A ufologia não tem provas irrefutáveis e nem verdades inegáveis. Tudo ainda está em aberto. Não existe prova que parcela dos UFOs sejam naves pilotadas por seres de outro planeta (ou mesmo seja o próprio ser extraterrestre). Nenhum caso da ufologia foi perfeito, porque não existiu caso perfeito no sentido de se provar a sua origem.

A esmagadora maioria da casuística é de ocorrência aleatória e, sendo assim, condições de exigências mínimas não existem. Fotografias e filmes não provam que sejam extraterrestres. Quando muito, apenas deixam aberto na classificação do não identificado.

Provas “inequívocas” e “irrefutáveis”?

Se as provas ufológicas fossem “inequívocas”, ninguém mais estaria pedindo provas sobre a existência de discos voadores. No entanto, a ufologia é a primeira a buscar tais provas, o que nos demonstra ser uma clara contradição. É contraditória a ufologia ainda buscar “provas inegáveis” se ela já afirma que as têm. Pra quê buscar mais provas se já existiriam as inequívocas?

ufi-digital

O inequívoco é o algo evidente, é tudo aquilo que não admite mais dúvida. Se essa definição fosse verdade, nem mesmo a ciência estaria duvidando delas. A verdade é que essas tais “provas” que a ufologia apresenta ainda são equívocas, ou seja, ambíguas, duvidosas, suspeitas e confusas. No momento atual não há provas científicas de que naves de outro planeta estão sobrevoando nossos céus.

A questão das provas entra em um campo complexo, porque os pesos são diferentes entre alegações ordinárias e alegações extraordinárias. Uma foto de um avião no céu tem peso diferente de comprovação quando comparada com a foto de um objeto desconhecido no céu.

Uma simples foto não comprova a afirmação excepcional de que tal objeto desconhecido seja uma nave pilotada por uma inteligência extraterrestre. Algumas pessoas pensam que essa foto basta, e ela é a prova definitiva e última da existência de naves espaciais nos visitando.

Esse sentimento surge por não saberem que, para afirmações extraordinárias, o rigor das provas necessário é muito maior do que a ufologia coletou até hoje. São provas que não deixem alternativas para outras hipóteses e que, principalmente, demonstrem positivamente a afirmação.

Por algo ser inexplicável não significa imediata prova positiva de existência de extraterrestres na Terra. Na verdade, a prova inegável é um pleonasmo nosso, pois a prova já seria a comprovação da verdade.

Se existissem provas de valor irrefutável, não haveria nem mais discussão em torno delas, porque ninguém poderia mais refutar o irrefutável. O simples fato de alguém perguntar por que as tais “provas” apresentadas pela ufologia não já garantiriam a veracidade do fenômeno, já demonstra contraditoriamente que as tais “provas” não são irrefutáveis; não iríamos mais perguntar da aceitação do já provado e irredutível.

Se as provas ufológicas fossem “inequívocas”, ninguém mais estaria pedindo provas sobre a existência de discos voadores.

A ciência não as aceita como inequívocas não é pelo motivo de não querer reconhecê-las, mas sim porque as acham insuficientes para comprovar tal alegação. Nenhuma campanha pode forçar a admissão científica de algo que ainda está calcado em provas ambíguas e dados sem explicação.

As provas apresentadas têm que superar e derrubar as evidências contrárias já existentes pela ciência. Quem sabe, podemos até já ter as “provas” ufológicas nas mãos, mas no momento atual essa evidência é muito fraca para comprovar realmente a alegação. Elas não têm caráter de prova real.

Em muitas oportunidades a ufologia teve oportunidade de apresentar suas alegadas provas “inegáveis” perante a ciência e elas não demonstraram incontestavelmente que inteligências de outros planetas estão voando na nossa atmosfera. O painel científico que avaliou o fenômeno UFO, em 1998, sob o comando do físico Peter Sturrock chegou a esta conclusão: sem provas científicas no momento!

“Alegações extraordinárias requerem provas extraordinárias”

Se existisse a “prova irrefutável”, a ciência aceitaria os discos voadores imediatamente. É difícil encontrar uma “prova” apresentada pela ufologia que não se possam lançar explicações alternativas, ou mesmo contradizer, contestar e refutar. Se houvesse, não haveria razão de discutir sobre a existência de fenômenos aéreos anômalos, quando já estaria provado irrefutavelmente.

Por volta da década de 50, quando a ufologia ainda era uma criança, pensava-se que a prova máxima da existência dos discos voadores eram as fotos e os filmes que estavam sendo registradas naquela época. Passado tantos anos, estamos aqui sem que elas provem inegavelmente o fenômeno. Já faz décadas que fotos e filmes não provam a existência do fenômeno — na verdade nunca provaram.

Vamos imaginar que discos voadores sejam comprovados no futuro, consequentemente algumas dessas fotos e filmes atuais poderiam ser reconhecidas como provas do passado (ou não), mas no momento atual elas não conseguem provar cientificamente porque a necessidade e o status da prova exigida é muito maior do que tudo que foi apresentado até aqui. É o velho mantra: “Alegações extraordinárias requerem provas extraordinárias”.

nave-ataque

O equívoco dos círculos nas plantações

Alguns ufólogos dizem que os círculos ingleses são uma prova irrefutável da existência dos discos voadores e de que os extraterrestres são os seus criadores. De antemão, essas formações nas plantações nem podem ser consideradas estritamente ufologia.

Na verdade, a associação com naves extraterrestres nasceu de uma má interpretação: no início da aparição dos círculos nas plantações (círculos mesmo), os ufólogos pensavam que eles eram os velhos “ninhos de discos voadores”, onde naves espaciais pousavam e deixavam marcas físicas no solo.

As formas geométricas mudaram com o tempo, apesar da associação com discos voadores ter permanecido. Entretanto, ninguém hoje pensa que um fractal de Mandelbrot numa plantação seja a marca física de um pouso de disco voador. A realidade é que não há comprovação no momento atual de que os tais “círculos” nas plantações tenham sido “fabricados” por extraterrestres.

Trabalhando com o teste de hipóteses

Se a ufologia quiser operar com procedimentos científicos, terá que adotar o trabalho de hipóteses e o processo de validá-las ou descartá-las por meio de dados conclusivos e evidentes. Esforços pessoais, como viagens de pesquisas, não validam o fenômeno como sendo oriundo de origem extraterrestre — como ingenuamente defendem alguns ufólogos.

A ufologia necessita de estudos sérios e análises científicas. Depois de invalidar hipóteses convencionais, como um balão, um avião ou um planeta, este descarte do que é conhecido não implica, por consequência, a validação de outra hipótese que não foi testada, como a hipótese da origem extraterrestre.

Se a ufologia quiser operar com procedimentos científicos, terá que adotar o trabalho de hipóteses

Se a ufologia pretende trabalhar com ferramentas da ciência, essa metodologia não será aceita. Uma hipótese qualquer não ganha validação “de graça”, simplesmente porque as outras foram descartadas; ela também necessita ser testada.

Se uma testemunha disse ter visto um fenômeno luminoso no céu realizando manobras inusitadas, sua simples existência e comportamento não permitem nos informar sua procedência e natureza; diz apenas que é um fenômeno aéreo não identificado.

Se não podemos solucioná-lo como um fenômeno ordinário, nada impede ainda que seja classificado na categoria de algum fenômeno terrestre desconhecido. Afinal, não conhecemos integralmente nosso planeta. Consequentemente, a ciência não poderá descartá-lo ainda, porém também não validará uma hipótese que não foi testada, como a hipótese extraterrestre.

As interpretações paralelas

Na esmagadora maioria dos casos as centenas de vídeos ou fotos de UFOs dão margem a interpretações paralelas mundanas. Essa é a dificuldade da comprovação científica. Quando nada se consegue concluir sobre estes registros, eles são classificados como não identificados.

O erro de muitos ufólogos é concluir que esse algo que ainda não foi identificado seja carimbado definitivamente como de natureza extraterrestre. Esta metodologia simplesmente despreza o trabalho de hipóteses.

A ufologia atual costumeiramente repete o mantra de que “se algo é inexplicado, então é extraterrestre”. Essa ufologia procede do mesmo modo que os povos antigos, atribuindo a entidades sobrenaturais os fenômenos que não conseguiam entender (e que lhe eram estranhíssimos), apesar de hoje serem explicados pela ciência como fenômenos naturais, tais como raios e trovões. Quando os povos antigos não conseguiam explicar os fenômenos naturais, lhes atribuíam imediatamente ao “Além”.

É verdade que estamos sendo repetitivos à exaustão aqui. O objetivo é reforçar a ideia central de que uma análise que se preze terá que passar inevitavelmente pelo teste de hipóteses. No entanto, parece que alguns ufólogos inverteram a máxima: tudo que aparece voando é uma nave extraterrestre, até que se prove ao contrário.

nave-extraterrestre

Para alguns destes pesquisadores, a ufologia parece a defesa alucinada para mostrar que tudo aquilo que apresenta manobras aéreas não usuais é uma nave extraterrestre — sem ao menos aventar as hipóteses contrárias. Depois de testar todas as hipóteses conhecidas e não chegar a qualquer identificação prosaica de um fenômeno, aí sim ele terá a categorização de algo sem identificação até o momento.

Apesar de este procedimento ser o caminho correto a trilhar, alguns ufólogos aceitam uma hipótese concorrente como uma crítica, como se os casos já estivessem comprovados definitivamente sua origem extraterrestre.

E mais: alguns ufólogos demasiadamente crédulos interpretam o trabalho do teste de hipótese como um desmerecimento ao trabalho dos outros pesquisadores. Esses ufólogos reagem emocionalmente ao trabalho verificador de hipóteses ordinárias e interpretam sua rotina como uma crítica pessoal.

Essa mesma reação também é apresentada em algumas testemunhas, ao se revoltarem com os pesquisadores que analisam uma foto tirada por elas, ao concluir que a imagem pode ter outra explicação diferente do que a testemunha imagina; a foto pode ser apenas um pássaro ou um avião, e não uma nave extraterrestre — como elas acreditavam.

O pessoal da área científica já está estudando os UFOs há muito tempo. No entanto, se a ufologia quiser ser reconhecida como ciência terá que trabalhar com hipóteses; elas devem ser testadas e verificadas para que sejam descartadas.

Referências

[1] BORGES, Alexandre de Carvalho. Onde estão as provas ufológicas? Além da Ciência, 2003. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/onde-estao-as-provas-ufologicas>.

[2] BORGES, Alexandre de Carvalho. A dificuldade em provar cientificamente a existência de discos voadores. Além da Ciência, 2003. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/a-dificuldade-em-provar-cientificamente-a-existencia-de-discos-voadores>.

[3] BORGES, Alexandre de Carvalho. Debatendo teses infundadas na ufologia. Além da Ciência, 2003. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/debatendo-teses-infundadas-na-ufologia>.

[4] DESCARTES, René. Discurso do método. Tradução, prefácio e notas de João Cruz Costa. São Paulo: Edições de Ouro, 1970.

[5] NICKELL, Joe. Circular reasoning: the ‘mystery’ of crop circles and their ‘orbs’ of light. Skeptical Inquirer, v. 26, n. 5, p. 17-19, Sep./Oct., 2002.

[6] SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no escuro. Tradução de Rosaura Eichemberg. 3. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

[7] STURROCK, Peter (director), et al. Physical evidence related to UFO reports. Journal of Scientific Exploration, v. 12, n. 2, p. 179-229, 1998.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

11 COMENTÁRIOS

  1. Bom, existe mais prova sobre ovnis que de DEUS ou Jesus, pois vários, eu disse vários governos dos mais diversos países tem seus estudos e orgãos exclusivos para tratar do assunto, como no CHILE, aqui pertinho, na RÙSSIA, nos EUA, e as forças armadas BRASILEIRAS, é isso ai, existiu um caso alguns anos atrás, chamado CHUPA CHUPA, onde militares brasileiros fizeram a investigação e tem eu seu poder a evidência ovni. Mas, nenhum governo quer mostrar o que tem, sabemos que conhecimento é poder, porém, vai chegar o tempo que tudo vai aparecer e não vai ter como negar.

  2. Bem, provas existem… basta procurá-las.

    O fenômeno não se limita à videos caseiros e filminhos de luzes no céu, hácasos inexplicáveis, cuja explicação só é plausível com o envolvimento de alienígenas e tecnologias super avançadas desproporcionais para o avanço tecnológico da época..

    – Caso Travis Walton (envolvimento das autoridades)
    – Fenômeno Chupa-Chupa e consequente Operação Prato (autoridades envolvidas).
    – Caso Guarapiranga
    – Caso Barroso (onde é evidente o retardo mental causado pelo trauma, também é evidente a pele jovem no homem velho)
    – 9 Montanhistas russos (tecnologia humana ou avalanche?)
    Esse último é o que tem menos probabilidade de ser extraterrestre, mas quem sabe né?
    Bem, são os únicos que me lembro no momento, se não me engano existem mais só que eu nao vou me lembrar agora.
    Se você tiver uma explicação plausível para eles eu aceitarei numa boa 🙂

    • Esses casos que listou são majoritariamente frágeis. Talvez o único de sua lista que ainda resista seja o Chupa-Chupa. O caso Guarapiranga já foi desmontado há anos por Claudeir Covo; o caso Barroso associaram a alienígenas porque não encontraram outra explicação para tentar solucioná-lo pela psiquiatria e/ou medicina, que parece ser a via de solução. O caso Travis Walton foi tachado de fraudulento na investigação de Philip Klass.

  3. alexandre ,parabens pelo post ,apesar de encontrarmos muita resistência nesse meio .
    todavia,não adianta ser ou estar bem informado diante de uma sociedade profundamente doente .
    apesar desse assunto parecer tao surreal quanto a historia dos óvnis …gostaria de seus estudos sobre a vida por morte
    aguardo contato .

    • Olá Christian, obrigado. O assunto da vida após a morte realmente é bem polêmico. Eu tenho publicado artigos neste site e ainda tenho muito material já escrito a ser publicado (Atualmente passando por revisão). A dificuldade das pesquisas de ponta atuais é comprovar que existe, de fato, a sobrevivência de algo no ser humano que permanece após a morte. Modelos teóricos existem aos montes, porém comprovações inequívocas ainda não existem.

  4. não gostei, vc não sabe de nada , é mais um engravatado tentando explicar o inexplicável…o que seria uma prova irrefutável na sua opinião ? talvez se, ou, quando passar por uma real experiência com óvnis e seres desconhecidos entenda que isso é muito real…e para sua informação, sim, existem provas desta inegável realidade, quem discorda apenas não conhece as reais informações a respeito…passar bem senhor…

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui