O contato final na ufologia é entendido como uma definitiva e evidente aparição de extraterrestres com suas máquinas voadoras. Este seria um encontro próximo com seres do espaço, onde poderíamos tocá-los e questioná-los sobre os grandes mistérios do Universo. A ufologia entende por contato final uma presença próxima e verificável pelo ser humano, e não algo distante na atmosfera terrestre.

Se formos usar a nomenclatura ufológica, seria um contato de “último grau” ou um contato de “grau zero”. Entretanto, estes são apenas nomes que não seriam mais úteis se, de fato, houvesse um contato final com extraterrestres. Parece poético e, na verdade, é isso que alguns ufólogos sonham acontecer algum dia.

Contato inicial e contato final

Haverá, de fato, uma base racional na ufologia que permita aguardar um contato final com extraterrestres? Ou essa esperança estará calcada no desejo humano de resolver seus problemas e dirimir suas frustrações diárias? Esta esperança seria propriamente apenas mais um delírio pessoal dos ufólogos, de serem reconhecidos como grandes homens — pioneiros da “verdade espacial” —, apesar de serem constantemente criticados?

É verdade que a esperança que muitos ufólogos trazem desse aguardado dia do contato final é, no fundo, um reflexo de como estão atualmente seu estudo e pesquisa sobre UFOs: eles caminham como visionários, trilham um caminho desértico por toda uma vida e são desprestigiados pela maioria da população. Além disso, não dispõem de financiamento oficial de instituições acadêmicas que patrocine suas pesquisas.

aliens-ufo-greys-mothership
Haverá uma base racional na ufologia que permita aguardar um contato final com extraterrestres?

Uma prospecção em todo psiquismo de um ufólogo revelaria uma vontade, um impulso contido, de ser reconhecido como real o seu objeto de estudo e, por consequência, serem reconhecidos.

Por isso, explica-se satisfatoriamente nesse campo de pesquisa o agarrar-se emocionado a declarações de testemunhos de autoridades como depoimento infalíveis — de alto nível —, não somente por atestarem mais um depoimento qualificado, mas também por sentirem que estas declarações imprimem um reconhecimento do seu objeto de estudo.

Penso que o chavão de “contato final está próximo” está apenas se baseando no anseio e na vontade humanas para contatar seres não humanos. Desde que a ufologia nasceu fala-se que o “contato final está próximo”.

Para sermos estritamente técnicos, essa questão é própria da área da ufologia, e não da exobiologia ou da astronomia. Falar em “contato final” implica em já ter ocorrido o “contato inicial”. A astronomia procura o contato inicial ou simplesmente contato. Esta ciência desconsidera e despreza a ufologia.

A astronomia afirma que nunca houve contato com extraterrestres, então ela não espera um contato final, justamente por não ter existindo contato algum e, desta forma, não pode especular sobre a finalização do que nunca se iniciou. Esse dilema de contato final é próprio da ufologia, e estaria ligado diretamente com os discos voadores.

Não é somente a ufologia que procura o último, o definitivo — ao menos temporariamente. Diversos segmentos da sociedade almejam uma verdade final. Os cristãos esperam o retorno de Jesus Cristo, trazendo seu conhecimento e seus ensinamentos; os pacifistas aguardam uma paz mundial efetiva, duradoura, e almejam viver em um mundo onde todos poderiam unir-se pelo bem, sem guerras e violência.

Os físicos esperam uma teoria final que explique as leis do Universo e una as quatro forças fundamentais numa teoria unificada. A aventura humana sempre espera o final da história, às vezes não tendo em mente que qualquer final certamente será apenas o delimitar simbólico para iniciar-se um novo capítulo.

As ondas de avistamentos de UFOs podem aparentar que um contato final está próximo, mas as mesmas se dissipam e as esperanças de contato se esvaem.

Alguns ufólogos esperam um contato final porque acreditam que já houve contatos iniciais. Alguns astrônomos esperam um “contato inicial”, ou simplesmente “contato”, por analisarem as probabilidades de vida exterior à Terra. A questão crucial é saber qual a origem dessa esperança de contato na ufologia. Ela está calcada no anseio humano, ou seja, no querer acontecer, ou realmente há bases factuais para sustentá-la?

Os indícios apontados para que algum dia venha ocorrer um contato final pode apresentar erros de interpretação. Apesar do histórico da ufologia não ser uma base de dados preditiva, ela é uma amostra do padrão comportamental do fenômeno ao longo dos anos. Analisando uma amostra dessa base de dados, observamos que as ondas de avistamentos de UFOs podem aparentar que um contato final está próximo, mas as mesmas se dissipam e as esperanças de contato se esvaem.

Se o fenômeno UFO se comporta em ondas, como por exemplo, a onda de 1947 e a de 1956, estariam explicadas o decaimento de ocorrências, devido ao decaimento da onda. Em sua estrutura, uma onda tem vales e picos: depois de um vale ocorre um pico, ou seja, depois das baixas ocorrências, apareceria uma onda de avistamentos.

Alguns argumentos têm sido listados por proponentes de um contato final, por exemplo: afirma-se que os avistamentos de UFOs têm aumentado ao longo dos anos. Analisando-se esta proposição por meio das estatísticas, podemos alcançar uma interpretação sob outro ângulo.

Naturalmente, a cada novo episódio de um não identificado estará sendo incrementado mais um caso no contador da ufologia. Entretanto, este acréscimo não implica afirmar que a cada ano o “contato final” está mais próximo. Esta é uma afirmativa falsa.

Outra questão: se formos levar em consideração, como algumas correntes ufológicas sustentam, que aparições de UFOs são milenares, não vemos uma curva acentuada das aparições ao longo dos anos para que haja uma esperança de contato final — nos moldes que nós entendemos e queremos. Pelos fatos históricos não vemos algo próximo que destoe dessa cena.

A onda de decepções

Muitos estudiosos estão quase fadados à profunda depressão após longos anos do estudo dos fenômenos aeroespaciais anômalos, caso busque como foco na ufologia a solução dos seus problemas.

Quem procura “contato final” de extraterrestres tem mais probabilidade de se tornar um grande frustrado após longos anos de estudo e espera. E sempre haverá a “horda de frustrados” na ufologia. Ano entra e sai, sempre aparece alguém decepcionado e abandonando a área.

UFO-montanha-homem
A maioria das pessoas que abandona a ufologia confessa que não teriam achado as respostas para suas perguntas

A maioria dessas pessoas que abandonam a pesquisa confessa que não teriam achado na ufologia as respostas para suas perguntas e para os seus questionamentos internos e reflexões. Outros lamentam que perderam o brilho pelo assunto, no que antes achavam “fantástico” e que agora acabou se transformando na mesmice de sempre e sem novidade. Na maioria das vezes é frustração pessoal.

Envolver-se emocionalmente ou racionalmente pode ser a escolha entre a decepção e o equilíbrio mental. Ouvir os dois lados e procurar o equilíbrio nessa “loucura” toda deve ser o ideal. Como aviso para não se tornar mais um frustrado que, no auge da idade, chega à conclusão negativa e de terrível mal-estar de que perdeu tempo em um assunto infrutífero, é bom ouvir o porquê de estudiosos antigos terem saído da ufologia.

Pode apostar, de todos aqueles ufólogos que pude ler sua “carta de despedida”, há traços com conteúdo de decepção, de não ter alcançado uma solução final para o problema, ou mesmo de não ter melhorado suas vidas com a ufologia — nem para pior, nem para melhor.

Se houvesse um contato algum dia, no qual ETs pudessem conversar conosco e contar as últimas novidades da galáxia, não haveria mais razão de se investigar a ufologia. A disciplina em si estaria extinta, já que o mistério estaria resolvido. Neste caso, para alguns ufólogos que vivem vendendo mistérios, a onda de decepções seria crítica.

