Revista francesa Le Monde Inconnu (O mundo desconhecido), fevereiro de 1993.
Traduzido e publicado na Folha Espírita em agosto de 1993.

 

Hildegard Schäfer: Parece que, desde 1915, a revista inglesa Light evoca vozes transmitidas por ondas eletromagnéticas. Em 1956, Raymond Bayless e Attila von Szalay anunciaram suas experiências com fitas magnéticas, mas não se viu os resultados. A médium Alice A. Bailey escreve em sua obra Curas esotéricas: “A primeira prova audível, trazida, ao nosso nível físico, por uma vida após a morte, será com a ajuda do rádio…”.

A entrevistada Hildegard Schäfer (Foto: Divulgação).

Roseline Ruther: Certo… Mas os céticos afirmam que, sobre as fitas, nós projetamos nossos pensamentos…

Schäfer: Para convencer os céticos, só a técnica bem aprumada. [Thomas Alva] Edison já teria pesquisado nesse campo das vozes. [Friedrich] Jurgenson foi o primeiro a ouvi-las e a mostrá-las aos outros para que as ouvissem. Ficou provado que as vozes não são nem as nossas mentes que impregnaram as fitas, nem aquelas das emissões de rádio. Um tal concurso de circunstância, quando o morto chama o experimentador por seu nome, é impossível.

Primeiros passos, primeiras vozes

Ruther: Como foram organizados seus contatos com os pesquisadores?

Schäfer: Eu aceitei o convite de Konstantin Raudive, firmemente decidida a não me deixar convencer senão por provas formais, mas com a secreta esperança de ter notícias de minha filha. Ele me preveniu, logo em seguida, que a pesquisa exigia uma soma incrível de paciência, de tempo de concentração e de força psíquica.

Uma anedota: quando deste primeiro encontro eu estava tão cética que considerei mesmo com desconfiança seus preparativos para me oferecer um excelente chá letão (Raudive era da Letônia), persuadida que eu estava que ele poderia misturar ingredientes para me privar do bom senso no meu julgamento. Em seguida, uma vez minhas próprias fitas registradas, eu lhe apresentei mentalmente minhas desculpas.

Ruther: Qual é a condição sine qua non para bem escutar as vozes?

Schäfer: Um ouvido que se exercita longamente e a fundo. Raudive me levou, enfim, para o seu laboratório, onde se casavam as musas e as tecnologias. Paredes gotejantes de volumes, mas, sobre as mesas, bancos e cadeiras aparelhos, nada mais que aparelhos. Eu estava aturdida: desde sempre, entre a tecnologia e eu, o relacionamento era antes de tudo glacial.

Ruther: É exato que certas mensagens registradas comportam, em uma só frase, palavras de quatro ou cinco línguas diferentes?

Schäfer: É exato, o que prova ao menos que não se trata de emissões de rádio, onde tal amalgama seria impensável.

Ruther: Uma “mensagem” teria dito um dia: “A técnica é importante, mas não se esqueçam que o estado de espírito de vocês também é importante”.

Schäfer: É totalmente verdadeiro.

Ruther: Lado técnico: o que é um registro de vozes paranormais? De quais elementos a gente tem necessidade para realizá-lo?

Schäfer: Para um registro, utiliza-se um gravador. Nos primeiros anos de pesquisa utilizou-se sobretudo os magnetofones. Mais tarde os gravadores tomaram a frente, tendo em vista que os outros não são mais fabricados. Não somente os gravadores têm um preço mais acessível, mas também suas propriedades técnicas são tão perfeitas que se obtêm bons resultados. Na compra de um gravador é preciso observar se ele é equipado com as seguintes características:

1) tecla de avançar e de ir para trás;
2) tecla de repetição;
3) pausa;
4) regulador de velocidade;
5) de volume;
6) controle automático e manual.

Um bom gravador funciona bem na tomada ou a pilhas. Para a reescuta das fitas, tecla de repetição e de variação de velocidade são indispensáveis. A tecla de repetição permite ouvir novamente um ponto preciso da gravação sem utilizar a tecla de pausa. Como é às vezes necessário escutar mais lentamente vozes paranormais rápidas, o regulador de velocidade é indispensável. Naturalmente, pode-se utilizá-lo para o efeito contrário.

Ruther: E como se desenrola uma gravação?

Schäfer: Comecemos pelo método mais simples, aquele do microfone. Após introduzir no gravador uma fita virgem, nós nos dirigimos aos desaparecidos com a ajuda de um microfone, externo ou incorporado. Entre as questões deixa-se vazios, afim de permitir que as vozes se manifestem. A gravação não deve durar mais de dez minutos, por que a reescuta necessita cinco vezes mais de tempo. No fim da gravação, faz voltar a fita e começa-se a escuta.

O principiante terá sempre muita dificuldade em identificar as vozes na fita. Pouco a pouco, sua orelha torna-se exercitada. Jurgenson, Raudive e outros pioneiros utilizaram, por longo tempo, o método do microfone, simples e pouco oneroso, antes de passar para métodos mais sofisticados.

A vantagem desse método é que as vozes são mais fáceis de detectar do que aquelas de gravação de rádio porque faltam os “ruídos brancos”. Infelizmente, as vozes parecem muitas vezes ruídos. Um amplificador de microfone seria aconselhável.

Ruther: As vozes oferecem diferentes particularidades?

Schäfer: Esse detalhe é muito importante. Não tendo sempre à sua disposição o material acústico adequado, eles formam frases muito breves, invertidas, deformadas, de uma construção duvidosa. É a característica geral das mensagens, talvez para nos provar que eles vêm do Além. Às vezes, uma nova mensagem se encontra do outro lado da antiga, quando da gravação. Deve-se crer que se tem interesse de gravar do outro lado do lugar exato da mensagem anterior.

Não se deve jamais procurar gravar quando se está estressado, contrariado ou tomado por pensamentos negativos. As gravações devem ser regulares, senão eles ficam agastados. Os momentos mais propícios são aqueles após o pôr do sol e nas noites de plenilúnio, porque os campos eletromagnéticos perturbadores deslocam-se para outros lugares.

Não pergunte aos desaparecidos questões banais. Eles não são um escritório de informações. Questões inteligentes chamam respostas inteligentes. Não creia que os aparelhos mais caros dão os melhores resultados. Eis uma mensagem recebida: “A técnica não toma o lugar da potência do pensamento”.

Ruther: Essas experiências podem se revelar perigosas?

Schäfer: Sim. Se as pessoas são depressivas ou se elas podem se tornar dependentes das mensagens que recebem. Mesmo do outro lado há fanáticos e farsantes. Para pesquisar é preciso um espírito firme, são e equilibrado. As vozes têm um ritmo particular, pronunciam as palavras de outro modo que o nosso. As sílabas finais são pronunciadas mais alto que as outras, um pouco cantadas.

Quanto à rapidez das declarações, ela é terrível. Nenhuma estação de rádio ousaria falar assim aos seus ouvintes. Em todo caso, os do Além sabem mais do que nós, e, algumas vezes, esclarecem nosso futuro. Em seu universo, passado, presente e futuro não são senão um só. É o anti-tempo. As vozes estão às vezes tão próximas que se acredita tê-las ao seu lado, outras vezes muito distantes e semelhantes a um eco.

Ruther: Para nós as pesquisas são positivas?

Schäfer: As vozes paranormais provam a imortalidade, provam a imortalidade da alma e a realidade do Além. Certas pessoas, quando seu morto os chama pelo nome, ficam tão mudos que eles adotam uma outra atitude em relação à morte. Não se trata mais de fé, mas de certeza.

A dimensão da ausência

Ruther: De fato, nenhum de nós experimentou atingir as vozes. Eles vieram na direção de Friedrich Jurgenson, vindas de outro universo vibratório. É necessário estar sempre presente?

Schäfer: Não. Experimentadores em Dusseldorf tomavam chá em outra sala, evocando assuntos diversos. Durante esse tempo, num escritório vazio, a fita girava. Descobriu-se que ela estava cheia de vozes. Parece que as pessoas do Além possuem uma onda própria e uma estação de matéria fina que lhes permite investigar sobre nossas emissões de rádio. Eles dispõem de estações emissoras.

Ruther: A maior parte diz: “Nós estamos vivos”, “Nós estamos felizes”.

Schäfer: Tais mensagens livram um grande número de pessoas do medo da morte. É esse o objetivo delas: consolar aquele que chora, provar que existe o outro lado.

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