Protótipo do container que retornará amostras de Marte ao nosso planeta

Cientistas estão projetando uma caixa marciana que será enviada numa futura missão ao planeta Marte. Seu objetivo é nobre: trazer de volta ao nosso planeta Terra amostras do Planeta Vermelho. Até hoje, nenhuma missão enviada a este planeta retornou com alguma amostra.

A mais recente missão enviada a Marte, o rover Curiosity — que pousou em agosto de 2012 —, apenas tem analisado in situ o solo e as rochas marcianas com seus aparelhos especialistas.

Isolando a amostra do ambiente externo

Este protótipo de container espacial tem apenas 5 kg e 23 centímetros de diâmetro. Ele será enviado ao planeta Marte em anexo a algum futuro rover.

No local percorrido pelo rover, os cientistas escolherão o ponto mais interessante para coletarem uma amostra, colocando-a em seus compartimentos e lacrando-o. Posteriormente, o container espacial será enviado a órbita daquele planeta e ficará pronto para ser acoplado a outra nave espacial em órbita.

Protótipo do container que retornará amostras de Marte ao nosso planeta
Protótipo do container que retornará amostras de Marte ao nosso planeta (Reprodução/ESA)

Cientistas informam que o plano desenhado neste projeto prevê que, neste momento, o container marciano seja inserido em um novo compartimento hermético, com o objetivo impedi-lo de ter qualquer contato com o ambiente externo. A partir daí, ele começará a sua jornada de retorno a casa, possibilitando que a amostra permaneça íntegra até o seu destino final.

Container retorno à Terra com amostras de Marte
Container retorna à Terra com amostras de Marte (ESA)

O objetivo deste cuidado excessivo com a amostra é de que ela não seja contaminada com o ambiente externo em nenhuma etapa do processo. Esta cautela é especialmente importante por que, se existe vida em Marte na atualidade — tais como os micróbios —, a amostra coletada pelo rover poderá capturá-los.

Assim, a integridade da amostra não poderá ser duvidosa — abrindo campo para debates se o coletado sofreu contaminação ou não ao chegar ao nosso planeta.

O meteorito ALH84001. Houve vida em Marte?

Este longo debate sobre a possibilidade de contaminação ou não de uma amostra marciana já aconteceu no passado. Estamos falando do mais famoso e polêmico meteorito atribuído ao planeta Marte, o ALH84001, que caiu na Antártida há 13 mil anos. Nele foi encontrado o que aparenta ser um fóssil microscópico de uma bactéria marciana.

Meteorito ALH84001. Já houve vida em Marte? (Foto: NASA)

A controvérsia se iniciou quando alguns cientistas levantaram a hipótese de que esse suposto fóssil de uma antiga vida do Planeta Vermelho fosse, na verdade, originário daqui mesmo.

De acordo com essa hipótese, a bactéria estaria incrustada no meteorito por que ele teria sido contaminado quando permaneceu intocado na Antártida por centenas de anos. No entanto, outros cientistas têm avaliações bem menos animadoras. Para eles o suposto fóssil não seria nem mesmo uma estrutura biológica.

Animação da caixa de Marte

Veja abaixo o breve vídeo com a caixa marciana, onde é apresentada a dinâmica de abertura e fechamento para isolar a amostra do ambiente externo.

Referências

[1] BARBER, D.J.; SCOTT, E.R.D. Origin of supposedly biogenic magnetite in martian meteorite Allan Hills 84001. Proceedings of the National Academy of Sciences USA, v. 99, n. 10, p. 6556-6561, 14 May 2002.

[2] FRIEDMANN, E. I.; J. WIERZCHOS; C. ASCASO; M. WINKLHOFER. Chains of magnetite crystals in the meteorite ALH84001: Evidence of biological origin. Proceedings of the National Academy of Sciences USA, v. 98, n. 5, p. 2176-2181, 27 Feb. 2001.

[3] Martian box of delights. European Space Agency, 29 Oct. 2013. Disponível em: <http://www.esa.int/Our_Activities/Space_Engineering/Martian_box_of_delights>.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

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