que envolveram “doutores” como testemunhas de discos voadores são superiores e melhores do que muitos outros casos. É verdade que se deve dar maior credibilidade a testemunhas com melhor qualificação porque são pessoas melhor preparadas, ao invés de, por exemplo, ouvir um relato de uma pessoa que só cursou até o primário.

Entretanto, na ufologia isto não é bem determinante e nem ponto definitivo para classificar determinada ocorrência como real — baseando-se somente por seu título acadêmico. Esta constatação parece óbvia, mas não é o que parece quando ocorrem as discussões para convencer aos “que ainda dormem sob o véu da falsa ciência” da presença extraterrestre na Terra.

O ufólogo como a própria autoridade

Outro argumento no apelo à autoridade é quando a figura-chave da autoridade é a do próprio ufólogo que tenha pesquisado determinado caso. Um exemplo seria:

O pesquisador X foi o principal pesquisador do caso Y, episódio em que UFOs sobrevoaram a praia e deram rasantes; ele também foi o descobridor deste caso e chegou à conclusão que os objetos avistados eram naves pilotadas por extraterrestres. Sendo assim, este caso está finalizado como um autêntico caso de extraterrestres”.

É claro que o pesquisador X, como sendo o principal investigador do caso, e no qual dedicou mais horas no trabalho na análise dos dados, deverá ter sua opinião ouvida com sinceridade e respeito.

Entretanto, não é por ter sido o principal pesquisador — ou até o descobridor da ocorrência — que sua conclusão final da natureza dos eventos esteja inequivocamente correta ou que deva ser seguida à risca e esteja acima de qualquer outro pesquisador que tenha também investigado e se dedicado ao caso.

Muitas vezes, esse investigador principal possui fortes crenças na presença extraterrestre no planeta Terra e sua avaliação nunca seria isenta de uma razoável imparcialidade e compromisso com os fatos reais.

As convicções pessoais sobre discos voadores

Também muito frequente dos debates é quando um ufólogo de muitos anos de pesquisa aparece dizendo que viu muitos discos voadores durante sua vida e declara que eles são, de fato, a prova inequívoca de que existem seres extraterrestres nos visitando e interagindo conosco.

Quando lhe é perguntado como eles chegaram a essa convicção tão certeira, costumam dizer que “eu sei que são discos voadores de outros planetas e dimensões, pois eu vi muitos deles durante toda minha vida”.

Ok, e como ele sabe que o primeiro e seus subsequentes avistamentos eram a visão de um disco voador de outro planeta? A resposta pode ser algo do tipo como: “Ora, não me venha com essa, eu já percorri milhares de quilômetros atrás dos discos voadores, fiz centenas de vigílias, suei a camisa, isso me qualifica como uma autoridade na área, e sei que do que estou falando”. É bem por aí que muitos querem convencer aos outros de sua convicção pessoal.

Se for para deixar aqui um conselho ao bom crítico, seria a de sempre colocar em xeque o que os ufólogos dizem. Questione-os e não aceite de imediato o que eles afirmam. Analise atentamente suas argumentações, principalmente aquelas que estão calcadas em falácias e que não acrescentam em nada ao verdadeiro estudo sério da ufologia.

O Argumentum Ad Populum

Existem inúmeras falácias lançadas aos quatro ventos dentro do ambiente ufológico de debates e de confronto de argumentações. Outra falácia que é arremessada — geralmente em companhia da falácia da autoridade —, e muitíssimo usada no meio, é aquela que apela para um grande número de pessoas como sustentação de seus pontos de vista.

Um exemplo vivo disso é a corriqueira citação: “A maioria dos ufólogos acreditam que UFOs sejam naves extraterrestres oriundas de planetas com civilizações tecnologicamente mais avançadas do que a Terra, portanto eles estão, de fato, com a razão”. Essa falácia é conhecida como Argumentum Ad Populum.

O interlocutor tenta convencer seu oponente, e seus leitores, de que se tamanha quantidade de pesquisadores coaduna com um mesmo pensamento, com uma mesma conclusão — que no caso exemplificado acima é a origem extraterrestre dos UFOs —, então certamente todas estas pessoas não poderiam estar erradas. “Todas elas não poderiam estar desperdiçando seu tempo acreditando em algo dessa ordem, se não fosse verídico”, concluem.

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Sem argumentos de autoridade como prova

É também muito comum utilizar um vocabulário rebuscado para tentar corroborar e convencer aos outros de que a presença alienígena é algo que não mais se pode ocultar. Na tentativa de convencer a população, os ufólogos apelam para adjetivos marcantes: “Essa é a prova irrefutável, inegável, última, inquestionável, absoluta e cabal da presença extraterrestre na Terra”, dizem.

São apenas palavras. No momento atual na ufologia não existe qualquer prova que se encaixe nem em pelo menos um desses tantos adjetivos. Se os ufólogos as tivessem, ela de fato seria tão altamente convincente que não se poderia revogá-las. Mas tal prova não existe ainda!

Certamente, se algum dia toda a verdade sobre o fenômeno UFO vier à tona, ela não precisará e não estará calcada em argumentos de autoridade. Não é desse modo que a coisa funciona. A verdade será cristalina e sustentada por si mesma, sem argumentos de autoridade como prova.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

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