As previsões de contato que nunca aconteceram

Profetas podem pegar um megafone e sair na rua gritando sobre previsões de contato com extraterrestres. Alguns poucos vão os levar a sério, e a maioria irão ignorá-los completamente. Faz anos que escutamos que “os UFOs estão chegando”, e chavões do gênero. O conceituado ufólogo Flávio Pereira, em sua obra O Livro Vermelho dos Discos Voadores, já dizia no ano de 1966, página 475:

“Estatisticamente, o padrão mundial das aparições conduz pari passu a uma situação descrita como crise, esperada para dentro de um, dois ou três anos. A palavra crise não deve ser interpretada como catástrofe, mas sim como intersecção de duas semânticas diferentes (a humana e a dos seres operadores)”.

O “contato final está próximo”. Mantra que nunca se concretiza.

Pessoalmente, não acredito em previsões de contato. Faz anos que ouvimos a mesma história dita por diferentes pessoas e culturas, e nada se materializou durante a passagem dos anos. Com muitas decepções semelhantes, a ufologia nos ensina a ficar mais questionadores. Pergunto-me: agora seria diferente?

Analisando a retórica dessas previsões, encontramos semelhanças no enredo delas quando comparado a de alguns contatados anteriores. O enredo da história é clássico e o veículo da mensagem, seja canalização ou similares, é bem conhecido como um meio sujeito à imprecisão. Quando os meios pelas quais as mensagens são recebidas são subjetivos, seus mensageiros podem cometer equívocos.

Por alguns anos estive presente em reuniões mediúnicas e observei a sinceridade das pessoas. Temos muitos ditos psíquicos pelo mundo, com muitas previsões, consideradas pessoas sérias, honestas, e que acreditam piamente no que falam.

Sabemos que os meios atuais de comunicação são imprecisos e o “receptor” da mensagem pode se enganar. Devem-se separar dois fatores nesta análise: o desejo do contato e o faro crítico. Quase todos os ufólogos querem um contato final com extraterrestres, entretanto isso não deveria ser parâmetro para avaliar essa previsão.

Haverá pânico da população? A duvidosa credibilidade da ufologia

Haveria pânico em massa sobre uma previsão de chegada de ETs? Os anúncios de “chegada de ETs”, “volta de Jesus”, “arrebatamento em massa”, seres “iluminados” — que anunciam catástrofes e outras coisas do gênero — não espanta o grande público a ponto de causar pânico. Parece promessa de político, nunca acontece. As rádios e televisões podem começar a difundir em massa essa previsão, e inócuo efeito irá surtir.

Um número mínimo de pessoas dá ouvidos a “previsões” — a ponto de entrarem em pânico e saírem correndo no meio da rua. Qual o impacto maior que as massas poderiam sofrer? Muitos ufólogos também estão espalhando aos quatro ventos o que sabem, e nenhum impacto de pânico tem ocorrido, obviamente.

Eles divulgam temas dos mais escabrosos possíveis — e que podem facilmente gerar pânico —, como, por exemplo, anunciando à população que seres extraterrestres raptam mulheres e roubam seus fetos.

UFO-menino
A ufologia goza de pífia credibilidade entre o grande público da sociedade

A ufologia goza de pífia credibilidade entre o grande público da sociedade. Por isso, as pessoas encaram essas profecias de chegada de ETs como pura asneira, e bajulam sobre o que tais previsões poderiam mudar em suas vidas. Se não acreditam que irá ocorrer, então logicamente não mudaria nada em suas vidas.

O balão de ensaio para esse tipo de profecia não é somente lançá-la ao público de ufólogos e simpatizantes do meio, mas sim jogá-la aos “leões” do grande público da sociedade.

Lá, ou ela encontrará ambientação e acolhimento ou será rechaçada e classificada como devaneios de pseudoprofetas. Lá fora a guerra contra a ufologia é mais severa e, portanto, os ufólogos têm que se acostumar ao contraditório. A ufologia cansou de profecias, de previsões e promessas que não se concretizam. Sua imagem vai sendo degastada a cada dia, devido a todos os resultados terem sido negativos.

Referências

[1] PEREIRA, Flávio. O Livro Vermelho dos discos voadores. São Paulo: Edições Florença Ltda., 1966. 

[2] WEINBERG, Steven. Sonhos de uma teoria final: a busca das leis fundamentais da natureza. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

1 COMENTÁRIO

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui