O jornalista e ufólogo Jeferson Martinho realizou uma entrevista com o filho de um dos militares que participou da Operação Prato, o sargento João Flávio de Freitas Costa. Esta operação militar investigou a aparição de fenômenos aéreos anômalos que estavam aparecendo na região Norte do Brasil, na década de 70.

Na entrevista, o filho do militar, de nome Fernando Costa, alega que adulterou algumas fotos da Operação Prato, aumentando alguns pontos de luz para que se parecessem com “discos voadores”. Ele afirma que teve acesso à revelação dos negativos que estavam em posse de seu pai, e os manipulou.

“[…] eu passei a ‘sacanear’, ampliando qualquer ponto luminoso impresso no filme, que ficasse parecido com um ‘disco voador’. Depois, algumas dessas fotos vazaram (não sei de que forma) e eu ria muito quando eu tinha notícias de publicações delas em livros de ufologia. Eu dividia o motivo da risada apenas com alguns amigos mais chegados”, diz Costa na entrevista.

Depoimento não derruba a Operação Prato

Esse depoimento não irá alterar a situação atual do episódio militar conhecido como Operação Prato. Pra começar, ninguém tem todas as alegadas 500 fotos que foram obtidas pelos militares na missão — e nem os filmes que os militares dizem ter gravado.

Segundo, por meio do depoimento de Fernando Costa parecem-nos que ele adulterou apenas algumas fotografias, mas não todas. Porém, ele não informou quantas delas foram modificadas. Ou seja, Fernando Costa alega que estragou um pouco o trabalho dos militares.

Uma das fotos da Operação Prato
Uma das fotos da Operação Prato

A ufologia é uma caixa de surpresas. De qualquer forma, se seu depoimento for verídico, suspeita-se existir muita foto por aí que é pura falsificação, o que é lamentável.

Entretanto, repetimos, este depoimento não derruba a Operação Prato e todo seu contexto representativo. Este é um importante episódio da ufologia e, como tantos outros, estão permeados por pontos desvantajosos e negativos, apesar de seu conjunto ainda ter saldo positivo.

Fotografias da Operação Prato têm limitações técnicas

Para sermos realistas, do ponto de vista técnico, essas fotografias que são conhecidas hoje da Operação Prato não são uma prova convincente de uma evidência física de naves extraterrestres. Eu me refiro aqui à análise apenas do material fotográfico — a evidência física que foi obtida —, e não dos depoimentos dos militares e dos nativos da região.

Constata-se que todas essas fotografias da Operação Prato apresentam apenas fontes luminosas amorfas contra um fundo negro. Por exemplo, não há uma referência no cenário que nos permita calcular a distância do “objeto” ao fotógrafo. Do ponto de vista técnico, a foto em si nos oferece poucos recursos para conseguir desvendá-la.

Algumas das fotos da Operação Prato
Algumas das fotos da Operação Prato

E por que essas fotos mostram apenas o fundo negro do céu? A resposta pode ser obtida pela constatação de que a esmagadora maioria das aparições de UFOs durante essa onda ocorria a partir das 18:00 horas.

Estudo das aparições de UFOs em período noturno na Operação Prato

Em 2004 eu escrevi o artigo “Por que os UFOs preferem a noite?”, onde abordo que as estatísticas mundiais das aparições de UFOs apontam que o fenômeno ocorre predominantemente durante o período noturno. Para aplicar essa estatística na Operação Prato, eu analisei exatos 500 registros de UFOs que constavam no relatório oficial dessa missão militar. Na época eu escrevi:

O autor deste artigo resolveu computar, em dados estatísticos, uma grande onda brasileira de UFOs, ocorrida na Amazônia e Pará no ano de 1977. Essa onda regional ficou conhecida pelo nome dado às luzes, o fenômeno Chupa-Chupa, e foi estudado in-loco pela Força Aérea Brasileira (FAB), criando a chamada Operação Prato, sob comando do capitão Uyrangê Hollanda. A operação expediu um relatório final de mais de 200 páginas, registrando inúmeras das manifestações aéreas.

É deste relatório que retiro uma amostra de 500 observações de UFOs, relatadas pela própria equipe de Hollanda e também por populares. Os resultados vêm a confirmar a afirmativa de Jacques Vallee, apresentando uma distribuição horária similar e maior manifestação ufológica no período noturno.

A maior concentração de atividade ufológica desta onda brasileira ficou entre 18:00 e 24:00 horas (315 relatos, 63%), encontrando seu grande ápice de 19:00 para 20:00 horas (142 relatos, ou 28,4%, somente dentro desta hora). Ao correr da madrugada os relatos são menos intensos e só retornam a apresentar outro pico de 5:00 para 6:00 horas, sendo que a partir das 6:00 decaem bruscamente.

Estatística do horário x quantidade de observações de UFOs durante a Operação Prato (Crédito: Alexandre Borges)

Acesse a entrevista

Leia no site da Revista Vigília a entrevista completa com Fernando Costa, filho de um dos militares que participou da Operação Prato:

http://www.vigilia.com.br/sessao.php?categ=0&id=897

Referências

[1] BORGES, Alexandre de Carvalho. Por que os UFOs preferem a noite? Além da Ciência, mar. 2004. Disponível em: <https://www.alemdaciencia.com/por-que-os-ufos-preferem-a-noite/>.

[2] Filho de oficial faz revelações surpreendentes sobre a Operação Prato. Portal/Revista Vigília, 22 out. 2007. Disponível em: <http://www.vigilia.com.br/sessao.php?categ=0&id=897>.

Alexandre de Carvalho Borges
Físico em formação (bacharelando) pela Universidade de Franca, Analista de Tecnologia da Informação pela Universidade Católica do Salvador, pós-graduado em Ensino de Astronomia pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Ensino de Física pela Universidade Cruzeiro do Sul, pós-graduado em Perícia Forense de Áudio e Imagem pelo Centro Universitário Uninorte, pós-graduado em Inteligência Artificial em Serviços de Saúde pela Faculdade Unyleya, pós-graduado em Tradução e Interpretação de Textos em Língua Inglesa pela Universidade de Uberaba, e fotógrafo.

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