(Foto: Divulgação)

Por website Terra Espiritual, 2004.

 

O professor, projetista técnico, parapsicólogo, pesquisador, escritor, conferencista e espírita Clóvis Nunes é um dos pioneiros no Brasil no estudo da Transcomunicação Instrumental (TCI), comunicação com os espíritos através de aparelhos. Ele é baiano de Feira de Santana e também é o fundador do Movpaz, que é uma ONG que procura criar a consciência da paz.

Clóvis Nunes esteve em Fortaleza nos dias 14 e 15 de fevereiro de 2004 para proferir o seminário Sexo, Religião e Espiritualidade, na sede da Praia do Futuro do grupo Espírita Paulo e Estevão (GEPE), onde a equipe da Terra Espiritual teve a oportunidade de conversar rapidamente com ele. Abaixo segue a íntegra da conversa.

TE – Como surgiu o seu interesse pela parapsicologia?

CN – Na verdade o Espiritismo me levou à parapsicologia. Eu sempre me interessei pelo lado científico da Doutrina Espírita que é um dos aspectos que compõem o tripé, junto com a religião e a filosofia. E comecei no Espiritismo bem focalizado no pensamento Kardequiano através da codificação, depois eu li os clássicos espíritas onde estão presentes muitas pesquisas do final do século passado e comecei a me interessar também pelas pesquisas da metapsíquica.

Da metapsíquica desaguei na literatura da parapsicologia e me interessei muito, porque aqui no Brasil havia alguns parapsicólogos que utilizavam a parapsicologia para subtrair a legitimidade do Espiritismo e fui compreendendo que isto era um mal entendido, porque a parapsicologia estuda o espírito a partir do homem e o Espiritismo estuda o homem a partir do espírito. O Espiritismo vem de dentro para fora e a parapsicologia faz uma viagem de fora para dentro do homem.

Se a parapsicologia demonstrou através de muitas pesquisas que as percepções extra-sensoriais, conforme diz a palavra, estão fora do corpo, pois a palavra extra quer dizer fora e sensorial quer dizer corpo. Então se as percepções extra-sensoriais estão fora do corpo e atuam numa outra dimensão que não é a nossa dimensão física, que dimensão é essa?

Se as percepções extra-sensoriais não dependem das ondas eletromagnéticas, nem dos fenômenos físicos para acontecer, em que dimensão estão essas ondas? Aí a parapsicologia demonstrava por antecipação o que o Espiritismo sempre demonstrou. O Espiritismo prega a indestrutibilidade do ser humano após a morte física que é a existência do espírito e prega a comunicabilidade do espírito depois da morte com os que aqui ficaram.

Para que alguma coisa nossa sobreviva após a morte é importante demonstrar que enquanto no corpo nós temos algo que é imortal e as percepções extra-sensoriais estudadas pela parapsicologia são a determinação dessa evidência.

Temos uma outra dimensão dentro de nós, uma outra natureza que não é biológica, que é a nossa natureza essencial e se isso independe do corpo, é exatamente isso que sobrevive e volta a se comunicar com essa mesma natureza dos seres que estão vivos e possuem essa dimensão espiritual enquanto no corpo.

Então a parapsicologia na verdade está estudando os velhos fenômenos anímicos que o Espiritismo tratava e o Espiritismo que ficou muito fechado na nomenclatura de mediunidade, nos fenômenos de natureza mediúnica, não se aprimorou, não se aprofundou nos fenômenos anímicos, portanto nós consideramos hoje a parapsicologia como uma ciência complementar do Espiritismo.

TE – Como está atualmente a pesquisa sobre a Transcomunicação Instrumental (TCI) aqui no Brasil?

CN – Aqui no Brasil essa pesquisa está muito lenta, embora existam algumas pessoas atuando, fazendo contatos, buscando informações. Eu pessoalmente gravei há um ano atrás, uma transcomunicação que está classificada entre as melhores do mundo.

Foi uma mensagem de 72 palavras com muita nitidez, identificada como do espírito de Astrogildo, que morreu em Salvador e viveu na Bahia. Ele fez uma comunicação via rádio gravador com uma clareza extraordinária, foi uma grande surpresa, foi a melhor transcomunicação que eu recebi em 14 anos de pesquisa e está classifica entre as mais nítidas do mundo.

Mas a pesquisa no Brasil está muito lenta porque nós não somos um país que tem tradição em pesquisa. No mundo a transcomunicação viaja com uma boa velocidade e agora, em breve, haverá um congresso em Vigo, na Espanha, no próximo mês de abril e estaremos lá com os maiores transcomunicadores do mundo.

Estarão presentes na Espanha várias universidades e até agora eu sou o único sul-americano que garantiu presença lá e fui convidado pelos pesquisadores americanos e europeus e dominantemente os europeus que estarão lá levando os últimos resultados, dos últimos dois anos quando aconteceu o último congresso na Bélgica, onde eu também estava presente com mais seiscentos pesquisadores do mundo inteiro. Lá eu também era o único sul-americano, o único brasileiro, o único espírita e isso vai se repetir agora em Vigo. Eu estarei lá mostrando essa mensagem de Astrogildo que foi simplesmente maravilhosa.

TE – Como se dá esse processo de comunicação através de aparelhos?

CN – Existem várias técnicas. Por rádio e gravador são muitas técnicas. Existem técnicas diferentes para o uso da televisão, para computadores e secretárias eletrônicas. Na verdade, os aparelhos são sensibilizados. No nosso caso, na mensagem de Astrogildo, nós utilizamos quatro rádios, uma lâmpada infravermelha, uma lâmpada ultravioleta que servem para ionizar os gases atmosféricos.

Os rádios são colocados entre estações produzindo ruídos, no caso das FMs são os chamados ruídos brancos e nos caso das AMs são chamados de ruído rosa e esses ruídos se misturam com os 71% das partículas ionizadas da atmosfera que sofrem esta ionização pela presença das duas lâmpadas, infravermelha e ultravioleta, botamos uma fita virgem com um gravador em cima de um pedaço de espuma para corrigir e filtrar o som que se propaga pela mesa produzido pelo chiado dos rádios, evocamos o espírito e deixamos a fita rodar por alguns minutos e depois quando a rebobinamos e vamos escutá-la a voz do espíritos está gravada com uma grande surpresa.

É um fenômeno bastante paranormal, já foram estudadas todas as variáveis e sem sombra de dúvidas, hoje, a transcomunicação reúne elementos satisfatórios para demonstrar que é uma consciência sem corpo que atua no campo magnético dos aparelhos eletrônicos e deixa ali o registro da sua presença, da sua comunicação imortal.

TE – O senhor fez há algum tempo uma matéria para a Rede Globo sobre o museu do purgatório em Roma. O que é exatamente este museu, o que o senhor encontrou lá e como o senhor vê a posição da Igreja que embora negue o fenômeno da comunicação com espíritos mantém este museu?

CN – Esse museu, na verdade, ele é um museu reservado da Igreja Católica, fundado no século XIX, reúne 240 peças de aparições de espíritos de pessoas mortas… Essas aparições são todas de pessoas relacionadas com a Igreja e boa parte delas são aparições de espíritos de ex-padres e freiras. Esse museu foi revelado pela primeira vez aqui para o ocidente, principalmente aqui no Brasil, pelo pesquisador, meu amigo particular, Henrique Rodrigues que desencarnou faz alguns anos.

E Henrique Rodrigues me deu as fotos desse museu quando ele esteve lá. Em 96 fazendo conferências pela Itália e pesquisando a transcomunicação eu estive de passagem no museu e ali fiz um pacto comigo mesmo que um dia eu entraria ali e filmaria tudo. Com ajuda de um repórter cinegrafista Loris Capogrossi, italiano, fui antes filmei tudo e cedi as imagens para a Rede Globo. A Ilze Scamparini estava comigo e fez a reportagem de moldura entrevistando vaticanólogos e filmando a igreja por trás.

A Rede Globo não conseguiu entrar no museu, quem entrou fui eu, as imagens são minhas, o câmera ia comigo, a exclusividade das imagens é minha eu só cedi para o Fantástico, a Rede Globo não tem domínio sobre estas imagens, elas nos pertencem. É um patrimônio fantástico.

O Henrique Rodrigues fotografou e eu consegui filmar e revelar para todo o Brasil através da matéria de 18 minutos, reportagem de capa do Fantástico, que foi repetida para nove países. E foi uma grande repercussão dentro da Igreja Católica porque a reportagem foi editada um pouco antes do dia dos mortos e foi muito comentada. Ali os vaticanólogos deram as suas opiniões sobre a legitimidade do museu que, na verdade, foi fundado pela autorização do Papa Pio X.

É um museu que está na Igreja do Sagrado Coração do Sufrágio. É uma ordem da Igreja católica que se preocupa com a oração para almas que morreram. O sufrágio quer dizer piedade pelos mortos. Essa ordem foi fundada na França pelo padre Chevalier e essa igreja foi fundada pelo padre Vitor Ijuê, amigo de um braço direito da ordem que depois se tornou embaixador do vaticano. E ele fundou este museu na época em que Kardec ainda estava contemporâneo.

No final do século XIX aconteceu o primeiro fenômeno nesta igreja, que foi um poltergeist, quando eles celebravam a inauguração da construção do altar da igreja, o mármore misteriosamente pegou fogo, foi um fogo paranormal, um Poltergeist. Os devotos foram apagar e quando jogaram água o mármore havia derretido e formado um rosto atormentado de homem.

O padre Vitor Ijuê ficou convicto de que aquilo era um sinal de algum espírito que precisava de apoio e ajuda, porque a ordem foi fundada para orar pelas almas que passaram pela morte com dificuldades e sofrimentos. Levou então ao conhecimento do Papa Pio X, o fenômeno foi legitimado como autêntico e ele pediu ao papa que o liberasse para viajar por mais países para pesquisar se existiam fenômenos parecidos, voltou depois de seis anos, em viagens que empreendeu pela Espanha, pela Suécia, pela Alemanha e por várias igrejas da Europa com 240 peças e fundou o primeiro museu cristão de além-túmulo, em Roma.

Esse museu ficou escondido por mais de cem anos do domínio público, poucos padres sabiam disso, poucos bispos, porque na Europa a comunicação com espíritos é muito associada ao satanismo e boa parte dessas comunicações eram construídas com parapirogenia, que é fogo paranormal, e sempre se acredita que era satanás, que esse fogo era satânico, então se os fenômenos de parapirogenia estão sendo produzidos dentro da Igreja por ação demoníaca, era como se a casa do Senhor estivesse perdendo as suas forças. Esse tipo de argumentação confundia os fiéis, por isso, o museu foi ficando cada vez mais reservado.

Em 1920, com a morte do padre Vitor Ijuê, o seu substituto, que foi promovido a bispo, destruiu quase todas essas peças deixando apenas dezoito casos que estão legitimados pela Igreja porque casos que ocorreram dentro do seio da Igreja Católica, com personalidades de padres e freiras que não podiam ser deslegitimados e como o museu foi fundado com a bênção do Papa Pio X também não poderia ser fechado.

Esses dezoito casos é que constituem o acervo do museu de hoje, então eu fui na casa geral da Ordem do Sagrado Coração do Sufrágio e com ajuda do co-diretor e arquivista o padre Felipe Sefaux, peguei a história de todos os dezoito casos, filmei todos os dezoito casos, e construímos a reportagem para a Rede Globo.

É um material maravilhoso, nós estamos publicando um vídeo e um DVD, que nós estamos chamando de Arquivos do Insólito, onde estamos mostrando entre os mistérios de Roma, esse museu que reúne peças demonstram a absoluta comunicabilidade dos espíritos dentro do seio da Igreja Católica, demonstrando que os fenômenos de comunicação espiritual não estão restritos somente aos centros espíritas, que dentro das igrejas do mundo os espíritos também tentaram se fazer sentir, se comunicar e deixaram suas marcar através de exercícios possíveis de serem investigados e que estão hoje dentro do domínio deste museu.

É uma fascinante história, uma peça maravilhosa de informações e que agora nós conseguimos filmar. E quanto à Igreja… nunca se manifestou oficialmente sobre o assunto, porque fica desconfortável. A Igreja que fez a caça às bruxas, que proibiu a mediunidade na Idade Média, agora se manifesta, mas na reportagem o padre Tino Confetti numa atitude muito corajosa, ele que é o diretor do Diário Oficial do Vaticano, responsável por todas as publicações oficiais do Papa, responde a uma pergunta por nós sugerida a Ilze Scamparini: “E o Espiritismo, o que o senhor acha do Espiritismo?” E ele responde contundente: “O Espiritismo existe, está na Bíblia, está nas Escrituras, nós não podemos negar esses fenômenos.”

TE – O que é o MOVPAZ?

CN – O MOVPAZ é um movimento internacional pela paz e pela não violência, é uma ONG, sem fins lucrativos com sede nacional em Feira de Santana que se expande por dezoito cidades do Brasil e oito estados. A finalidade da ONG é implantar as 21 ações do projeto Paz pela Paz, que contempla ações na cultura da paz em três segmentos: Paz ambiental, paz social e paz interior.

É um movimento feito com voluntários, aonde dessas 21 ações nós temos a grande caminhada pela paz, além de livros, CDs, discos, a construção do museu da paz que estamos realizando na Paraíba, implantação de várias atividades como paz nas escolas. As caminhadas pela paz são um grande processo de sensibilização das massas, onde reunimos a sociedade civil para celebrar a paz no dia municipal da paz que implantamos na cidade através de decreto-lei.

O evento conta com apoio da esfera de governo estadual de vários estados, dos municípios e conta com a participação de dezoito artistas de renome na música popular brasileira, entre eles: Gilberto Gil, atual ministro da cultura, Geraldo Azevedo, Nando Cordel, Dominguinhos, Belchior, Joana, Edson Cordeiro, Santana e muitos outros artistas que estão conosco, sem cobrar nenhum cachê…

Flávio José, Wanderleia, enfim, todos eles que já estão conosco há muito tempo e os que estão se aproximando agora, além de intelectuais, gente da cultura, personalidades internacionais, Lamas budistas, religiosos, o arcebispo da nossa cidade, D. Itamar Viana, o médium espírita Divaldo Pereira Franco, pastores protestantes, como o professor Josué.

Somos conveniados com cinco universidades e estamos crescendo… Hoje somos reconhecidos pela UNESCO, como o maior movimento de paz na América Latina porque na nossa última caminhada pela paz em Feira de Santana, que já realizamos há doze anos, reunimos trezentas mil pessoas nas ruas de Feira de Santana.

TE – Pediríamos agora, que o senhor deixasse a sua mensagem aos nossos leitores.

CN – Desejo aos leitores virtuais da Terra Espiritual que possam encontrar nessas informações um caminho de iluminação e esperança. Os fenômenos paranormais nos levam à espiritualidade e a espiritualidade nos leva à paz.

Essa foi a trajetória que aconteceu conosco… foi pesquisando fenômenos paranormais que nós descobrimos a dimensão espiritual que está por trás desses fenômenos e ao ter contato com esta dimensão espiritual nasceu em nós o sentimento de construir a paz, de fazer alguma coisa pela implantação da paz no mundo. Que cada navegante possa também descobrir a capacidade de se transformar em um construtor de paz.

TE – Muito obrigado.

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Nota do editor do site ‘Além da Ciência’: os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e não expressam, necessária e irrestritamente, a opinião e suporte deste website. O material está sendo disponibilizado aqui para estudo e pesquisa, sendo que cada um deve fazer o seu próprio julgamento.

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